Equipamento de proteção individual: protetor auricular tipo concha

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04/02/2015 às 13:15
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O ruído ligado aos fatores que influenciam a perda auditiva, como nível de intensidade sonora, tempo de exposição, a frequência e a suscetibilidade individual possibilitou a oportunidade de prever possíveis consequências no ouvido e como prevenir.

                                                   

                                                

                                                                      

    

            

                                                                                                 

                                                                                                                    RESUMO

O agente físico ruído ligado aos fatores que influenciam a perda auditiva, como nível de intensidade sonora, tempo de exposição ao ruído, a frequência do ruído e a suscetibilidade individual possibilitou a oportunidade de prever possíveis consequências no aparelho auditivo do trabalhador, bem como dar o devido tratamento, quer pela eliminação, pela redução e ainda pela adoção de medidas preventivas com o emprego de Equipamentos de Proteção Individual auricular (EPIa), no caso em questão, o protetor auricular tipo concha, de forma adequada, controlada, acompanhada e devidamente fiscalizada, proporcionando ao trabalhador a vantagem de manter-se em forma e com isso produzir mais sem risco e prejuízo para a sua saúde bem como para a empresa.   

Palavras-chave: Ruído, protetor; abafador de ruído; tempo de exposição; frequência do ruído; trauma acústico; tempo de exposição; Equipamento de Proteção Individual (EPI); Equipamento de Proteção Individual auricular (EPIa); Dispositivos de proteção auricular; Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR); Perda Auditiva Induzida pelo Ruído Ocupacional (PAIRO); Decibelímetro (DBI); Protetores Auriculares (PAs).

                                                                                                                 ABSTRACT

The physical agent noise with the factors that influence hearing loss, such as sound intensity level, noise exposure time, the frequency of the noise and individual susceptibility allowed the opportunity to predict possible consequences on worker's hearing aid, and also the possibility to give the proper treatment by elimination or reduction and by the adoption of preventive measures with the use of Equipment Protective Individual headset (EPIA). In this case the headset clamshell guard, adequately controlled, monitored and properly enforced providing workers the advantage of keep in shape and produce more without risk or harm to your health as well as for the company.

Keywords: Noise, guard; noise damper; exposure; frequency noise; acoustic trauma; exposure; Personal Protective Equipment (PPE); Equipment Protective Individual headset (EPIA); Hearing protection device; Induced Hearing Loss ; Induced hearing loss by Occupational Noise ; Decibel meter (DBI); Protector Headset(PAs)
 

                                                                                                                SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................7

2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................... 8

2.1 Histórico........................................................................................................................... 8

2.2 Definição de ruído............................................................................................................ 8

    2.3 Poluição sonora ...............................................................................................................9

    2.4 Doença ocupacional ........................................................................................................9

    2.5 Estatísticas .....................................................................................................................12

    2.6 Protetor...........................................................................................................................13

    2.7 Protetor tipo concha....................................................................................... ................16

    2.8 Problemas de utilização dos protetores auditivos............................................................16

    2.9 Vantagens dos protetores tipo concha.............................................................................17

    2.10 Desvantagens dos protetores tipo concha.....................................................................18

3. CONCLUSÃO........................................................................................................................18

                                                  

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................19

1. Introdução

Com o avanço da tecnologia ocorreram melhorias na qualidade de vida e bem estar geral à sociedade. Tal revolução industrial levou ao desenvolvimento de novas máquinas, à descoberta de novos materiais e à modernização dos processos produtivos, algumas vezes extremamente ruidosos.

Diariamente, as pessoas estão expostas a elevados níveis de ruído, não apenas em sua área de trabalho, mas também devido à grande concentração de veículos nas vias públicas. Tais ruídos induzem consequências na saúde e no comportamento humano, provocando reações psicológicas, fisiológicas e até patológicas.

