Pobre Coreia do Norte

31/07/2017 às 17:25

Resumo:


  • A Coreia do Norte é um pequeno país tampão na fronteira da China.

  • A Coreia do Norte foi resultado de uma construção geopolítica do pós-guerra, dividindo a Península coreana em dois estados: Coreia do Sul e Coreia do Norte.

  • O regime comunista da Coreia do Norte é extremamente fechado e isolado, dependendo da ajuda externa para manter sua população e enfrentando escassez de alimentos.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

O ARTIGO PÕE EM DISCUSSÃO A QUESTÃO DA COREIA DO NORTE NO UNIVERSO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.

A Coreia do Norte é um pequeno país tampão na fronteira da China.

A Coreia do Norte foi resultado de uma construção geopolítica do pós-guerra, onde houve a divisão da Península coreana em dois estados: Coreia do Sul(com influência americana e capitalista) e a Coreia do Norte(com influência chinesa e comunista do agrado da antiga URSS).

Antes havia o domínio japonês na Península coreana. Ele acabou com a derrota do Japão para os Estados Unidos e demais aliados.

Em 1950, o norte invadiu o sul para tentar impor a reunificação da península, sem sucesso. Ao contrário, o conflito de três anos daí resultante, a Guerra da Coreia, acabou sedimentando a divisão entre o norte comunista, já sob a esfera de influência da China, e o sul capitalista, aliado dos EUA. Sem grandes mudanças, essa é a situação que perdura até hoje. Estão, até hoje, tecnicamente em guerra as duas Coreias.

Em 27 de julho de 1953, depois que os Estados Unidos da América, EUA, ameaçaram usar armas nucleares na Guerra da Coréia, um armistício (deriva do latim arma [arma] e stitiun [parar]) foi assinado para suspender os combates. Isso, sob o ponto de vista do Direito Internacional, não representou um Tratado de Paz entre os dois países, Coréia do Norte e Coréia do Sul, mas, apenas, um cessar-fogo. E a tensão militar continua até hoje na região, neste início do Século XXI, com a manutenção e a existência das duas Coreias, permanecendo como uma cicatriz ou resultado, da influência da bipolaridade do capitalismo e do comunismo, respectivamente, capitaneados pelos norte-americanos e soviéticos, que nortearam no período da Guerra Fria, extinta em 199, como salientam os analistas. 

A natureza do regime comunista da Coreia do Norte, localizada no Leste da Ásia, é fechado sobre si próprio, até mesmo em relação ao remanescente mundo comunista, por entender, numa perspectiva de pensamento dos ex-comunistas albaneses e cambojanos, de que as influências vindas do mundo exterior, possam efetivamente corromper a unidade ideológica do Povo e do Partido Comunista norte-coreano. Isto talvez possa explicar o porquê, do Estado Norte-Coreano ser extremamente isolado em relação a todos os demais Estados.

Entenda-se que a Coreia do Norte é um pilar estratégico da China, e nada será feito contra ela, tão miserável com sua população passando forme e vivendo do armamentismo para mostrar ao mundo uma força que não tem, sem que a China tome uma posição seja qual for.

Segundo especialistas, a existência desse pequeno país comunista, com suas obsessões nucleares, eleva a dependência que os EUA têm da China – pois só a China sabe lidar com essa ameaça incontrolável (aos olhos dos EUA). Assim, enquanto existir a Coreia do Norte e seu programa nuclear, os Estados Unidos vão precisar da China para controlar o perigo e evitar um conflito.

Além disso, sob o ponto de vista geográfico, a China tão ciosa de seu patrimônio territorial, numa visão imperialista, não quer ver, com a unificação das Coreias em prol do liberalismo, os interesses americanos próximos de sua fronteira.

A Coreia do Norte, um Estado regido desde sua fundação em 1948 pela família Kim sob um sistema econômico baseado no comunismo mais ortodoxo, sofre desde a década de 1990 uma constante escassez de alimentos e depende da ajuda externa para manter sua população.

Sem propriedade privada, o norte não oferece nenhum incentivo para investir ou aumentar a produtividade.

