O Último Grito da Humanidade: O Mundo Acabou em 1996

07/06/2025 às 21:53

Resumo:


  • O artigo propõe uma leitura crítica, poética e filosófica da música "Quem Dá Mais", interpretada por Antônio Marcos em 1977.

  • Questiona-se a derrocada dos valores éticos, morais e humanos, culminando na tese metafórica de que o mundo teria acabado em 1996.

  • O texto discorre sobre a falência do amor, a falência espiritual, o colapso social e a morte simbólica do Brasil diante da modernidade líquida e da desigualdade.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

RESUMO

Este artigo propõe uma leitura crítica, poética e filosófica da música “Quem Dá Mais”, interpretada por Antônio Marcos em 1977. A partir de uma análise simbólica da obra, questiona-se a derrocada dos valores éticos, morais e humanos, culminando na tese metafórica de que o mundo, como expressão de humanidade e sensibilidade, teria acabado em 1996. O texto discorre sobre a falência do amor, a falência espiritual, o colapso social e a morte simbólica do Brasil diante da modernidade líquida, do narcisismo digital e da desigualdade que devasta vidas e corações.

Palavras-chave

Antônio Marcos; decadência moral; sociedade líquida; crítica poética; valores humanos; Brasil; modernidade.

INTRODUÇÃO

Em cada época, uma voz se ergue para anunciar o fim – não o fim físico das coisas, mas o fim de sua essência. Em 1977, Antônio Marcos, poeta-cantor das multidões, nos ofertou uma das obras mais simbólicas de sua trajetória: “Quem Dá Mais”, composição de José Roberto Monteiro Surian. Com a sensibilidade de um profeta, Marcos não cantava apenas um leilão existencial; ele pressentia o colapso silencioso da humanidade.

Na canção, o cantor sonha com o ano de 1996. Queria ver como seriam as coisas por lá. Queria, talvez, confirmar se ainda haveria espaço para o amor, para a fé, para o homem que ousa crer em Deus. A música já denunciava o nascimento de uma sociedade onde os valores humanos seriam postos à venda, negociados como quinquilharias em feiras de almas. Não à toa, o mundo acabou — e foi exatamente em 1996.

DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA E SOCIAL

O presente texto reveste-se de profunda relevância jurídica e social, ao passo que denuncia, com pungente gravidade, a derrocada dos valores morais, o fuzilamento do sistema jurídico, a falência dos atributos essenciais da condição humana e a destituição do arcabouço legislativo. Tudo começou no funesto ano de 1996, quando se deu o grande arrebatamento: os homens bons foram tragados pela força do invisível, levando consigo os últimos vestígios de honra, coragem e retidão. A partir dali, instaurou-se uma dinâmica social perversa que assassinou os princípios da lealdade e da fraternidade, deixando neste plano terreno apenas um amontoado de molambos humanos — espectros da dignidade, náufragos da moral, destroços de uma civilização que já não sabe mais amar nem julgar com justiça.

ANÁLISE CRÍTICA: A MORTE LENTA DA HUMANIDADE

A letra de Quem Dá Mais não é apenas canção; é testamento. A voz de Antônio Marcos, rouca e profética, ecoa pelos corredores da consciência coletiva. Ele se oferece em leilão:

“Quem dá mais por um homem que ainda crê no amor?” O silêncio responde.

Ele vê um tempo em que o computador será deus, a fé será piada, e a verdade, um artefato obsoleto. Ele anuncia, sem saber, a era da liquidez moral, da verdade fragmentada, da realidade simulada. Marcos quer viver 1996, mas morre em 1992 — como se a alma cansada pressentisse o colapso iminente.

O Brasil de hoje é o cadáver desse vaticínio. Um país devastado por abutres em paletós caros, um país onde a empatia é zombada e a maldade é algoritmo. Os bons foram arrebatados em 1996 — ou, ao menos, começaram a desaparecer de nossos olhos. O que restou foi um entulho humano, gente perdida entre selfies e mentiras, corações de pedra, estômagos vazios.

