POR QUE SOU CONTRA A PEC DA BENGALA

03/03/2015 às 15:27
Leia nesta página:

O ARTIGO APRESENTA UMA OPINIÃO PESSOAL DO AUTOR COM RELAÇÃO A PEC 457/2005.

POR QUE SOU CONTRA A PEC DA BENGALA

ROGÉRIO TADEU ROMANO

Procurador Regional da República aposentado

Li, com satisfação, e a aprovo, a nota pública das Associações do Ministério Público com relação a PEC 457/2005, mais conhecida como a  “PEC DA BENGALA”.

Destaco, em especial, dois pontos:

  1. Se aprovada a PEC irá contribuir à estagnação da jurisprudência dos tribunais brasileiros, obstando a necessidade e indispensável progresso das ideias e decisões no republicano espaço do Poder Judiciário;
  2. Se aprovada a PEC irá contribuir para o engessamento das carreiras em virtude da possibilidade oferecida pela proposição de longa e desproporcional permanência dos membros do Judiciário nos órgãos de cúpula e dos membros do Ministério Público que atuam perante esses órgãos;
  3. Se aprovada a PEC  irá permitir um aumento das despesas, ao contrário do que se alarda, com a previdência pública em virtude do fomento às aposentadorias voluntárias por tempo de contribuição diante da perspectiva negativa de ascensão na carreira.

Digo isso, porque a questão não pode ser vista como propriamente atuarial, como alguns indicam, sem enfocar as peculiaridades próprias do Judiciário e do Ministério Público, que foram destacadas nos pontos acima.

As carreiras do Ministério Público e do Judiciário devem merecer leis orgânicas especiais que se destaquem, data  vênia, do enfoque que é dado ao trabalhador, seja sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho ou ao regime próprio do direito público, onde se insere o funcionário público.

O juiz, o membro do Ministério Público, mais que um agente público, é um agente político. Para ele, não há sábados, domingos, feriados, pois a sociedade lhes cobra soluções para problemas graves que se lhe apresentam continuamente. A hora extra é sua rotina.

Um mal trabalhador é um perigo para empresa que lhe paga ou para o cliente.  Um mal juiz ou um mal promotor é  um perigo para a sociedade.

Daí porque peculiaridades especiais devem ser vistas na carreira de um membro do Judiciário e do  Ministério Público e o tempo, muitas vezes, é inexorável.

A renovação permanente dos quadros do Judiciário e do Ministério Público é  um imperativo para a sociedade.

Daí a inconveniência e falta de oportunidade  da PEC aqui mencionada.

Sobre o autor
Rogério Tadeu Romano

Procurador Regional da República aposentado. Professor de Processo Penal e Direito Penal. Advogado.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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