A Coreia do Norte tem 100% de alfabetização, mas não participa ou não se destaca em nenhum ranking internacional; é um país altamente corrupto: conforme a Transparência Internacional, é o 175º colocado de 177 países; taxa de homicídios (UNODC): 15,2 por 100 mil habitantes, em 2008; taxa de mortes no trânsito (OMC): 10,7 por 100 mil habitantes, em 2010. Os jovens do norte crescem num país pobre, corrupto e violento (com violência epidêmica), sem direitos humanos e sem iniciativa empreendedora, criatividade ou preparo para a vida mundial competitiva. Quase não têm livros para ler.

É um quadro totalmente diverso da Coreia do Sul, um dos grandes tigres asiáticos.

A produção de alimentos na Coreia do Norte se reduziu em 2015 pela primeira vez desde 2010 devido especialmente à escassez de água para regar os cultivos, informou nesta quarta-feira (27) a FAO.

A Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicou em comunicado que a produção registrou uma queda de 9% e passou de 5,9 milhões de toneladas em 2014 para 5,4 milhões em 2015.

A produção de arroz com casca - principal alimento básico do país- diminuiu 26%, até 1,9 milhão de toneladas, pela falta de chuvas e a pouca disponibilidade de água para irrigação.

Também foi afetada a produção de milho (o segundo cereal mais importante), que caiu cerca de 3% anual, somando 2,3 milhões de toneladas em 2015.

Do lado contrário, a produção de soja, batatas e outros cereais aumentou nesse período, embora suas quantidades sejam menores.

O sistema mundial de informação e alerta da FAO calcula que o país tem um déficit de 400 mil toneladas de cereais, seu maior nível desde 2011, apesar de o governo prever importar 300 mil toneladas.

Perante a escassez de alimentos estimada entre 2015 e 2016, é esperada uma deterioração da segurança alimentar na Coreia do Norte, que já no ano anterior a maioria das famílias tinha sérias dificuldades para comer.

Segundo o último relatório de segurança alimentar da FAO, a fome aumentou 120% em termos absolutos no país asiático, ao afetar 10,5 milhões de pessoas (42% da população) entre 2014 e 2016, frente às 4,8 milhões entre 1990 e 1992.

O crescimento do PIB na Coreia do Norte teve um saldo negativo entre 2008 e 2011.

A economia da Coreia do Norte é completamente nacionalizada, o que significa que alimentos, habitação, saúde e educação são oferecidos pelo Estado gratuitamente. A cobrança de impostos foi abolida desde 1º de abril de 1974.  A fim de aumentar a produtividade da agricultura e da indústria, desde os anos 1960, o governo norte-coreano introduziu inúmeros sistemas de gestão tais como o sistema de trabalho Taean. No século XXI, o crescimento do PIB norte-coreano foi lento porém constante, tendo aumentado de 0,8% em 2011, depois de dois anos de crescimento negativo. A agricultura ainda não produz o suficiente para alimentar a população, sendo necessário importar 340 000 toneladas de cereais no ano de 2013/2014 .O solo encontrado na península coreana não é muito fértil. Alguns lugares no sul são cobertos por terra vermelha; o resto da terra é ainda pior. Isto significa que altos rendimentos podem ser conseguidos apenas por constantes fertilizações do solo. Na década de 50, a região sul da península era uma das mais miseráveis do mundo. Passado décadas de profundas mudanças institucionais, a Coreia do Sul se tornou um dos líderes globais em segurança alimentar. Na Coreia do Norte, em contrapartida, a fome se transformou num mecanismo de poder utilizado pelo estado norte coreano para definir quem vive e quem morre.

Esse um quadro de um país que vive na pobreza e que tem a proteção geopolítica da poderosa China.

Sob o aspecto dos direitos humanos o tratamento dado pelo governo aos opositores é condenável.

