Crianças sustentáveis na era consumista

05/12/2016 às 08:05
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A vida é mesmo um ciclo. Nossos pais eram crianças não consumistas, nossa geração inaugurou a era do consumo, que chegou ao ápice agora, com nossos filhos e estamos tentando reverter essa situação, com a inclusão da sustentabilidade no mundo infantil.

A vida é mesmo um ciclo. Nossos pais eram crianças não consumistas, nossa geração inaugurou a era do consumo, que chegou ao ápice agora, com nossos filhos e estamos tentando reverter essa situação, com a inclusão da sustentabilidade no mundo infantil.

Não precisamos ir muito longe, as crianças do século XX tinham suas roupas feitas pelas mães e usadas até virarem trapos, os brinquedos eram, na sua maioria, artesanais. Era a época dos carrinhos de madeira, bilboquê, pião, bonecas de pano, bola de meia, bola de gude, dos vestidos de algodão, dos calçados ortopédicos, enfim, de coisas que a infância acabava e eles não, eram repassados para amigos, primos, e faziam a alegria de alguém novamente.

Já no século XXI, as crianças se tornaram mais consumistas do que os próprios pais. As propagandas passaram a ter como público-alvo o infantil, que, com os pais cada vez mais ausentes em virtudes de trabalho, faculdade e outros compromissos, procuraram supri-la com os brinquedos da moda, deixando de perceber, o quão eles eram descartáveis e seu filhos também estavam ficando.

Até que pouco tempo atrás, estamos falando de, no máximo, três anos, percebemos como estamos criando nossos filhos cada vez com menos consciência ambiental e resolvemos 'voltar ao que era antes'.

Podemos observar hoje que na mesma loja de brinquedos onde encontramos o vídeo game da última geração ou a boneca que lembra perfeitamente um bebê de verdade, fazendo inclusive que tenhamos que cuidar da sua higiene, temos como opção caminhões de madeira, ábacos, quadro para brincar de escolinha, o antigo pião...

O que aconteceu? O excesso do descartável fez com que acordássemos e percebêssemos o quão ricas estão as empresas deste ramo e fomos nós que proporcinamos isso, o quão insatisfeitos e intolerantes começaram a se tornar nossos pequenos filhos, pois o “ter” se tornou mais importante do que o “ser” desde as mais tenras idades, o “eu quero”, “compra pra mim” desenfreado precisava de um basta diante de tamanho desperdício de objetos e infância.

Descobrimos que é possível ter uma criança sustentável na era consumista, explicando que ela pode ter um brinquedo que não passa na propaganda, porém dura mais; que aquela roupinha ou o sapato podem ser usados em mais de uma festa sem problemas; que ela também tem o dever de cuidar do meio ambiente e produzindo menos lixo ela estará ajudando bastante.

O importante é que cada vez mais tentemos demonstrar às nossas crianças que o consumo irresponsável, não importa de qual produto, resultará em uma agressão ao meio ambiente, aí sim, estaremos criando cidadãos sustentáveis.


 


 

Sobre a autora
Marcela Prado

Servidora Pública Estadual , Especialista em Direito Ambiental Urbano, Especialista em Direito Processual Civil e Difusos e Coletivos, Bacharel em Direito e Tecnóloga em Gestão no Serviço Público.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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