A cleptocracia x decisões do STF

10/01/2017 às 12:27
Leia nesta página:

A cleptocracia e as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal.

 

Conceito  e origem:

 

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Desde Heródoto, na Grécia Antiga, que o homem sonha com um governo perfeitamente democrático. Ou seja, um Estado tão honesto que beiraria à utopia. Em função disso, são vários os textos na história, que fazem referência a lugares utópicos.

Na Cleptocracia, poucos indivíduos comandam o poder para usufruir de benefícios ilícitos, em detrimento de uma maioria carente de qualidade no serviço público.

ciência política explica que todos os Estados tendem a se tornar cleptocratas, na ausência de manifestação da sociedade. Tais manifestações, porém, devem ocorrer de forma pacífica e organizada, e sem cunho paramilitar, conforme preconiza a Constituição Federal, no  artigo 5º, XVI.

 

                Precedentes oriundos do Supremo Tribunal Federal (STF):

               

Na Cleptocracia  o Estado de Direito não é respeitado pelos governantes, já que estes descumprem leis e desafiam autoridades de decisões judiciais. Nesse sentido, em recente decisão do STF, o presidente do Senado Renan Calheiros recusou-se a cumprir uma ordem judicial, que determinou seu afastamento liminar do cargo ( emanada do Ministro Marco Aurélio).

 

Com efeito, ao lado da enfraquecida democracia, convivemos com um Estado paralelo estabelecido de forma ilegal e corrupta, onde o respeito às leis e às boas práticas de governabilidade se tornou exceção.

Na operação lava jato, o Brasil assistiu ao desbaramento de uma organização criminosa formada por Parlamentares que comandam essa cleptocracia, cuja atuação confiava na impunidade até então estabelecida pelos julgados históricos do STF.

Nesse ponto, o panaroma começou a mudar a partir do momento em que diversos parlamantares tiveram suas prisões decretadas pelo Pretório Excelso (STF). Além disso, movimentos sociais foram intensificados nas ruas, por intermédio de protestos de diversos setores da sociedade, espalhando-se por todo o Brasil, demonstrando a insatisfação popular quanto ao governo instalado em forma de corrupção praticamente generalizada.

Registre que, em recentes declarações à imprensa, o Ministro Barroso (STF) declarou que o país vive um “ estado de corrupção generalizada”, confirmando a tese de que, de fato, vivenciamos essa forma de governo, que é a cleptocracia.

Para combater o forte sistema de corrupção instalado, faz-se mister a união de intelectuais da área jurídica, sociologia, ciência política, filosofia, entidades da sociedade civil, e setores organizados da sociedade civil.

O Supremo Tribunal Federal, em um julgado inédito, afastou o então presidente da Câmara dos Deputados ( Eduardo Cunha), em um exemplo de decisão simbólica de combate à banalização da corrupção comandada pelo então Deputado, o qual, além de ter sido denunciado por crimes financeiros ( evasão de divisas, lavagem de dinheiro), teve, no poder, uma forma de manipular seu processo de cassação, e até mesmo afrontar as instituições públicas, demonstrando o total desrespeito ao Estado de Direito.

Conclusão:

Por derradeiro, é preciso a união, com força máxima, da magistratura, ministério público, OAB, Defensoria, Polícia, Receita Federal, e outros órgãos de fiscalização, para combater e impedir o crescimento dessa cleptocracia, a qual já se instalou no país, com a ressalva, porém, da esperança de que a democracia seja prontamente restabelecida pela força democrática estabelecida pela Constituição cidadã (Constituição Federal da República de 1988).

 

REFERÊNCIAS:

 

 VEJA: corrupção no Brasil. Disponível em: http://www.kanitz.com.br/veja/corrupcao.asp

Estadão política. Disponível em: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,condolencias-reforcam-ligacao-entre-brasil-e-portugal-diz-temer-em-velorio-de-ex-presidente,10000099138

GOMES, Luiz Flávio. Corrupção e cleptocracia: o Brasil governado por ladrões. Disponível em: https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/187751860/corrupcao-e-cleptocracia-o-brasil-governado-por-ladroes

Sobre o autor
Leandro Bastos Nunes

Procurador da República. Ex-Advogado da União. Especialista em direito penal e processo penal. Articulista. Autor da obra "Evasão de divisas" (Editora JusPodivm). Professor da pós-graduação em direito penal econômico da FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências), e em cursos do Ministério Público da União. Palestrante em crimes financeiros.

Informações sobre o texto

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