Direito da Moda no Brasil: um novo caminho na advocacia

23/04/2014 às 06:14
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Nos últimos anos, a moda vem sendo destaque pelo crescimento e pelos números, um faturamento que chega na casa dos bilhões, e o que isso tem a ver com o direito? Tudo.

Problemas relacionados ao direito autoral nunca saem de moda. Assim como o pretinho básico presente em todas as estações veio e ficou, o trabalho escravo nas confecções parece nunca ter fim e  sempre estão expostos nas vitrines por onde passamos, a polêmica não é nada básica, pois de exploração de trabalho infantil até tráfico de pessoas, todas em exposição para a sociedade que olha mas não enxerga. A nova coleção nem saiu e já estão presentes nas ruas e a as marcas que antes eram vendidas só no mercado de luxo,  entram na lista das mais consumidas no comércio popular. Estas e outras violações de direitos estão no centro dos debates de um novo ramo, fashion Law, ou mais conhecido no Brasil como direito da moda.

O tema ainda soa estranho até mesmo para os operadores do direito. Nos Estados Unidos e na Europa já são inúmeros os escritórios especializados no assunto, no Brasil, esta área chega ainda de forma tímida graças ao elevado número de demandas envolvendo o mundo fashion.  Antes estes problemas eram destaques só em grandes centros de moda como Paris ou Milão, contudo o mercado brasileiro já exporta moda, só em 2012 o faturamento ultrapassou a 130 bilhões de reais, o que representa uma fatia considerável na economia do país. Este número fica muito maior quando tratamos sobre franquias, que também é outra temática também dentro do direito da moda, elas estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia e embora tenha lei especifica ainda  precisa ser mais explorado no contexto legal.

Um caso bem conhecido de todos envolvendo fashion law, foi quando Christian Louboutin desceu do salto para defender o seu solado vermelho.A novela milionária envolvendo a disputa judicial tinha dois personagens de peso a Yves Saint-Laurent e Christian Louboutin, que desenvolveu uma linha de sapatos com o mesmo solado em vermelho tão característico de um Louboutin. Este é só um exemplo de inúmeros outros casos envolvendo nomes do mercado de luxo, muitas outras marcas famosas já estiveram nos tribunais, como Guess,Lacoste e Louis Vuitton.

Estas preocupações envolvendo o mundo da moda já estão em vários países, não só com aspectos legais de marcas, direito autoral, direito empresarial, tributário, trabalhistas e demais áreas. Também fazem parte desta preocupação as modelos, pois, os temas polêmicos entre elas e os demais profissionais por trás das passarelas geram grande controvérsias. Cada vez mais se luta pela humanização desta profissão, como profissionais que precisam ser tratados como seres humanos e não como manequins e cabides. Alguns países já criaram ONG´s para ajudar na luta contra a exploração sexual da imagem, contra pagamento com roupas e acessórios e principalmente contra problemas relacionados a peso. No Brasil ainda enfrentamos outro problema, o racismo maquiado por trás das desculpas de agências, problema este que já foi objeto de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e ganha destaque sempre em grandes eventos.

Nesse sentido, apesar das expressivas situações cotidianas que envolvem o direito da moda, só agora estamos despertando para este novo ramo que promete ser mais que uma tendência e se firmar por definitivo em todas as estações.  Mesmo em passos lentos estamos caminhando positivamente, ainda que não tenham surgido novas leis para a indústria da moda o mercado precisa de profissionais que compreendam determinados setores, abrindo assim não só novos caminhos na advocacia, mas também em pesquisas mais aprofundados a fim de atender as necessidades legais nas demandas, pois  todos os dias são ajuizadas ações  com assuntos pertinentes a área que poderão ganhar novos rumos.

Sobre a autora
Caroline Lira

Caroline B. de O Lira. Advogada. Bacharel em Direito (UNIVALI) e Tecnologia em Sistemas para Internet(IFMT), Pós Graduação em Direito Penal , Pós Graduação em Direito Internacional Humanitário, Pós Graduação em Rede e Computação Distribuída, Pós Graduação em Big Data, Pós Graduação em Inteligência e Contrainteligência Corporativa e MBA em Marketing e Inteligência Competitiva.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Mais informações

O texto é para explicar um pouco mais sobre este novo ramo do direito, o fashion law, mais conhecido no Brasil, como direito da moda. Pouco conhecido entre os próprios operadores do direito, se apresenta no Brasil como uma nova opção na advocacia.

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