Introdução
O Estado Islâmico, também chamado de ISIL ( Islamic State of Iraq and the Levant) em português: Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), ISIS ( Islamic State of Iraq and the Siria) em português: Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS), em árabe, ad-Dawlat al-Islāmiyah fī al-ʿIrāq wa sh-Shām, leva ao acrônimo Da'ish, ou ,Daeshé uma organização jihadistaislamita de orientação Wahhabita que atua majoritariamente no Oriente Médio. Tem seu surgimento datado dos anos 1999 mesmo que sem a denominação de Estado Islâmico. Em 29 de junho de 2014, o grupo fundamentalista sunita EI (Estado Islâmico), como se auto denomina atualmente, mesmo não sendo um Estado de fato, declarou o estabelecimento de um califado, forma islâmica monárquica de governo que representa a unidade e liderança política do mundo islâmico, foi proclamado com Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo, como seu califa, mesmo sem o reconhecimento pela comunidade internacional.
O EI afirma autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo e anseia tomar o controle de muitas outras regiões de maioria islâmica, a começar pelo território da região do Levante, que inclui Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e Hatay, uma área no sul da Turquia. Com o seu fortalecimento e após o seu envolvimento na guerra civil Síria, este objetivo se expandiu para incluir o controle de áreas de maioria sunita da Síria. O Estado islâmico é considerado o grupo terrorista e fundamentalista de maior atuação na atualidade. Um dos principais fatores para essa denominação se dar por ele ter revolucionada a forma de terrorismo, usando de forma constantes as mídias sociais para espalhar o seu terror, além de chamar mais adeptos para a sua causa.
Apesar desse grupo ser tão atual a sua história , porém, está relacionada com outro processo histórico mais antigo, do início do século VII. Logo após a morte de Maomé, profeta fundador do islamismo e responsável por seu livro sagrado, o Corão, seus seguidores concordaram com a criação de um califado, que consistiria em uma sucessão do governo maometano com um novo sistema de governo. O califa seria literalmente um sucessor do profeta como chefe da nação e líder político, religioso e militar da comunidade muçulmana, com poder para aplicar a Lei Islâmica (Sharia). Apesar do consenso sobre a existência de um governo baseado na religião, no momento de decidir quem ocuparia a posição de principal líder houve uma ruptura principalmente entre duas vertentes: a dos sunitas e a dos xiitas. Os xiitas defendiam que o sucessor fosse da descendência direta de Maomé. Os sunitas, grupo majoritário, ao qual pertencem cerca de 90% total dos muçulmanos, por sua vez, acreditavam que como o profeta não possuía herdeiro legítimo, qualquer fiel poderia se candidatar à sucessão, desde que a comunidade aceitasse o candidato por consenso. Para entender o conflito que se formou no Iraque é preciso entender o contexto e a formação da população. No Iraque 60% da população é árabe Xiita, 20% é árabe Sunita, embora os dois sejam Islâmicos, 20% Curdos (maior população do planeta sem território). Entretanto, mesmo com maioria Xiita o governante do Iraque de16 de julho de 1979 a 9 de abril de 2003 foi um Sunita, Saddam Hussein. Assim mesmo sendo maioria, os Xiitas foram perseguidos e humilhados. Além disso o ditador Saddam Hussein massacrava a população Curda.
Porém pra muitos estudiosos do assunto Saddam foi chamado de "Mal Necessário" já que com a sua forma de governo ditatorial e repressiva mantinha os conflitos internos entre os grupos Xiitas e Sunitas controlados, além de, surpreendentemente, trazer algum desenvolvimento para o Iraque. Saddam era uma espécie de ponto de equilíbrio, porém ao mesmo tempo foi considerado o inimigo número um do mundo, devido aos suas constantes violações dos Direitos Humanos. Saddam foi expulso do poder pelas tropas estado-unidenses e britânicas numa guerra não autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU, onde os Estados Unidos alegavam que Saddam possuía armas de destruição em massa, entretanto ele rebateu que a única coisa que os norte-americanos buscavam no Iraque era o domínio do petróleo. Saddam é derrubado do poder, e condenado a pena de morte, que é cumprida em 5 de novembro de 2006. Sua retirada do poder, porém, não significou paz para o Iraque, mas sua definitiva conflagração.
