Direito por amor, por favor!

01/04/2015 às 12:14
Leia nesta página:

"Direito sem cobrança de sucesso financeiro, sem o peso da fama. Direito apenas pelo meu direito de acreditar e fazer o que escolhi, por amor!"

          Que me perdoem as românticas e desiludidas de plantão, mas não vou falar sobre o tipo de amor que vocês estão esperando! É bem maior que isso...

Estudante de Direito que já passou do segundo semestre e ainda não quis mudar o mundo, certamente não estuda por amor, mas sim por obrigação! Com 6 anos de idade, eu não sabia o que era “justiça”. Com 10, eu não me importava em ter o caderno mais caro enquanto alguns usavam as sobras de um ex aluno qualquer. Com 16, a ideia de votar em uma eleição por mera iniciativa soava como algo inútil. Com 18, a faculdade me remetia ao ensino médio e à ideia de que perderia 5 anos da minha vida decorando leis. 
 Mas com 19 anos, eu já sabia o que era justiça. Já me preocupava com a desigualdade social, com a má distribuição de renda, com a falta de oportunidade e com o descaso perante a população menos favorecida. Percebi, inclusive, que deveria sim ter ido votar desde o primeiro momento em que tive oportunidade. Era um direito! 
 Agora, com pouco mais de 20 anos, vi minhas opiniões escorrerem entre meus dedos, que sempre se mantiveram tão fechados quanto a mente de alguém que não aceita evoluir. Fui forçada a desfazer os nós que me prendiam e levantar as mãos para dizer “tchau” a alguns pensamentos, como: “Pena de morte, já!”, “Redução da maioridade penal, sim!”, “Direito dos manos, pra quê?”, “Mais presídios e menos escolas!”. Hoje me sinto vítima de uma sociedade alienada, que é facilmente manipulada e que se acomoda com aquilo que lhe convém. 
 Sinto vergonha de ter levantado bandeiras defendendo essas ideias. “Mas você tem o direito de se expressar!”, você vai dizer. Assim como tenho o direito de mudar de opinião. O direito de ler, pesquisar, analisar e concluir que estive errada, assim como a maioria esteve. Errado está quem, por mero comodismo, se esconde atrás de uma tela e repete a quem queira ouvir que “Meu país não tem mais solução, se pudesse iria embora!”. Custei a acreditar e às vezes me parece até utopia, mas tem solução, sim!
 Talvez eu não leia as manchetes que sonho para os jornais brasileiros. Talvez meus filhos não estudem nas escolas que eu quero e nem sejam atendidos nos hospitais que meus avós, meus pais e eu idealizamos como modelo. Mas usar o termo “talvez”, me enche de esperança. Porque se não for essa ou a próxima, TALVEZ outra geração ainda consiga! Não é um sonho de um ano ou dois. Se você busca rapidez nesse processo de (r)evolução, então sinto informar, mas você está no caminho errado. Tão errado quanto o caminho que eu estava quando fechava os olhos para os problemas que insistiam em cercar meus dias! 
 Uma vez aberta a mente, os olhos e o coração, fica mais fácil (e até mais leve) acreditar que as coisas vão melhorar. 
Vai diminuir a violência. O número de escolas e hospitais (dignos) vai aumentar. Os jovens não mais estarão destinados a viver uma vida sem Direitos, em uma sociedade hipócrita. 
 Aos 20 anos, mudei de opinião. Não quero mudar de país. Não quero estudar por obrigação. Não quero fazer Direito por status. Não quero me acomodar com o que me incomoda. Quero mudar o meu Brasil. Quero estudar por amor. Fazer Direito por vocação. Poder dar oportunidade à outras pessoas, para que também possam mudar de opinião, tenham elas 20, 30, 40, ou 50 anos. 
Direito sem cobrança de sucesso financeiro, sem o peso da fama. Direito apenas pelo meu direito de acreditar e fazer o que escolhi, por amor!

Sobre a autora
Talyta Minari

Talyta Minari

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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