Brasil: uma nave em flagrante queda abrupta

31/03/2015 às 15:55
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O país está em queda abrupta, numa ambiência política conturbada e a presidente perdeu força e poder neste instante.

O partido que governa, há mais de 12 anos, o país, não tem mais a boa vontade da maioria dos brasileiros. Parte dos brasileiros e brasileiras cansou. As pesquisas e a manifestação do último 15 de março indicam isso. O país está em queda abrupta, numa ambiência política conturbada e a presidente perdeu força e poder neste instante. Os copilotos da nave,  Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, e Renan Calheiros, do Senado Federal, dão as cartas e deixam encurralada e enfraquecida uma presidente da república ora desgastada em sua popularidade.. O presidente do senado, ao se referir às medidas provisórias e aos projetos de lei do executivo. disse claramente: "a palavra final é sempre do Congresso". Por sua vez, o presidente da Câmara, admite que "a relação entre o seu partido, o PMDB. com o PT e o governo Dilma é muito ruim".

A própria classe trabalhadora, com o risco iminente do desemprego e a classe média, que paga as contas dos erros e indignada com os desvios bilionários das falcatruas, não apoiam tanto assim o governo. Há inclusive um pé atrás de parte das classes média e alta em relação à presidente Dilma Roussef. Os panelaços deixaram bem claro. Não sei se com novo Ministro da Comunicação Social o quadro se reverterá.. Onde a nave vai parar, também ninguém sabe e pode prever. Ainda faltam 45 meses de mandato para reversão do preocupante cenário de turbulência, porém paciência tem limites. Já se foram 51 meses de um mesmo governo que ainda não encontrou a melhor rota.

O que se vê é o PIB irrisório, o aumento do desemprego, a desconfiança internacional, a falta de investimentos (bancos não concedem mais crédito com facilidade), as desavenças entre partidos políticos, os escândalos em profusão, o setor de saúde debilitado, os aposentados sem correção real das aposentadorias, estados e municípios endividados, a educação que não condiz com a denominada "pátria educadora", a violência no metrô, nas vias públicas, nos shoppings, em morros e favelas, as armas e drogas penetrando pelo 'queijo suíço' de nossas fronteiras, a lei penal frouxa, as explosões de caixas eletrônicos, o impressionante grau de letalidade do banditismo, a polícia enxugando gelo, as cracolândias, os bandidos-mirins protegidos pela irreal maioridade penal de 18 anos, o sistema penitenciário que não ressocializa, a crise energética, as obras paralisadas por falta de recursos ou suspeita de fraudes, combustível mais caro, o MST convocado, irresponsavelmente, como 'tropa de choque' do PT, a inflação disparando, os salários corroídos, a carne num preço astronômico e as célebres declarações de que não se sabia de nada ao se descobrir os escândalos milionários. Enfim, um país à deriva onde a comandante da nave parece nocauteada nesse início de segunda gestão.

Por outro lado, constata-se que alguns integrantes do partido do governo traíram  seus discursos e suas ideologias se intitulando pertencentes ao "partido da ética". Ao assumirem o poder central descobriu-se que nem todos eram tão éticos assim. O mensalão e o petrolão comprovaram. O Brasil está a deriva e o grito das ruas voltará no 12 de abril, de forma pacífica e democrática. Espera-se agora que com a ressonância e a leitura correta do governo, num país onde 39 ministérios e milhares de cargos comissionados trazem excessivo dispêndio aos cofres públicos, precisando de redução imediata em nome do ajuste das contas públicas..

O fato é que o discurso 'sociológico' de alguns políticos de esquerda já não iludem a muitos. A cor da bandeira brasileira não é vermelha. É verde, amarelo, azul e branco. A democracia permite, pacificamente, a liberdade de expressão, o confronto de idéias e as cobranças aos que nos governam e representam.

Sobre o autor
Milton Corrêa da Costa

Tenente-coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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