I. Guerra do golfo II e III
A Segunda Guerra do Golfo (2 de agosto de 1990 a 28 de fevereiro de 1991) foi um conflito militar travado entre o Iraque e forças da Coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos e patrocinada pela Organização das Nações Unidas, com a aprovação de seu Conselho de Segurança, através da Resolução 678, autorizando o uso da força militar para alcançar a libertação do Kuwait, ocupado e anexado pelas forças armadas iraquianas sob as ordens de Saddam Hussein. Um dos motivos da invasão alegado pelo presidente iraquiano, Saddam Hussein, foi que o Kuwait, que tinha sido aliado do Iraque na Primeira Guerra do Golfo contra o Irã, estava prejudicando o Iraque no comércio de petróleo, vendendo o produto por um preço muito baixo. Com isso, o Iraque estaria perdendo mercado consumidor e precisando baixar o preço de seu petróleo no mercado internacional. Para diminuir os prejuízos, o Iraque pediu uma indenização milionária ao governo do Kuwait. O governo do Kuwait não aceitou a reivindicação de indenização e não efetuou o pagamento. Havia também outro problema envolvendo os dos países do Oriente Médio.
O Iraque reivindicava a devolução de um território que pertencia ao Kuwait, mas que o governo iraquiano afirmava que fez parte do Iraque no passado. Como o Kuwait não pagou a indenização pretendida pelo Iraque e não entregou o território, o governo iraquiano enviou tropas que ocuparam o Kuwait, tomando os poços de petróleo. A ONU (Organização das Nações Unidas) condenou a invasão e emitiu um documento exigindo a retirada imediata das tropas iraquianas do Kuwait. Como o Iraque não retirou seu exército do Kuwait, a ONU autorizou a invasão militar do Iraque por um grupo de países (Inglaterra, França, Egito, Síria, Arábia Saudita), liderados pelos Estados Unidos. O ataque ao Iraque teve inicio em janeiro de 1991 e durou um mês e meio. A primeira Guerra do Golfo termina com o Iraque devastado, tento que retirar suas tropas do Kuwait e além de sofrer com o embargo econômico imposto pela ONU.
Diferente do objetivo da Segunda Guerra do Golfo (tirar o Kuwait do poder do Iraque), a Terceira teve como objetivo declarado depor o ditador Saddam Hussein, líder do Iraque. A Terceira Guerra do Golfo foi um conflito que começou a 20 de Março de 2003 com a invasão do Iraque, em resposta aos atentados de 11 de setembro, por uma coalizão militar multinacional liderada pelos Estados Unidos. Esta fase do conflito foi encerrada a 18 de dezembro de 2011 com a retirada das tropas americanas do território iraquiano após oito anos de ocupação.
O principal motivo para a guerra oferecido pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush, pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e pelos seus apoiantes foi de que o Iraque estava desenvolvendo armas de destruição maciça. Estas armas, argumentava-se, ameaçavam a segurança mundial. No discurso do estado da União de 2003, Bush defendeu que os Estados Unidos não poderiam esperar até que a ameaça do líder iraquiano Saddam Hussein se tornasse iminente. Para justificar a guerra, alguns responsáveis norte-americanos referiram também que havia indicações de uma ligação entre Saddam Hussein e a Al-Qaeda. Apesar disso não foram encontradas provas de nenhuma ligação substancial à AlQaeda, ou armas de destruição em massa. A invasão levou pouco tempo até à derrota e à fuga de Saddam Hussein. A coligação liderada pelos americanos ocupou o Iraque e tentou estabelecer um novo governo democrático; no entanto falhou na tentativa de restaurar a ordem no país.