Essas fontes geradoras de ruído chegam a ultrapassar o nível de pressão sonora de 85 dBA considerado como um valor limitante não prejudicial ao sistema auditivo do homem. Acima desse valor, os danos são irreparáveis podendo causar perdas auditivas irreversíveis e outros danos à saúde em geral, tornando-se imprescindível sua redução e controle.  Ações e atitudes devem ser tomadas para reduzir o ruído até o limite permitido.

 O protetor auditivo de uso individual se apresenta como uma tentativa de solução. O ideal é propiciar mecanismos adequados ao homem em seu ambiente e nos postos de trabalhos.   

O objetivo do presente trabalho é esclarecer a forma correta na utilização do protetor auditivo, Equipamento de Proteção Individual auricular (EPIa), com base em dados retirados de bibliografia específica, bem como apresentar  soluções para problemas decorrentes da utilização  do mesmo, uma vez que a proteção auditiva é uma medida de segurança  e prevenção de acidentes, muito mais que a simples redução do ruído. Dentre os equipamentos de proteção individual auricular, será analisado o protetor auricular abafador tipo concha, uma vez que é bastante indicado na literatura, é mais fácil de ser colocado, seu grau de proteção é maior, dentre outras características.

2. Desenvolvimento

2.1 Histórico

Em tempos anteriores às máquinas, as fontes de ruído num ambiente, eram as chuvas, os ventos, os trovões, enfim as forças da natureza.  Com o avanço da tecnologia, ocorreu o desenvolvimento de novas máquinas e a modernização dos processos produtivos.  Tal evolução acarretou um aumento das fontes geradoras de ruído. Na atualidade, o ruído tornou-se um dos agentes mais nocivos à saúde, sendo o grande responsável por uma série de alterações auditivas (AUGUSTO NETO, 2007). O ruído alcança níveis muito altos e algumas vezes insuportáveis ao ouvido que chegam a ultrapassar o nível de pressão.

O ruído é um agente nocivo à saúde e encontra-se nos mais diversos ambientes apresentando-se como prejudicial, principalmente nos locais de trabalho e nas atividades de laser (AUGUSTO NETO, 2007).  Exposição considerada muito prejudicial à audição é o ruído ocupacional o qual através de medidas administrativas e de engenharia pode ser controlado (AVAGLIANO  e ALMEIDA, 2001).

2.2 Definição de ruído

Ruído é uma palavra derivada do latim rugitu que significa estrondo (AUGUSTO NETO, 2007).  Valle (1975) afirma que ruídos são sons desagradáveis e indesejáveis.  Para Costa e Kitamura, (1995), ruído é todo som inútil e indesejável, por ser prejudicial aos diversos aspectos da atividade humana ou mesmo à saúde.

Define-se subjetivamente o ruído como toda sensação auditiva desagradável (AUGUSTO NETO, 2007).  De acordo com Fernandes (2002), fisicamente, define-se ruído como todo fenômeno acústico não periódico, sem componentes harmônicos definidos. Acusticamente é constituído por várias ondas sonoras com relação de amplitude e fase distribuídas anarquicamente, provocando uma sensação desagradável, diferente da música (ALMEIDA et al. 2000).

A Norma Brasileira (ABNT, 1987) conceitua o ruído como a mistura de tons cujas frequências diferem entre si por valor inferior à discriminação (em frequência) do ouvido.

2.3 Poluição sonora

O ruído é o tipo de poluição que afeta maior número de pessoas na civilização moderna (FERNANDES e SUMAN, 2004).  De acordo com Berglund And Lindvall (1990) nos Estados Unidos, em 1990, foi estimado em 138 milhões, o número de americanos expostos a níveis médios diários de ruído acima de 55 dB, considerado como limite de conforto para a população.

No Brasil, têm-se alguns dados. Belo Horizonte recebeu 2021 reclamações em 1997, 1616 em 1998 e 2096 denúncias em 1999 (BARROS, 2003).  A cidade de Vitória recebeu, apenas em outubro de 2000, 646 reclamações de ruído urbano. A cidade do Rio de Janeiro recebe mais de 600 reclamações mensais de perturbação por ruído (GROM, 2001- 4).