Em cada esquina, o ódio sussurra. A justiça cega tropeça em suas próprias leis. O amor é um mito infantil. A fé, um produto em7 O Brasil virou cemitério de si mesmo, onde políticos plantam cadáveres e colhem votos. Onde a criança chora de fome e o rico posta champanhe.

CONCLUSÃO: O BRASIL MORREU EM 1996

O mundo acabou em 1996 — não com bombas, mas com cliques. O Brasil morreu com ele. Restou-nos um teatro de zumbis sociais, fingindo vida, encenando bondade. Restou-nos uma sociedade ferida por suas próprias escolhas: racismo institucional, violência gratuita, injustiça sistemática, hipocrisia vestida de virtude.

O Brasil que sonhava, o Brasil de Antônio Marcos, morreu — e foi sepultado sem hino, sem luto, sem memória. Agora, somos apenas 200 milhões de sobreviventes dentro de um ataúde continental. Restará apenas cavar uma cova rasa e, com as últimas forças, jogar a pá de terra sobre o que um dia foi pátria, esperança e lar.

O mundo acabou em 1996, e o Brasil tombou com ele —não com o estrondo das bombas, mas com o silêncio das consciências caladas. As pessoas de alma boa foram levadas pelo vento sagrado, num arrebatamento que só os puros perceberam.

Ficamos nós — tristes centelhas, fósforos apagados no breu da era moderna.

Restou a terra à mercê dos abutres. Eles vieram em ternos alinhados, perfume importado cobrindo o hálito pútrido. Vieram como juízes, pastores, ministros e influenciadores. Vieram vender a alma em troca de cliques e aplausos de plástico.

E nós?

Nós andamos entre sarjetas e feed’s digitais, perdidos entre selfies e sentenças. Choramos na fila do hospital, dormimos com fome e acordamos com medo.

O pão se fez privilégio. A justiça se fez cega — e surda, e muda. Brasil, ó pátria de mil promessas abortadas, tu foste enterrada em vala comum, com tua bandeira manchada de sangue e indiferença. Nem sequer houve missa de sétimo dia.

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O amor virou artigo raro, a fé virou escárnio, a compaixão virou fraqueza.

E os bons? Os bons foram embora. Viraram estrelas distantes, acenos suaves num céu que já não olhamos.

Que herança deixaremos?

O eco de um país que vendeu sua alma ao vil metal, onde a beleza foi trocada por curtidas, a ternura, por sarcasmo, a vida, por lucro.

Mas ainda há um resto de esperança — não nos palácios, não nas câmaras, mas nos olhos de uma criança que, mesmo com fome, ainda sorri.

Há poesia em resistir. Há santidade em continuar amando neste deserto.

O mundo acabou em 1996. O que nos resta é cantar sua memória, sepultar a vergonha com versos, e talhar, na lápide do Brasil, a última oração de um povo que ainda sonha, mesmo entre escombros:

“Aqui jaz um país que ousou amar.

Matamos seu corpo.

Mas sua alma — essa ninguém pôde calar.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BRASIL. O presente texto passou por ajustes estruturais e terminológicos para fins de adequação técnica e argumentativa. Fonte: ChatGPT. Acesso em 07 de junho de 2025;

MARCOS, Antônio. Quem Dá Mais. Composição de José Roberto Monteiro Surian. 1977. Trilha sonora da novela “O Profeta”, TV Tupi.

KING, Martin Luther. Where Do We Go from Here: Chaos or Community? Boston: Beacon Press, 1967.

SARAMAGO, José. Ensaio sobre a Cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Sobre o autor
Jeferson Botelho Pereira

