Metodologia científica: fontes bibliográficas na era digital

28/06/2016 às 12:42

Resumo:


  • O artigo aborda a importância da metodologia científica na era digital e a necessidade de aprimoramento dessa disciplina no ensino científico brasileiro.

  • São discutidas questões relacionadas à busca de fontes bibliográficas pela internet e suas consequências na elaboração de trabalhos científicos.

  • A crítica é feita à utilização excessiva e superficial de fontes online, ressaltando a importância de demonstrar a autenticidade e veracidade das bibliografias consultadas.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Irá ser abordada a metodologia científica na era digital, nesse sentido buscando ressaltar a importância e a necessidade do aprimoramento desta disciplina junto ao ensino científico brasileiro.

 Resumo: O presente artigo irá abordar a metodologia científica na era digital, nesse sentido buscamos ressaltar a importância e a necessidade do aprimoramento desta disciplina junto ao ensino cientifico brasileiro. Assim sendo, será enfrentado questões ligadas a busca de fontes bibliográficas via internet e suas consequências na elaboração dos trabalhos científicos.

Palavras Chaves: Metodologia. Internet. Trabalho científico.

Sumário:1 Introdução, 2 Metodologia científica, 2.1 Fontes bibliográficas na era digital, 3 Considerações finais, 4 Referências bibliográficas.

1. Introdução

Em qualquer ambiente acadêmico falasse na importância da metodológica no desenvolvimento do estudante. Ocorre que, atualmente, percebesse que não se tem tratado tal tema com a importância e seriedade que se merece.

Notasse que os catedráticos de tais disciplinas ministral suas aulas de forma pragmática (quase religiosa), tomando por base manuais de metodologia fatigantes e normalmente desatualizados.

Não que tais obras não devam ser respeitadas, lembre-se da “humildade cientifica” ressaltada por Umberto Eco[1], ocorre que, deixa-se de demonstrar ao aluno a verdadeira importância da matéria, seja para sua vida acadêmica, como também, na sua vida profissional.

A tradição acadêmica nacional de ensinar tal disciplina somente ao final do curso superior, há muito deveria ter sido superado, deve-se abandonar o costume hodierno de que o estudo da metodológica (científica) destina-se em preparar o estudante para a elaboração e apresentação de seu trabalho de conclusão de curso.

Metodologia é muito mais complexa do que "o estudo dos métodos e etapas a seguir num determinado processo do trabalho."[2]. Para Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos[3], metodologia "é sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos", assim sendo, tal matéria não tem como objetivo ensinar regras de formatação para criação de um artigo cientifico (como ensinam alguns professores), seu escopo é mais importante, a metodologia busca padronizar as técnicas utilizadas para assim propiciar a veracidade dos dados científicos coletados em determinada pesquisa.

Para Umberto Eco[4]:

A metodologia da investigação estrutura-se em dois momentos diferenciados e interdependentes. O primeiro é o da descoberta da verdade, que agrupa todos os atos intelectuais indispensáveis à formulação e resolução do problema estudado, enquanto o segundo (...)diz respeito à transmissão da verdade descoberta, com todos os problemas que o sistema da composição levanta. Ambos os montemos implicam não só operações cognitivas especificas, como designam uma ordem cronológica de abordagens que lhes garante a validade científica.

A metodologia não pode ser conceituada como simples regras descritivas no proceder da criação de um trabalho acadêmico, mas sim, a explicação dos motivos e valores que o estudante deverá adotar no trabalho de pesquisa que venha a se aventar a fazer, para que, somente assim, a finalidade que se busca com a metodologia será alcançada.

Não somos ingênuos (no sentido declarado por Virgilio Ferreira[5]), em achar que o fazer metodológico científico não iria acompanhar os avanços da sociedade de informação. Ocorre que, indaga-se até que ponto estamos dispostos a abrir mão de regras de metodologia cientificas em prol das facilidades da era digital? Essa é, afinal, a razão deste artigo, buscar os impactos que a era digital geram na metodologia cientifica.

2.Metodologia científica

2.1 Fontes bibliográficas na era digital

A ciência pode ser definida por diversas formas dependendo da proposta que o leitor venha adotar. Escreve Trujillo Ferrari[6] que "A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação".

Independentemente da definição de ciência que o leitor venha a adotar, ressalta-se que é inerente para a criação da ciência a necessidade de seguir regras metodológicas, pois assim, o estudante será apto para "criticar, distinguir, discernir, analisar para melhor poder avaliar os elementos componentes de uma questão faz parte da consciência objetiva que um pesquisador deve apresentar, de modo a aparecer apenas o problema e a solução, com imparcialidade."[7]

Ocorre que, atualmente, pelas facilidades que a era digital possibilita em pesquisar fontes bibliográficas[8], bem como utilizá-las no trabalho de pesquisa, paulatinamente aumenta-se o fenômeno de pesquisas "rasas".

O espírito científico em enfrentar temas problemáticos que iriam resultar em ganhos científicos para a sociedade vem esmorecendo frente as facilidades que a internet oferece na hora de pesquisar e citar fatos relacionados ao tema pesquisado.

Busca-se a facilidade de um click ao invés do trabalho herculano de estudar matérias complexas, no qual devemos pesquisar, aprofundar o estudo e entende-las, para assim discorrer sobre o tema, e tal situação vem se tornando corriqueira quando analisamos as fontes bibliográficas nos trabalhos científicos (não em todos, mas sem dúvida, em boa tarde deles), realizadas via internet.

Ressaltar o dever de cumprir as obrigações ligadas as formas de investigações científicas citadas por Umberto Eco[9] chega a ser quase devaneio aos estudantes, pois atualmente, com uma simples busca na internet poderá localizar trabalhos completos sobre o tema investigado.