2.4 Doença ocupacional

Perda de Audição Induzida por Ruído (PAIR) é uma patologia que atinge um número cada vez maior de trabalhadores (PALMA, 1999). São as alterações dos limiares auditivos do tipo neurossensorial (surdez neurossensorial), decorrentes da exposição ocupacional sistemática a níveis de pressão sonora elevados. Esta tem como características principais a irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de exposição ao risco (AUGUSTO NETO, 2007). 

 A PAIR é a doença ocupacional mais comum, pelo fato do ruído ser um agente nocivo presente em grande parte dos ambientes de trabalho, nos mais diversos ramos de atividade industrial e em diversas áreas do setor de serviços (SANTOS e SANTOS 2000). É atualmente, o maior problema de saúde ocupacional no mundo (FERNANDES et al, 2004).   De acordo com Nielsen (2001), a Perda Auditiva Induzida por Ruído, tem sido considerada uma importante doença ocupacional, levando empresas a trabalharem no controle desse problema. Apesar de não ser considerada uma doença grave, ela diminui a capacidade de atividades cotidianas de trabalho,

Segundo Batista (2008) o ruído além de afetar o homem simultaneamente nos planos físico, psicológico, social, pode lesar os órgãos auditivos, perturbar a comunicação, provocar irritação, ser fonte de fadiga e diminuir o rendimento do trabalho, de estudo e lazer de inúmeras pessoas acarretando decréscimo na qualidade de vida do indivíduo e da família. Na audição os efeitos do ruído sofrem influência direta de alguns fatores, tais como intensidade, frequência, tempo e local de exposição, além da suscetibilidade individual.

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Segundo Camargo (1988), é importante atentar para o fator intensidade real do som, ou seja, mesmo que determinadas pessoas não sejam perturbadas diante de sons muito intensos, certamente elas estão tendo seu órgão auditivo e seu organismo afetados, mesmo que não percebam imediatamente.

Os trabalhos científicos publicados até 1890 faziam descrições e observações apenas clínicas. Habermann (1890) descreveu os achados anatomopatológicos detectados na cóclea e nervo coclear de caldeireiros, analisando as características das degenerações das células situadas na porção basal da cóclea.

Wittmack (1907) descreveu a exposição de cobaias a ruídos breves e de alto nível de pressão sonora, estudando o resultado histopatológico. Ele foi o precursor dos estudos experimentais realizados com animais em laboratórios.

Fowler (1928) marcou o início das investigações com a utilização do audiômetro. A partir de seus estudos, teve origem a famosa Tabela de Fowler.

Bunch (1937) realizou um estudo no qual definiu as características auditivas e clínicas das disacusias (distúrbio de audição) induzidas pelo ruído em trabalhadores. Destacou a frequência de 4000 Hz. Observou ainda que os limiares tendem a recuperar-se na frequência de 8000 Hz.

Os limiares auditivos são inicialmente acometidos nas frequências da faixa de 3.000 a 6.000 Hz. Nas demais frequências poderão levar mais tempo para serem afetados. Uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da redução auditiva (BRASIL, 1998a).

Foi após o final da primeira grande guerra, que se verificou o aumento das doenças profissionais, notadamente a surdez, além do aparecimento de outras moléstias devido ao desenvolvimento do setor industrial (POLUIÇÃO SONORA, 2002).

Literatura cita ainda, outros mecanismos de transmissão de ruído, ou seja, efeitos extra auditivos do ruído.

De acordo com Gerges (2000), existe transmissão do ruído através dos ossos, tecidos humanos e pés para o sistema auditivo, com uma diferença de quase 45 dB em relação a transmissão do ruído via ar no canal do ouvido externo. Isto é, o efeito de vazamento do ruído via transmissão pelos ossos e tecidos, começa a ser importante para os protetores que fornecem atenuação superior a 45 dB. 