Jeferson Botelho Pereira. Ex-Secretário Adjunto de Justiça e Segurança Pública de MG, de 03/02/2021 a 23/11/2022. É Delegado Geral de Polícia Civil em Minas Gerais, aposentado. Ex-Superintendente de Investigações e Polícia Judiciária de Minas Gerais, no período de 19 de setembro de 2011 a 10 de fevereiro de 2015. Ex-Chefe do 2º Departamento de Polícia Civil de Minas Gerais, Ex-Delegado Regional de Governador Valadares, Ex-Delegado da Divisão de Tóxicos e Entorpecentes e Repressão a Homicídios em Teófilo Otoni/MG, Graduado em Direito pela Fundação Educacional Nordeste Mineiro - FENORD - Teófilo Otoni/MG, em 1991995. Professor de Direito Penal, Processo Penal, Teoria Geral do Processo, Instituições de Direito Público e Privado, Legislação Especial, Direito Penal Avançado, Professor da Academia de Polícia Civil de Minas Gerais, Professor do Curso de Pós-Graduação de Direito Penal e Processo Penal da Faculdade Estácio de Sá, Pós-Graduado em Direito Penal e Processo Penal pela FADIVALE em Governador Valadares/MG, Prof. do Curso de Pós-Graduação em Ciências Criminais e Segurança Pública, Faculdades Unificadas Doctum, Campus Teófilo Otoni, Professor do curso de Pós-Graduação da FADIVALE/MG, Professor da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC-Teófilo Otoni. Especialização em Combate à corrupção, crime organizado e Antiterrorismo pela Vniversidad DSalamanca, Espanha, 40ª curso de Especialização em Direito. Mestrando em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória/ES. Participação no 1º Estado Social, neoliberalismo e desenvolvimento social e econômico, Vniversidad DSalamanca, 19/01/2017, Espanha, 2017. Participação no 2º Taller Desenvolvimento social numa sociedade de Risco e as novas Ameaças aos Direitos Fundamentais, 24/01/2017, Vniversidad DSalamanca, Espanha, 2017. Participação no 3º Taller A solução de conflitos no âmbito do Direito Privado, 26/01/2017, Vniversidad DSalamanca, Espanha, 2017. Jornada Internacional Comjib-VSAL EL espaço jurídico ibero-americano: Oportunidades e Desafios Compartidos. Participação no Seminário A relação entre União Europeia e América Latina, em 23 de janeiro de 2017. Apresentação em Taller Avanco Social numa Sociedade de Risco e a proteção dos direitos fundamentais, celebrado em 24 de janeiro de 2017. Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad Del Museo Social Argentino, Buenos Aires – Argentina, autor do Livro Tráfico e Uso Ilícitos de Drogas: Atividade sindical complexa e ameaça transnacional, Editora JHMIZUNO, Participação no Livro: Lei nº 12.403/2011 na Prática - Alterações da Novel legislação e os Delegados de Polícia, Participação no Livro Comentários ao Projeto do Novo Código Penal PLS nº 236/2012, Editora Impetus, Participação no Livro Atividade Policial, 6ª Edição, Autor Rogério Greco, Coautor do Livro Manual de Processo Penal, 2015, 1ª Edição Editora D´Plácido, Autor do Livro Elementos do Direito Penal, 1ª edição, Editora D´Plácido, Belo Horizonte, 2016. Coautor do Livro RELEITURA DE CASOS CÉLEBRES. Julgamento complexo no Brasil. Editora Conhecimento - Belo Horizonte. Ano 2020. Autor do Livro VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 2022. Editora Mizuno, São Paulo. articulista em Revistas Jurídicas, Professor em Cursos preparatórios para Concurso Público, palestrante em Seminários e Congressos. É advogado criminalista em Minas Gerais. OAB/MG. Condecorações: Medalha da Inconfidência Mineira em Ouro Preto em 2013, Conferida pelo Governo do Estado, Medalha de Mérito Legislativo da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, 2013, Medalha Santos Drumont, Conferida pelo Governo do Estado de Minas Gerais, em 2013, Medalha Circuito das Águas, em 2014, Conferida Conselho da Medalha de São Lourenço/MG. Medalha Garimpeiro do ano de 2013, em Teófilo Otoni, Medalha Sesquicentenária em Teófilo Otoni. Medalha Imperador Dom Pedro II, do Corpo de Bombeiros, 29/08/2014, Medalha Gilberto Porto, Grau Ouro, pela Academia de Polícia Civil em Belo Horizonte - 2015, Medalha do Mérito Estudantil da UETO - União Estudantil de Teófilo Otoni, junho/2016, Título de Cidadão Honorário de Governador Valadares/MG, em 2012, Contagem/MG em 2013 e Belo Horizonte/MG, em 2013.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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