Pertinente e pontual é a crítica feita Marcelo Krokoscz[10] no sentido de que o crescimento da perda da pesquisa cientifica (das fontes bibliográficas), é em boa parte originado pela pouca importância dada a tal fato pelas instituições que não disponibilizam esclarecimento e orientações.

Obvio que a utilização da internet como mecanismo de coleta para buscar informações é viável e necessário, pois a era digital propicia fatos que antigamente não era possível, hoje um acadêmico brasileiro tem a possibilidade de consultar livros localizados nos Estados Unidos da América, Japão etc.

A utilização da internet como fonte bibliográfica como auxiliadora é válida, desde que de maneira secundária, o que não se pode (e o que acontece normalmente), é o acadêmico utilizar unicamente tal meio como fonte bibliográfica, haja vista sua facilidade e rapidez.

Edgar Morin[11] afirma que é incompreensível como proposta metodológica a utilização da internet para coleta de informações para realizações de pesquisa sobre pensamento complexo via pesquisas respondidas rapidamente por meio do auxílio da internet.

As técnicas de pesquisas qualitativas e quantitativas (das fontes bibliográficas) são importantes no processo metodológico, assim, ao passo que a pesquisa localizada na internet não possibilita aprofundar-se no tema (pela complexidade e a falta de amadurecimento do tema pelo acadêmico), bem como pela falta de veracidade (da fonte consultada), vem a originar descrédito a pesquisa cientifica, sobretudo quando falamos da área jurídica.

Logo, temos que a pesquisa da fonte bibliográfica é um dos principais fatores ligados a metodologia científica, fazendo-se então necessária a qualquer pesquisa demonstrar a autenticidade da bibliografia consultada, ato este que não ocorre nas pesquisas acadêmicas que tomam como fonte primária exclusivamente pesquisas da internet.

Assim e por fim, serve este artigo para demonstrar a importância da metodologia científica e suas fontes bibliográficas na seara acadêmica brasileira, tendo em vista sua natureza de cientificar ao pesquisar a profundidade, complexidade e importância de uma pesquisa a sociedade como um todo.

3. Considerações finais

Vimos no presente trabalho o panorama atual que as Instituições de ensino estão adotando com relação ao tema da metodologia, passando assim a ponderar a finalidade da metodologia científica no mundo acadêmico.

Posteriormente, analisamos os aspectos ligados a fonte bibliográfica em uma pesquisa científica, bem como seus aspectos na atual era digital. Para tanto, ressaltamos a fragilidade das informações que podem ser obtidas na internet, além da impossibilidade de se aprofundar determinado temas, haja vista que as informações disponibilidades além de serem discutíveis são simplórias.

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Pois, a metodologia não poderá ser conceituada como simples regras descritivas no proceder da criação de um trabalho acadêmico, mas, sim, a explicação dos motivos e valores que o estudante deverá adotar no trabalho de pesquisa que venha a se aventar a fazer, pois somente assim a finalidade que se busca com a metodologia será alcançada.

Finalizando assim o presente artigo criticando o cenário atual ligado a forma a qual os acadêmicos estão realizando seus artigos científicos, isto é, sem o respeito das normas metodológicas.

4. Referências bibliográficas

BARBOSA, Cláudia. Introdução a metodologia científica. http://www2.anhembi.br/html/ead01/met_pesq_cient_gastr/pdf/aula_02.pdf

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 11 Ed. São Paulo: ed. Perspectiva, 1994.

KROKOSCZ, Marcelo. Abordagens sobre o plágio nas melhores universidades dos cinco continentes e do Brasil. 2011.

MARCONI, Marina de Andrade, e Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. - São Paulo: Atlas 2003.

MORIN, Edgar. O método: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2002.

TRUJILLO FERRARI, Alfonso. Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Capítulo 1. In MARCONI, Marina de Andrade, e Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. - São Paulo: Atlas 2003.


[1] ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 11 Ed. São Paulo: ed. Perspectiva, 1994.

[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Metodologia. Acessado em 12/06/2016 às 22:59

[3] MARCONI, Marina de Andrade, e Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. - São Paulo: Atlas 2003. p. 80

[4] ECO, Umberto op cit. pp. 15/16

[5] Virgilio Ferreira - Ingenuidade é um modo de se ser inocente. Infantilismo é um modo de se ser idiota

[6] TRUJILLO FERRARI, Alfonso. Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Capítulo 1. In MARCONI, Marina de Andrade, e Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. - São Paulo Atlas 2003. p. 79

[7] BARBOSA, Cláudia. Introdução a metodologia científica. Acessado em 13/06/2016 às 24:00

[8] Fontes Primárias: Contém trabalhos originais com conhecimento original e publicado pela primeira vez pelos autores; ¡ Fontes Secundárias: Contém trabalhos não originais e que basicamente citam, revisam e interpretam trabalhos originais; ¡ Fontes Terciárias: Contém índices categorizados de trabalhos primários e secundários, com ou sem resumo

[9] ECO, Umberto op cit. pp. 31/33- (...) fazer uma tese significa: (1) escolher um tema preciso; (2) recolher documentos sobre esse lema; (...) (3) pôr em ordem esses documentos: (4) reexaminar o tema cm primeira mão. á luz dos documentos recolhidos; (5) dar uma forma orgânica a todas as reflexões precedentes; (6) proceder de modo que quem lê perceba o que se quer dizer e fique em condições, se for necessário, de voltar aos mesmos documentos para retomar o tema por sua conta.

[10] KROKOSCZ, Marcelo. Abordagens sobre o plágio nas melhores universidades dos cinco continentes e do Brasil. 2011

[11] MORIN, Edgar. O método: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2002. p. 117

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