Alocução à Bandeira
Sobre este símbolo da Pátria, ao que parece, pouco se escreveu a respeito, ou então, é pouco divulgado. O discurso de Jânio Quadros, em comento, proferido na década de 40, quando ele estreava na política, como vereador da cidade de São Paulo. Ao meu sentir, não é apenas um discurso, e sim um dos mais belos poemas sobre o tema, que deveria pelos menos, ser lembrado nas comemorações no dia 19 de novembro e sete de setembro. Mas é do feitio da maioria dos brasileiros, muitas vezes, dar valor a uma literatura, que em prosa ou em verso, é medíocre, sem nenhum conteúdo, ou até mesmo contra a moral, contra os bons costumes, só por causa única e exclusivamente, da fama que desfruta os seus autores. Por esta razão, talvez, a obra de Jânio Quadros é pouco conhecida, pois somente no ano de 1911 foi postada na internet, embora a conheço desde 1961, "que hoje na memória eu guardo e sei de cor.” Quando se fala de Jânio Quadros, ele é considerado um louco (que é aliás, uma das características dos gênios). Em suas campanhas políticas, quando candidato à presidência da República, exibia a vassoura cujo objetivo era fazer uma varredura na corrupção do País. Nos comícios comia sanduíches e tomava pinga. Neste particular, lembro-me do seguinte fato contado pelo saudoso diamantinense Expedito Godoy Mata Machado: Jânio Quadros estava no palanque de uma cidade do interior de Minas e recebeu o recado de Milanês, chefe político, comunicando-lhe que o banquete estava pronto. Expedito foi o portador do seguinte recado, mais ou menos nos seguintes termos, Prezado Expedito Godoy : Diga ao Milanês que não tenho por costume, banquetear-me nas minhas campanhas políticas. Diga ao Aparecido que me cave um sanduiche e uma pinga. Diga a Eloá que venha até Cá. Quando eleito proibiu a rinha, onde havia brigas de galo.
Renunciou quando seu governo completou sete meses. Este é o julgamento que se faz de sua pessoa. O objetivo deste artigo, não é julgar o seu governo, e sim, citar alguns trechos, não em sequência, evitando-se colocar “ aspas” nas frases transcritas, da magnífica obra que devem ser transcritas e guardadas na memória “ A imensa Nação que é a língua, a cruz, o amor fraternal, e a vigilância e o gênio dos estadistas, conservaram inteira, para o nosso próprio exemplo, para o nosso próprio bem, e para o mundo melhor que desejamos. És a “ Lei Áurea” da Princesa que renunciou a um trono e satisfez o coração e os impulsos da solidariedade. És a República que a vocação coletiva procurava. A República de Benjamim Constant, de Deodoro e de Floriano - as armas do novo regime. És Rui a proclamar a força do direito, e a soberania das ruas e dos campos. És o holocausto na Itália, e cada um daqueles marcos brancos, que nos inquietam o sono, nas terríveis advertências que fazem. És o Congresso, da autoridade que emana do sufrágio livre; a Toga impoluta que aplica os decretos; os bordados do oficial que te protege, as mãos calosas do operário que te engrandece; o riso da criança; a vibração do universitário”. É triste constatar que a corrupção assola o Brasil em quase todos setores, praticada pelos maus políticos. Daí a advertência final: “Aqui nos congregamos para manifestar-se obediência completa e horror a tudo que te atraiçoe, a tudo que te conspurque, a tudo que te comprometa. À mentira e à injúria. Ao furto e à violência. Ao compromisso e ao negócio. Ao embuste e à opressão. Recebe, Bandeira, o nosso juramento: se não pudermos ter-te por manto, desejamos por sudário! Sê bendito, Pavilhão Brasileiro!” (Discurso proferido em 18-11-1953, na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo)
José Edson de Andrade Neves
observação do articulista: Jânio, naquela época, já tinha ojeriza aos funcionários públicos.