Campos de trabalhos forçados da Coreia do Norte já duram duas vezes mais tempo que o Gulag Soviético e, cerca de 12 vezes mais do que os Campos de Concentração Nazistas mais conhecidos, como AuschwitzTreblinka Sobibor. Não há controvérsia sobre sua localização do Campo 14, pois fotografias de alta resolução, feitas por satélites, acessíveis no Google Earth, para qualquer pessoa que tenha conexão com a Internet, mostram vastas áreas cercadas que se esparramam entre as montanhas da Coreia do Norte.

O Campo nº 14 é um distrito de controle total. Tem a reputação de ser o mais duro de todos em razão das condições trabalho brutais ali vigentes, da vigilância de seus guardas e da visão implacável do Estado sobre a gravidade dos crimes cometidos por seus detentos, muitos dos quais são membros expurgados do Partido Comunista no Poder do Governo e das Forças Armadas, assim como famílias. O Campo foi fundado em 1959, no centro da Coreia do Norte, a 80 (oitenta) Km ao norte da Capital, Pyongyang, nas proximidades de Kaechon, na Província de Pyongan do Sul. Abriga cerca de 15.000 prisioneiros, numa área que tem 50 km de comprimento e 25 km de largura, e tem fazendas, minas e fábricas distribuídas por vales íngremes, como explicou René Dellagnezze (A Coreia do Norte e suas relações internacionais no mundo globalizado – Âmbito Jurídico).

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Aos olhos do mundo, a Coreia do Norte pretende se tornar uma potência militar.

Não é de hoje a preocupação americana com isso em face de seus interesses na região, envolvendo dentre outros as relações com a Coreia do Sul e o Japão, como exemplo.

O Míssil Taepodong-1O Taepodong-1 é um Míssil Balístico de três estágios desenvolvido pela Coreia do Norte, com tecnologia derivada do Míssil SS-1, mais conhecido como R-11 Scud (soviético), com alcance estimado entre 2.000 a 2.880 Km, e potencial para carregar uma ogiva com massa estimada entre 650 e 1000 quilogramas. O veículo consiste no primeiro estágio de um Nodong-1, modificado para um maior tempo de vôo, tendo no segundo estágio um provável Scud C ( hwasong-6), também modificado para o mesmo fim, e no terceiro estágio, um pequeno foguete de combustível sólido.

Este Míssil provavelmente não está sendo utilizado na Coréia do Norte como um Míssil de superfície-a-superfície, mas serviu como uma plataforma de teste para o desenvolvimento da tecnologia de Míssies de múltiplo estágio e combustíveis múltiplos, que são tecnologias fundamentais para o desenvolvimento do Missil Balistico Intercontinental  (ICBM - Intercontinental Ballistic Missile), como ainda explicou René Dellagnezze(obra citada).

É algo que aflige o mundo capitalista.

A matéria já foi tratada no âmbito das relações internacionais.

O Tratado Sobre Reduções Estratégicas Ofensivas, ou Tratado SORT,  sigla para Treaty on Strategic Offensive Reductions, mais conhecido como o Tratado de Moscou, foi assinado em 24 de maio de 2002 entre a Rússia e os Estados Unidos, visando à limitação de seus arsenais nucleares para um máximo de 2200 ogivas operacionais para cada país do seus estoques de ICBMs. Um ICBM tem as  seguintes fases de voo: fase de arranque, de  3 a 5 minutos para um foguete sólido menor do que para um foguete com propelentes líquidos; a altitude no final desta fase é normalmente entre 150 e 400 km, dependendo da trajetória escolhida, e a velocidade de saída é normalmente de 7km/s, e fase intermediária, aproximadamente de 25 minutos, em vôo sub-orbital numa órbita elíptica.

Diversas sanções já foram apresentadas pela comunidade internacional contra a Coreia do Norte por conta dessa atividade para fins bélicos. A UNU, por seu Conselho de Segurança, aprovou  embargo comercial e de armas contra aquele país.

Somente o tempo dirá até onde irá essa ação ofensiva. O certo é que o quadro na Coreia do Norte  é caótico, dependente da China, inclusive nos seus passos. 

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Sobre o autor
Rogério Tadeu Romano

Procurador Regional da República aposentado. Professor de Processo Penal e Direito Penal. Advogado.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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