 Gerges (2000) afirma ainda que existem repercussões extra auditivas para o ruído que são os efeitos fisiológicos negativos das vibrações mecânicas causadas pelas ondas sonoras, tais como aumento de pressão, nervosismo e irritação e seu efeito é temporário durante a presença do ruído, mas não são danificadoras à saúde humana.

Há importância em executar audiometrias ocupacionais nos trabalhadores de metalúrgica, para a prevenção e controle da PAIR e a real necessidade de avaliação das frequências de 250, 500, 1000, 2000, 4000, 6000 e 8000 Hertz (BRASIL, 1998b).

Para Araújo (2002) a medição dos níveis de ruído nos postos de trabalho é importante para o redimensionamento da carga horária de trabalho em metalúrgica, assim como para a orientação do tipo de protetor auricular que deve ser utilizado. De acordo com Jaeger (2005), o valor de 80dB (A) adotado no Brasil como referência apresenta resultado positivo na prevenção da perda auditiva dos trabalhadores.

Almeida (2000) fez um mapeamento de risco nos escritórios da estrada de Ferro Sorocabana e, mencionou não apenas que a lesão auditiva advinda da exposição ao ruído, mas destacou os efeitos estressantes deste agente. Correlacionou este fator com o absenteísmo na empresa. Lopes (2005) analisando trabalhadores em serrarias definiu que o nível de pressão sonora gerado pelos equipamentos no ouvido do trabalhador responsável pelo corte das lajes é, em média, de 112 dB, bem acima dos 85 dB impostos pela legislação para uma jornada de trabalho de 8 horas. Portanto seria  aconselhável o uso de protetores auriculares  de modo que a atenuação do ruído permita que o operador trabalhe 8 horas diárias, saudavelmente.

De acordo com Valle (1975), além dos efeitos maléficos sobre a saúde, os ruídos afetam diretamente a produtividade de operários sujeitos por longos períodos à sua influência em ambientes confinados. Essa influência nociva sobre a produtividade poderá ser mais grave em atividades que requerem concentração mental e continuidade nas operações, como serviços administrativos, seções de projeto e locais de atendimento médico e social na indústria.

A perda de audição na faixa de 4.000 a 6.000 Hertz é um dos primeiros efeitos fisiológicos observáveis quando se fica exposto a níveis altos de ruído. Como as frequências para o entendimento em conversas ocorrem entre 500 e 2000 Hertz as pessoas não percebem que se iniciou perda auditiva.

2.5 Estatísticas

Os estudos sobre o desenvolvimento da doença ocupacional por ruído seja um problema de alta prevalência nos países industrializados, incluindo-se o Brasil, são escassos, principalmente em nosso meio. Tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, estes trabalhos receberam grande incentivo devido ao alto custo social e econômico que passaram a acarretar às indústrias na década de 40, devido aos constantes processos judiciais e indenizatórios (ALMEIDA et al, 2000).

O Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos estima que mais de 10 milhões de americanos tenha a audição prejudicada em razão da exposição ao ruído (PHS, 1991), enquanto que o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH, 1996) afirma que existem 30 milhões de americanos expostos a níveis de ruído acima do recomendado.  Casali (1994) indica que são mais de 9 milhões de trabalhadores americanos com perda auditiva. Nos Estados Unidos, 24 % dos casos de perda auditiva atendidos em consultórios particulares se referem à surdez ocupacional (BARELLI E RUDER, 1970).