A instabilidade levou a um conflito assimétrico sectário com a insurgência iraquiana, levando a uma violenta guerra civil entre muitos iraquianos sunitas e xiitas e as operações da Al-Qaeda no Iraque. Como resultado do seu fracasso em restaurar a ordem, um número crescente de países retiraram as suas tropas do Iraque. As causas e consequências da guerra mantêm-se controversas. No dia 15 de dezembro de 2011, os Estados Unidos anunciaram formalmente, através de uma cerimônia de passagem de comando de tropas em Bagdá, o fim da guerra no Iraque. Um novo governo iraquiano emergiu e uma certa estabilidade política e econômica tomou conta da nação, porém a violência por parte de grupos extremistas continuou mesmo após a saída das forças da coalizão internacional. Assim, o conflito reascendeu e uma nova fase das hostilidades se iniciou, com o governo iraquiano agora lutando contra organizações jihadistas.
II. Conflitos internos no Iraque
Com a deposição de Saddam Hussein, os conflitos internos no Iraque, que já existiam mas eram controlados pelo ditador, se acirraram como vimos. Um ponto importante dessa deposição e posterior condenação de pena de morte não muito falado foi o vazamento de imagens do momento da morte de Saddam. Um jovem soldado norte- americano filmou o momento e em seguida essas imagens rodaram o mundo. A filmagem mostrava um Saddam Hussein ao invés de amedrontado, fortalecido e citando o Alcorão até os seus últimos minutos de vida. Para muitos estudiosos do assunto essas imagens ajudaram a fortalecer e impulsionar movimentos revoltosos no Iraque, principalmente uma insurgência sunita, que viam em Saddam uma espécie de mártir. Após a morte de Saddam, com vários conflitos emergindo no Iraque e com um período de governo transitório dá-se inicio a eleições democráticas onde o para Primeiro Ministro é eleito um árabe Xiita e para presidente um Curdo. Assim, uma espécie de espirito revanchista começa a surgir por partes desses dois grupos, que anteriormente foram massacrados, principalmente os Curdos, pelo governo do Sunita Saddam Hussein.
III. O Surgimento do Estado Islâmico
O Estado Islâmico no Iraque e na Síria, foi fundado 2004 e cresceu como um braço da organização terrorista al-Qaeda no Iraque. No entanto, no início de 2014 ano, os dois grupos romperam os laços. Dia 29 de junho, os extremistas declararam um califado islâmico que designou Ibrahim ibn Awad, mais conhecido como Abu Al-Bagdhadi, como califa da região situada ao noroeste do Iraque e em parte da região central da Síria, mudaram de nome para o Estado Islâmico (EI) e anunciaram que iriam impor o monopólio de seu domínio pela força. O EI é hoje um dos principais grupos jihadistas, e analistas o consideram um dos mais perigosos do mundo. O ISIS é um grupo Sunita e vem se espalhando com rapidez dentre outros motivos pois a maioria dos islâmicos do mundo são da vertente Sunita, que é a vertente Islâmica que acredita que seu líder não necessariamente virá da descendência de Maomé e sim será legitimado por suas qualidades como a liderança. Atualmente o principal líder do grupo é Abu Bakr al-Baghdadi, apontado como um comandante de campo e tático e designado. Aparentemente, ele se juntou à insurgência em 2003, logo após a invasão do Iraque, liderada pelos Estados Unidos. Diante dos avanços do Estado Islâmico, ele pode em breve se tornar o jihadista mais influente do mundo.
IV. De onde vem o dinheiro do Estado Islâmico?
Com a fragilidade política e insatisfação popular nas áreas de atuação, o Estado Islâmico ganhou terreno rapidamente junto à comunidade sunita, com a incorporação de outros grupos, aliança com comandantes militares de Saddam Hussein e funcionários do Partido Baath, expulsos de seus cargos após a invasão. Posteriormente, o EI se beneficiou da entrada de dinheiro e da adesão de combatentes vindos de diversas partes do mundo. A principal fonte de financiamento do Estado Islâmico é o petróleo iraquiano. O grupo controla, desde junho de 2014, uma parte importante da indústria de petróleo do Iraque, no norte do país, e exerce controle sobre o campo de gás de Shaar e Baiji, onde está situada a maior refinaria iraquiana. Segundo pesquisas da Bloomberg, o EI consegue aproximadamente dois milhões de dólares por dia só com a venda de petróleo, que ocorre por intermediários na Síria e na Turquia, em mercados negros com o preço muito inferior ao do mercado internacional.
