Reflexões sobre o temível,mas não mais temido ano da crise nacional

15/12/2016 às 09:28
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Um enfoque sobre o ano da crise política nacional, o qual levou - e leva - brasileiros à crise individual - ou à fuga para Miami.

O ano de 2016 foi marcado pela turbulência nacional e internacional, com intensa repercussão midiática e impactos negativos acerca da economia do país. Individualmente, ficou a reflexão e o temor em alguns brasileiros acerca do futuro da nação – na verdade, nada mais do que o reflexo do temor do futuro de si próprio.

Em verdade, o pensamento em prol do coletivo não tem sido muito o forte do brasileiro, sendo que isso reflete a insegurança individual, em detrimento do receio do que ocorrerá no país. Destarte, vem a pergunta: o que ocorre se a maioria dos brasileiros passasse a crer em si próprios, moldasse bem seus valores em prol do bem comum e atuasse nesse sentido? Em corolário, a força de uma nação poderia se reerguer paulatinamente, de forma a não mais se perder as esperanças, mas entender o que representa o ideal efetivo de coletividade. Infere-se que, atuando bem individualmente, estar-se-á atuando em prol dos demais, e em busca de um futuro nacional melhor, um a um. A atitude pessoal, em suma, é inseparável do resultado em prol - ou em prejuízo - do bem comum.

Se todos confiassem em seu próprio potencial e combatessem seus próprios defeitos ao invés de imputar a culpa total ao Estado – não desmerecendo todo o mal já praticado, ressalto – o panorama nacional poderia dar uma melhor visão a longo prazo, sendo que o Estado nada mais é do que a soma de seu povo, e a falha do mesmo é o reflexo da falha individual multiplicada pelo número total de habitantes do país – dos que também falharam. Sem hipocrisia: todos falham ora ou outra, ficando apenas como diferencial a humildade para reconhecê-las, e a garra para melhorar a cada dia as próprias limitações.

Ademais, já não somos mais infantes para acreditarmos em super heróis, sejam os dos filmes da Marvel, seja nos magistrados com seus "lendários" superpoderes. Somos humanos - nada mais do que isso. Não se pode transformar figuras políticas e muito menos jurídicas em heróis, sendo que isso nada mais retrata do que a notável infantilidade do povo - levando, é claro, em consideração todo o trabalho de notáveis magistrados atuantes em favor da pátria, mas sem nenhum escopo de idolatria ou mistificação de seres humanos.

Necessário esquecer a figura de um "salvador" da pátria, sendo que isto é uma construção absolutamente pueril, utópica e platônica, sabendo muito bem que as relações políticas apresentam nuances que impediriam qualquer "super herói nacional" de atuar de forma "milagrosa". Voltando à realidade, e desconstruindo o mito do super herói, necessário ressaltar que o ano corrente trouxe avanço favorável à nação, punindo - pela primeira vez no país - os tão difíceis de serem investigados "white collar crimes" - crimes do colarinho branco, os quais não deixam rastros por sua própria natureza, e culminam na chamada "cifra dourada", que representam os crimes que não são contados na estatística pois não denunciados ou averiguados, pela própria dificuldade da investigação ou da "lei do silêncio" inerente à natureza dos mesmos.

Sob esse enfoque, vemos que o ano de 2016 não precisa mais ser temido, sendo o futuro temível resta apenas aos que não confiam em si próprios e que somente pensam de forma individual, sendo que a chave para o ano de 2017 se descortina de forma gradativa, no sentido de que os valores e ideais de coletividade necessitam ser repensados de forma individual, para que o somatório das atitudes dos indivíduos – um dia – venha a refletir na atividade de seus governantes, que hoje, não possuem o aparato ético mínimo para defender os ideais preconizados na Constituição Federativa do Brasil, em defesa da tão sonhada e verdadeira democracia, em que o povo fala - mas não somente. É por sua vez escutado e temido por seus representantes que governam do povo, para o povo, e pelo povo.

Sobre o autor
Ricardo de Lemos Rachman

Advogado atuante em causas da saúde nacional, que visa não somente atuar de forma individual mas, ainda, atingir o panorama coletivo da temática no país, seja através de publicações e atuações jurídicas e defesa dos interesses dessa fragilizada minoria.

Informações sobre o texto

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