No Brasil, pesquisa informal realizada junto ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) mostrou que o governo não dispõe de estatísticas oficiais relativas ao número de trabalhadores expostos ao ruído. Este órgão governamental tentou consolidar seus dados sobre as doenças relatadas que não correspondiam aos CIDs (Cadastro Internacional de Doenças) indicados. Deste modo, os dados foram considerados não confiáveis (FERNANDES, 2004). Não existem estatísticas, mas sabe-se que nos últimos 25 anos aconteceram mais de 29 milhões de acidentes com mais de 100 mil mortos.  Em 1998, os 401.254 acidentes custaram para o país R$ 9 bilhões ou seja,R$ 22.395,49 por acidente (FERNANDES, 2004). No Brasil a Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE) é a segunda maior causa de doença profissional (NUDELMANN, 2001).

De acordo com Cordeiro et al (1994) em sua análise com motoristas de ônibus em Campinas foram encontradas associação positiva entre a PAIR e o tempo acumulado de trabalho com exposição a ruído. O estudo de Miranda et al (1999) avaliou a prevalência de PAIR entre trabalhadores do setor de transporte da região metropolitana de Salvador, e corroborou com os estudos de Talamini (1994) em Curitiba. Existe consenso na literatura de que o tempo atuando em ocupações de exposição a ruído está associado ao aparecimento da PAIR (AUGUSTO NETO, 2007).

2.6 Protetor

O primeiro decreto que se conhece para a proteção humana contra o ruído no Brasil, data de 6 de maio de 1824, no qual se proibia o ruído permanente e abusivo da chiadeira dos carros de tração animal dentro da cidade. (POLUIÇÃO SONORA, 2002).

O protetor auricular é indicado para proteção do sistema auditivo, pois ele ajuda a reduzir a exposição aos níveis perigosos de ruído e outros sons indesejados. Quando a exposição ao ruído é repetida e acima de 85 decibéis, e não há proteção, as células nervosas do ouvido interno são danificadas, ocorrendo perda da audição de maneira irreversível. Podemos citar alguns malefícios do ruído que ocorrem no corpo humano como aceleração da pulsação, aumento da pressão sanguínea e estreitamento de vasos. O efeito destas alterações aparece em forma de mudanças de comportamentos, tais como nervosismo, fadiga mental, frustrações e prejuízo no desempenho do trabalho.

O aumento do risco para ocorrência de perda auditiva induzida pelo ruído nos trabalhadores de metalúrgica é importante e ocorre principalmente quando não é realizado uso regular e correto de protetores auriculares. Necessário se faz a realização de campanhas de esclarecimento e motivação para o uso dos mesmos (ARAÚJO 2002).

Entendido o som como uma vibração capaz de despertar uma sensação auditiva e, o ruído como um som desagradável e indesejável, produzido por vibrações irregulares de um corpo, começa então a necessidade de proteção. O não emprego ou o mau uso pode levar a consequências até a perda auditiva.

Para Mello (1999), necessário se faz realizar a avaliação e o acompanhamento da capacidade auditiva dos trabalhadores através de exames audiológicos previstos na legislação vigente antes de implantar, uso de protetores.

O Equipamento de Proteção Individual auricular (EPIa) é o mais utilizado na prevenção da Perda Auditiva Induzida por Ruído em nível mundial, nos casos em que as técnicas de controle de ruído não são disponíveis de imediato (GERGES,2002), pois uma vez instalada a perda auditiva, processo é irreversível (BASTOS,2005). Os protetores auditivos são utilizados desde a década de cinquenta.

A adequada atenuação de ruído resultante do uso de EPIa depende da conjugação de três elementos: usuário, tipo de protetor e ambiente de trabalho, que analisados em conjunto permitem a determinação do valor real de atenuação do EPIa ( CIOTE et al, 2005 ). Gerges (1992) salienta que para a seleção de um protetor auditivo, devem ser também fatores determinantes na escolha, além do tipo de ambiente ruidoso, o conforto, a aceitação do usuário, o custo, a durabilidade, o problema de comunicação, a segurança e a higiene.        Importante analisar-se a durabilidade do equipamento para que haja correto desempenho do mesmo na proteção da integridade física, saúde e a vida do trabalhador (FERNANDES e SUMAN, 2004).