Além da riqueza proveniente dessas fontes energéticas, outra fonte de apoio financeiro vem da Arábia Saudita e de países do Golfo que já teriam fornecido milhões de dólares para que combatessem os xiitas e seus aliados. Ironicamente, alguns dos países que apoiaram financeiramente o grupo há alguns anos, hoje fazem parte da coalizão contrária a eles. O EI também apreendeu grandes quantidades de armas do exército iraquiano e grupos armados sírios contra os quais luta. Outras formas de arrecadação do grupo são atividades ilegais como roubos a bancos, contrabando de carros e armas, bloqueio de estradas, sequestros e venda de antiguidades saqueadas no mercado negro, e o sistema de impostos instalado nas áreas conquistadas.
Na Síria, o grupo chegou, inclusive, a desmantelar fábricas inteiras e vender suas estruturas na Turquia. Além disso o EI se beneficia da venda de água, que foi um dos principais motivos pelos quais atacaram os Curdos, além das diferenças religiosas eles possuíam uma grande quantidade de água em seu território. Os que não foram massacrados nesses confrontos foram levados como escravos.
Outra fonte de renda vem dos milhares de adeptos do mundo todo que vem se juntando ao EI. V. Combate ao Estado Islâmico A Guerra contra o Estado Islâmico teve início em resposta às rápidas conquistas territoriais feitas pelos militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Daesh) durante o primeiro semestre de 2014; a brutalidade e os abusos dos direitos humanos condenados internacionalmente, levaram muitos países a intervir contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque Em 2015, o Estado Islâmico avançou e se estabeleceu em outros países – como no Afeganistão para rivalizar com o Talibã, mas a OTAN deteve o seu avanço. O grupo, entretanto, já estava agindo nesta data na Segunda Guerra Civil Líbia desde 2014. Depois disso, a guerra contra o Estado Islâmico se expandiu para incluir Egito, Nigéria e Rússia, além da Turquia e Líbano.
Conclusão
É inevitável notar que existe muita coisa por trás do surgimento do Estado Islâmico, interesses religiosos, interesses políticos, interesses econômicos e ações desastrosas que ao invés de recuperar um país, o Iraque, trouxeram a tona antigos conflitos além de um país completamente destruído. O Oriente médio que muitas vezes foi esquecido pelo Ocidente ou apenas lembrado para a extração de suas riquezas como o petróleo hoje tem a atenção do mundo, infelizmente de uma forma negativa, com seus conflitos e milhões de refugiados.
Fala-se em terroristas, conflitos religiosos que acontecem pelos árabes serem extremistas, porém pouco se fala da parcela de culpa dos Ocidentais nesse conflito, que sempre subjugaram o Oriente Médio como um povo atrasado de costumes estranhos e retrógrados. Além de diversas guerras que surgiram com pretextos aos quais por trás escondiam apenas um desejo de se aproveitar da riqueza daqueles países. Porém não são os ocidentais os principais atingidos toda a violência gerada pelo conflito tem como outra consequência o deslocamento, em más condições, de milhões de pessoas. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), até 20 de fevereiro de 2015, quase quatro milhões de pessoas já deixaram a Síria, tendo como destino principalmente a Turquia e o Líbano, e aproximadamente dois milhões de Iraquianos tiveram que deixar suas casas para morar em outras partes do país ou encontrar refúgio em países vizinhos. Os problemas humanitários relacionados a esses deslocamentos são inúmeros e o ACNUR tem feito constantes campanhas financeiras, atreladas a reuniões de negociações de cessar-fogo por enviados da ONU, para conseguir que a ajuda humanitária chegue aos necessitados.
O Ocidente deve assumir sua parcela de culpa nesse conflito e não apenas agir como meras vítimas do que vem acontecendo. Acolher os milhões de refugiados que são as verdadeiras vítimas desse conflito seria um primeiro passo para uma remição de tantos erros cometidos e só assim começar um combate ao Estado Islâmico por onde se deve, acolhendo os principais afetados, os que perderam suas família, seus empregos e sua pátria.
Bibliografia:
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O ESTADO ISLAMICO Weiss Michael e Hassan Hassan. Editora: Seoman Edição: 1. Ano: 2015.