Comissão de Direitos Humanos da OEA nega medida cautelar em favor de Lula contra Donald Trump

30/09/2025 às 16:20
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A OEA indeferiu medida cautelar requerida em favor de Lula contra Donald Trump. A decisão gera dúvida: até que ponto a Comissão protege interesses norte-americanos?

O oportunismo e a subserviência aos Estados Unidos por parte da Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) configuram uma constatação inegável.

A referida instituição permaneceu por dois meses “estudando” a medida cautelar que requeri em favor de Luiz Inácio da Silva contra Donald Trump. A pretensão submetida ao conhecimento da Comissão era singela: que Donald Trump fosse advertido de que não detém a prerrogativa de perdoar Jair Bolsonaro, de coagir os juízes encarregados de julgá-lo no Brasil, de interferir no funcionamento da Suprema Corte como se o país não fosse soberano. O Brasil tem o direito de governar a si mesmo com base em suas leis, sem ser tratado como se fosse uma província da facção política comandada por Donald Trump.

Após o ajuizamento da medida cautelar, em 31/07/2025, Donald Trump e outras autoridades norte-americanas intensificaram os ataques contra o Brasil, contra o Supremo Tribunal Federal e seus Ministros. Esses fatos também foram levados ao conhecimento da Comissão, mediante a juntada de documentos oficiais e de notícias publicadas em veículos de imprensa norte-americanos e brasileiros.

Apesar das palavras amistosas proferidas pelo presidente dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas, a disposição dele em continuar interferindo nos assuntos internos brasileiros permanece evidente, conforme reiteradamente manifestado por representantes diplomáticos norte-americanos nos últimos dias. Em momento algum restou demonstrado que Donald Trump desistiu efetivamente de pressionar o STF e o Brasil. Ao contrário, as sanções tarifárias impostas contra produtos brasileiros e as punições aplicadas a Ministros do STF e a seus familiares não foram revogadas. Autoridades norte-americanas seguem proferindo declarações hostis em defesa de Jair Bolsonaro.

Pois bem, fui intimado hoje da decisão proferida pela Comissão de Direitos Humanos da OEA. O pedido foi indeferido sob o fundamento de que o requerimento não teria sido formulado em conformidade com a legislação internacional e de que não existiria risco sério de concretização dos fatos narrados na inicial. Na prática, a OEA conferiu a Donald Trump um verdadeiro atestado de inocência, que agora poderá ser utilizado não para normalizar as relações com o Brasil, mas para intensificar a pressão sobre o presidente brasileiro.

Se este é o funcionamento do sistema diplomático internacional, então não deveria sequer ser chamado de “internacional”, mas, sim, de um prolongamento da Casa Branca, destinado a tutelar unicamente os interesses norte-americanos.


Cópias do pedido, petições e da decisão podem ser consultados aqui:

https://www.linkedin.com/posts/fabio-de-oliveira-ribeiro-85347a232_medida-cautelar-oea-e-decis%C3%A3o-activity-7378839192438484992-_sEY

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Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

Advogado em Osasco (SP)

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