O uso de equipamento de proteção individual (EPI) deve ser feito mediante conhecimento, fiscalização, orientação e aprovação das áreas de higiene, segurança e medicina do trabalho ou responsável pela empresa. Apesar de todos os esforços para oferecer-se segurança e conforto, necessários aos trabalhadores, os ruídos do mundo moderno acometem a vida dos funcionários acarretando problemas físicos, mentais e sociais.

O ideal seria a total extinção dos ruídos para evitar seus efeitos desagradáveis.  Afirmativa quase impossível. Então a maneira mais adequada para preservar a saúde dos trabalhadores é o uso de protetores auriculares.

Embora não seja o método mais adequado de combate ao ruído, o protetor auricular é o equipamento de proteção individual auditivo (EPIA) mais usado para tentar prevenir a PAIR.  Os dois principais tipos de EPI disponíveis no mercado são os plugues e as conchas (FERNANDES, 2003 e FERNANDES et al, 2004).

Os protetores auditivos, tanto tipo concha, como tipo plug, são capazes de reduzir a exposição a ruído elevado para valores aceitáveis não considerados prejudiciais à saúde humana (GERGES, 2000).

Os protetores auditivos são usados a nível mundial e são salvadores do sistema auditivo humano, para reduzir o risco à perda auditiva permanente irreversível e irrecuperável.

Sendo assim, considerando que o artigo 201, §1º, da Constituição Federal, somente autoriza a adoção de critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria nos casos de atividades exercidas sob condições especiais que efetivamente prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador, e restando descaracterizada a situação de insalubridade pela utilização de EPI eficaz, não há que se falar na existência das condições especiais mencionadas no texto constitucional (GERGES, 2000).

2.7 Protetor tipo concha

São fabricados com material rígido, denso e imperfurável em forma de concha e estão ajustados a vedações macias e flexíveis, feitas geralmente de uma capa de plástico macio, o qual é cheio de um material do tipo fluido ou espuma. A atenuação obtida com esse tipo de protetor está relacionada, em parte, à pressão que o protetor exerce sobre a orelha nos dois lados. Ele veda o volume de ar que está diretamente relacionado à atenuação da baixa frequência, além de seu interior ser parcialmente cheio com material que absorve os ruídos ressonantes de alta frequência (MELLO, 1999).

2.8 Problemas de utilização dos protetores auditivos

Higiene - A maioria dos problemas de higiene está associada com o uso dos tampões, que podem provocar infecções ou doenças na orelha. Tampões devem ser sempre guardados limpos e colocados com a mão limpa. Os tampões do tipo pré-moldado, incluindo seu estojo de transporte e guarda, devem ser esterilizados no mínimo uma vez por semana. Em certos ambientes de trabalho, os protetores do tipo concha podem causar certa transpiração, que pode ser reduzida usando materiais do tipo gaze cirúrgica ou similar entre os protetores e as orelhas (MELLO, 1999).

Desconforto - O desconforto surge como decorrência da firmeza com que o protetor deve ser colocado. Os tampões de espuma expandida são menos desconfortáveis; os protetores tipo concha e os tampões moldados são razoavelmente confortáveis, embora as alças de fixação causem certo desconforto (MELLO, 1999).

Efeitos na comunicação verbal - O grau de atenuação ao ruído deve ser em dosagem eficiente porem dentro dos limites de normalidade, pois se for muito maior que o necessário pode dificultar a comunicação entre os funcionários e interferir na escuta de alarmes sonoros importantes, o que pode acarretar acidentes. Particularmente importante verificar o grau de atenuação, quando o trabalho exige a audição e discriminação de sinais sonoros, localização de sons e, principalmente, a capacidade de entender a voz humana (FERNANDES et al 2004).

