Não vou assinar as 10 medidas do MPF

24/10/2015 às 03:19
Leia nesta página:

O artigo almeja responder a pergunta: de que adianta aumentar o percentual do PIB destinado à educação?

 Creio que a essa altura do campeonato até os mais distraídos já estão cientes de uma campanha nacional do Ministério Público Federal para coleta de assinaturas para Projeto de Lei de Iniciativa Popular para recrudescimento legislativo no combate à corrupção.

As medidas são ótimas e criativas, indubitavelmente fruto de boa pesquisa de direito comparado e um belo brainstorming dos Procuradores da República. Gostei em especial dos testes de integridade, assim defina no site do MPF:

isto é, a simulação de situações, sem o conhecimento do agente público ou empregado, com o objetivo de testar sua conduta moral e predisposição para cometer crimes contra a Administração Pública.

Não tenho dúvidas que elas vão otimizar o combate à corrupção, caso se tornem lei, mas eu, mesmo assim, não vou assinar. Eu poderia dizer que não vou assinar com o mesmo argumento da Deputada dos Direitos Humanos, Maria do Rosário(PT, ex-PCdoB) na sua luta contra a redução da maioridade penal, qual seja, que

"a cadeia não resolve"

ou

"as cadeias estão superlotadas"

- creio que isso seria suficiente para te convencer a não assinar também - mas não vou ser covarde, não gosto de citar argumentos de "autoridade".
 

Não vou assinar, na verdade, pois tenho medo que a nova lei anticorrupção recupere anualmente muitos bilhões de reais e estes sejam realocados para a educação.

Eis o verdadeiro motivo: medo.

Tenho medo que o PIB da educação aumente. Tenho medo que haja aumento salarial para professores que passam o semestre inteiro, para não dizer a carreira inteira, se lamuriando de um Regime Cívico-Militar que teve 434 mortos e desaparecidos em 21 anos(o mais brando da América Latina), mas usam camisa de Ernesto Guevara, que permitiu mais de 1.000 fuzilamentos.

Tenho medo que andem de Corolla e Hilux professores que defendem a Ideologia de Gênero, responsável pela destruição da família de David Reimer, no antiético experimento do Dr. John Money.

Tenho medo que professores apologétas das drogas e do aborto façam turismo nas Ilhas Gregas durante a sagrada greve anual - que só deixa de acontecer quando o respectivo sindicato é aliado do PT.

Todas as pesquisas, de todos os institutos, indicam que o povo brasileiro é conservador: contra o aborto, contra a maconha, contra o casamento LGBT e etc, mas os intelectuais orgânicos nas universidades lutam diuturnamente contra isso que a doutora Marilena Chauí chama de fascismo da classe média.

O povo quer uma coisa, eles querem outras. Noventa por cento da população rejeita o PT, noventa por cento dos professores universitários vão morrer abraçados defendendo o PT.

Investir na construção universidades e institutos federais é uma belíssima estratégia eleitoreira para o PT, do mesmo nível do Bolsa Família, veja bem: ganha votos dos alunos(que passam a ter diplomas), dos professores(que passam a ter empregos e cargos), dos pais dos alunos(que passam a ter filhos doutores), dos vestibulandos(que passam a ter mais vagas). Investir na construção universidades e institutos federais é uma belíssima estratégia tática para o PT, pois cria militantes e difunde a ideologia do partidão.

O Sistema Educacional brasileiro, sob os auspícios do MEC, é parecido com um buraco negro: tudo que entra lá é destruído. A analogia foi boa, mas creio que é melhorar compará-lo a um vômito, pois os jovens inexperientes que entram nas escolas e faculdades chanceladas pelo MEC voltam para prejudicar a sociedade, após serem vítimas de desinformação.

O MEC, suas escolas, seus livros didáticos, suas universidades são gritantemente inconstitucionais. Violam o artigo 1º, inciso V, in verbis:

"Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

[...]

V - o pluralismo político."

O máximo de diversidade política que existe é um simulacro de oposição entre os intervencionistas keynesianos, que na estranha lógica deles são a "direita", e os marxistas.

Nunca conheci algum economista formado em universidade pública que conhecesse Ludwig von Mises ou Friedrich von Hayek, da Escola Austríaca, ou Milton Friedman, da Escola de Chicago. Ouviram falar deles pela primeira vez quando eu lhes perguntei o que achavam deles. É evidente de um intervencionista como Keynes não pode ser considerado liberal, por definição, mas para a mentalidade distorcida deles é assim que funciona.

Às vezes o PSOL ou PSTU, para desinformar simulando oposição, também dão uma cutucada no PT, como a patética cena de Jean Wyllys pedindo o impeachment de Dilma. Isso não faz do PSOL ou PSTU um opositor do PT, pois até Lula já quer o impeachment de Dilma, desta forma poderão colocar a culpa nela e dizer que "o petismo foi deturpado" e enaltecer e reeleger Lula - estratégia essa de revisionismo histórico já antiga, feita pelos soviéticos após as barbáries de Stalin, para reavivar Lênin e o leninismo, o historiador Robert Gellately, da Florida State University, já nos ensina isso em suas obras.

Todos os partidos de esquerdas são unânimes em questões fundamentais, como a luta pelo aborto, pela maconha, pelo casamento gay, pelo multiculturalismo, pelo desarmamento, pelo feminismo. Suas briguinhas são apenas para enganar os distraídos e fazê-los pensar que são desunidos. e desorganizados, quando na realidade são hegemônicos e multifacetados.

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Lima Barreto, há aproximadamente 100 anos, propôs uma insólita solução para a educação do Brasil, que ainda me parece a única esperança, eis as palavras do sábio:

" Meditei muito sobre os seus problemas e creio que achei o remédio para esse mal que é o seu ensino. Vou explicar-me sucintamente. O Estado da Bruzundanga, de acordo com a sua carta constitucional, declararia livre o exercício de qualquer profissão, extinguindo todo e qualquer privilégio de diploma. Feito isso, declararia também extintas as atuais faculdades e escolas que ele mantém."

Sobre o autor
Caio Cezar

Estudante

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