O CIDADÃO E O VOTO

VOTAÇÃO

10/10/2017 às 17:35
Leia nesta página:

NÃO VOTAMOS EM QUEM QUEREMOS, E SIM, EM QUEM OS PARTIDOS POLÍTICOS NOS OBRIGAM

O CIDADÃO E O VOTO

                                               Agapito Machado

                                               Juiz Federal e Prof. da Unifor

         Não é totalmente verdade, que nós  brasileiros não saibamos  votar para eleger os  Presidente da República/Governador/Prefeito/Senador/Deputado e Vereador.

        Todavia, é  verdade   que, raramente  votamos em quem  realmente  queremos e confiamos, mas sim, somos obrigados a votar em  alguns políticos, “ficha suja”, que  nos são impostos pelos Partidos Políticos que, no Brasil, são meras “corrinholas”, com seus próprios interesses.

         São os políticos que , uma vez eleitos,  irão dirigir as nossas vidas, elaborando as leis que nos darão ou nos tirarão direitos que adquirimos às custas de muitas lutas.

        Basta lembrar as leis que já foram editadas nessa última década,  e as que virão, como, principalmente, a Reforma da Previdência  que, queiram ou não, nos trará perdas irreparáveis de direitos adquiridos importantes, em razão da corrupção que “roubou” o dinheiro do povo e empobreceu o País, prejudicando esta e as próximas gerações.

        Vejamos como têm sido as eleições no Brasil, principalmente para o cargo de  Presidente da República quando, sempre ao final, sobram dois (2) candidatos para nossa obrigatória “escolha”.

        Na   última eleição presidencial, sobraram Dilma/Temer (PT/PMDB)  x Aécio Cunha (PSDB) e, com o “impeachement” de Dilma, ficou na Presidência o  Temer,   ambos eleitos, principalmente, pelos petistas e adeptos desses dois políticos.   

         Uma nova perspectiva, para um País verdadeiramente democrático, surgiu agora, com o  recente julgamento pelo STF quando, por 6x5, os Ministros daquela Corte decidiram que a Lei da Ficha Limpa se aplicará também aos corruptos condenados antes de 2.010, sem que isso importe em retroação da lei para prejudicar alguém, como bem fundamentado está no  voto do  Min. Luiz Fux.

         Em razão disso, os Partidos Politicos não poderão nos obrigar a votar, nas próximas eleições de 2018, em quem foi condenado, notadamente por corrupção, tanto antes  como  depois de 2010. Essa a primeira limpa determinada pelo STF, como antes já tinha entendido o TSE, quando era sua Presidente, a Min.Carmen Lucia, hoje, Presidente do STF, e quem desempatou essa nova  votação, que estava 5x5.

         A segunda limpa poderá vir com a possibilidade do STF julgar, nos próximos dias,  se um cidadão pode se candidatar, sem necessitar de se filiar a nenhum Partido Político, a chamada “candidatura avulsa”.

        É que, na sessão de  quinta-feira (5, de outubro/2017), por unanimidade, o STF  reconheceu a repercussão geral da matéria tratada no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1054490, no qual um cidadão recorreu de decisão que indeferira sua candidatura avulsa a prefeito do Rio de Janeiro (RJ) nas eleições de 2016, sob o fundamento de que a Constituição Federal (artigo 14, parágrafo 3º, inciso V) veda candidaturas avulsas, ao estabelecer que a filiação partidária é condição de elegibilidade.

       No recurso ao STF, o candidato sustenta que a norma deve ser interpretada segundo a Convenção de Direitos Humanos de San José da Costa Rica, que estabelece como direito dos cidadãos “votar e ser eleitos em eleições periódicas autênticas, realizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garanta a livre expressão da vontade dos eleitores”.

      Resumo: nunca uma situação é tão ruim que não possa  melhorar, notadamente quando se busca implementar a nossa, ainda criança, democracia.  

Sobre o autor
Agapito Machado

juiz federal no Ceará, professor de Direito na Universidade de Fortaleza (Unifor)

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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não votamos em quem queremos, e sim, em quem os partidos politicos nos obriga

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