Alguns trabalhos citam que os protetores dificultam o entendimento da voz, outros demonstram a dificuldade em ouvir alarmes de emergência, e outros estudam o conforto dos protetores.  Algumas pesquisas mostram que, em ambiente ruidoso, os protetores podem melhorar a inteligibilidade da voz, existindo inclusive equipamentos no mercado que prometem melhorar a comunicação entre seus usuários (MELLO, 1999; FERNANDES et al, 2004).

Efeito na localização direcional – A utilização do protetor tipo concha ocasiona um pouco a perda e o senso de localização das fontes de ruído. No caso dos tampões de orelha, por não cobrirem toda orelha externa, esse efeito é menor, visto que o senso de localização ocorre no cérebro. Se esse fator for importante para a segurança, o uso de tampões deverá ser preferido ao das conchas (MELLO, 1999).

Sinais de alarme -, Os sinais de alarme nas áreas onde os trabalhadores utilizem protetores auriculares devem apresentar-se de maneira condizente  que as pessoas sejam adequadamente alertadas nos casos de risco. Sinalização luminosa e colorida pode ser usada junto com sinalização auditiva. (MELLO, 1999).

Segurança - O projeto dos protetores auriculares deve ser executado de modo a minimizar os possíveis riscos de lesões a seus usuários como, por exemplo, não devem possuir componentes pontiagudos ou ser fabricados com material granulado que pode se desprender e contaminar a orelha (MELLO, 1999).

Custos - Devem ser incluídos o custo de aquisição dos protetores, custo de manutenção ou reposição dos protetores, custos administrativos e custo de conscientização (MELLO, 1999).

2.9 Vantagens dos protetores do tipo concha

Com apresentam-se em tamanho único, o mesmo se ajustará à maioria das cabeças. São vistos facilmente, de modo que a eficácia do programa do protetor não é difícil de ser controlada. Costumam ser aceitos mais rapidamente pelos empregados do que os de inserção uma vez que são mais confortáveis devido ao fato de não estarem inseridos dentro do conduto auditivo externo. Pelo tamanho e mais raro o esquecimento ou a perda (MELLO, 1999).

2.10 Desvantagens dos protetores do tipo concha - Causam desconforto em ambientes quentes. Normalmente são mais caros, que os protetores de uso interno. São volumosos e mais difíceis de usar em aposentos apertados. Mais difíceis de carregar, ou guardar, que os de inserção. Quando mola existente na tira da cabeça tenda a enfraquecer devido ao  uso, haverá redução da atenuação e o conforto será prejudicado (MELLO, 1999).

3. CONCLUSÃO

Seria aconselhável, para uma adequada proteção ao ruído ocupacional, realizar um programa de conservação auditiva. Apesar do avanço tecnológico da engenharia de controle de ruído, ainda existem muitas situações e casos onde a redução de ruído não é economicamente viável. Em termos imediatos, porém, a proteção individual deve ser instalada, com uso de protetores auditivos adequados para a função. Protetores auditivos de uso individual apresentam-se como um dos dispositivos mais comuns, econômicos e práticos para reduzir a dose de ruído e portanto  se apresenta como única solução de imediato

Cabe destacar que esta não é a única solução do problema, mas sim uma alternativa de minimizar suas consequências. O ruído ocupacional pode ser prevenido através do envolvimento de empregados e empregadores em um programa de conservação auditiva através da modificação do processo e/ou substituição das máquinas. Sabendo das consequências que tal ruído traz para o ser humano, devem se tomar medidas protetoras e exigir, dentro do ambiente do trabalho, meios de controle às emissões sonoras prejudiciais, com vista a evitar as consequências no futuro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- Norma NBR 10151 – Avaliação

do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade. 1987.

ALMEIDA, S. I. C. et al.   História  natural  da  perda  auditiva  ocupacional provocada por ruído.

Revista da associação médica brasileira: 46, 2: 143-158, abr./jun.  2000.

Sobre o autor
Eduardo Henrique Debiagi

Ms. Eduardo Henrique Debiagi<br><br>Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho<br>Coronel Reserva PM<br><br>Av. Deputado Gióia Junior, 65 <br>Campinas S.P.- CEP 13085-125<br>Tel. (19) 99294 5747<br>[email protected]<br><br><br>Objetivo<br>Atuar em atividades ligadas à Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia Civil, Área de Segurança Patrimonial, Pessoal, Prevenção de Edificações, Salvamento e Combate a Incêndios, possibilitando aplicar os conceitos adquiridos em minha formação universitária, pós-graduada e prática, nos diversos campos de trabalho. <br><br><br>Resumo das qualificações<br>Ao atuar por mais de trinta anos em unidades na área de segurança em especial na Segurança Pública, adquiri conhecimentos relacionados às atividades da Polícia Militar na área de informações, polícia ostensiva de prevenção e preservação da ordem pública, bem como conhecimento na área de Segurança Empresarial.<br><br>No Corpo de Bombeiros habilitei-me em projetos na prevenção de edificações, bem como no combate a incêndios, salvamentos e defesa civil. <br><br>Na área de Engenharia Civil, capacitei-me através de estágios em empresa construtora e de fundação.<br>Frequento atualmente o Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho na Universidade de Guarulhos – UnG – Previsão término Dez 2014.<br><br>Completa ainda meu perfil profissional, criatividade, iniciativa, facilidade de trabalho em equipe com espírito empreendedor na busca dos melhores resultados.<br><br><br>Experiência profissional<br>Como Oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, servi em diversas Unidades de Policiamento e de Bombeiros, no período de 1970 a 1996.<br>Atingi na carreira o mais alto posto, o de Coronel de Polícia Militar, passando para a reserva por tempo de serviço.<br><br>Como aluno de engenharia civil e estagiário pela MRV Engenharia e Participações S.A, Campinas SP, e Base Fundações e Estruturas Ltda Campinas S.P., acompanhei a execução da construção de prédios residenciais, com foco especial nos trabalhos de fundações. Ano 2010.<br><br><br><br><br>Formação<br><br>Pós Graduação:<br><br>Mestrado em Ordem Jurídica - Aperfeiçoamento de Oficiais - Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores. São Paulo – SP. 1988 <br><br>MBS - Master Business Security - Curso Avançado em Segurança Empresarial - Brasiliano & Associados Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – São Paulo – SP. 2005.<br><br><br>Graduação: <br><br>Engenharia Civil – UnG ( Universidade Guarulhos ) Faculdade de Engenharia Civil de Guarulhos - SP. 2009-2011.<br><br>Faculdade de Educação Física – PUCC - Pontifícia Universidade Católica de Campinas. - Campinas – SP. 1972-1976.<br><br>Formação de Oficiais - Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Graduação em Direito e Ordem Pública, São Paulo – SP. 1966-1970.<br><br><br><br><br>Cursos de especialização:<br><br>Curso de Engenharia em Segurança do Trabalho Universidade de Guarulhos – UnG. 2013 - 2014.<br><br>Circuito Fechado de Televisão e Digitalização de Imagens - Universidade Corporativa de Risco Empresarial. Brasiliano & Associados - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – São Paulo – SP. 2006.<br> <br>Gerenciamento de Riscos no Transporte Rodoviário de Carga - Universidade Corporativa de Risco Empresarial. Brasiliano & Associados - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – São Paulo – SP. 2006.<br><br>Análise de Risco Estratégica - Universidade Corporativa de Risco Empresarial. Brasiliano & Associados Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – São Paulo – SP. 2003.<br><br>Informações - Quartel General da Polícia Militar do Estado de São Paulo - SP. 1985.<br><br>Complementação Tecnológica para Oficiais do Corpo de Bombeiros. - Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita - Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. São Paulo – SP. 1979. <br> <br>Informações - Quartel General da Polícia Militar do Estado de São Paulo – SP. 1975.<br><br>

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Artigo Científico apresentado à Universidade Guarulhos - UnG, para a obtenção do título de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho.

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