Alocução à bandeira

23/12/2017 às 14:39

Resumo:


  • Jânio Quadros foi um político brasileiro conhecido por seu discurso sobre a Bandeira Nacional, considerado um belo poema sobre o tema.

  • Ele era visto como excêntrico, fazendo campanhas políticas com a vassoura como símbolo de varrer a corrupção, comendo sanduíches e tomando pinga nos comícios.

  • Jânio Quadros renunciou à presidência após sete meses de governo, sendo lembrado por suas atitudes peculiares e por suas frases marcantes.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Jânio Quadros, em discurso de 1953, exaltou o simbolismo da bandeira nacional como expressão de moral, justiça e unidade.

Sobre este símbolo da Pátria, ao que parece, pouco se escreveu ou, então, é pouco divulgado. O discurso de Jânio Quadros, ora analisado, foi proferido na década de 1940, quando ele estreava na política como vereador da cidade de São Paulo. Ao meu ver, não é apenas um discurso, mas sim um dos mais belos poemas sobre o tema, que deveria, ao menos, ser lembrado nas comemorações do dia 19 de novembro e do dia 7 de setembro.

É do feitio da maioria dos brasileiros, muitas vezes, valorizar uma literatura que, em prosa ou em verso, é medíocre, sem conteúdo algum ou até mesmo contrária à moral e aos bons costumes, apenas por causa da fama de seus autores. Talvez seja por essa razão que a obra de Jânio Quadros seja pouco conhecida, pois somente em 2011 foi publicada na internet, embora eu a conheça desde 1961, “quando passei a guardá-la na memória e sei de cor”.

Quando se fala de Jânio Quadros, ele é frequentemente considerado um louco (o que, aliás, é uma das características dos gênios). Em suas campanhas políticas, quando candidato à presidência da República, exibia uma vassoura, cujo objetivo era simbolizar a varredura na corrupção do País. Nos comícios, comia sanduíches e tomava pinga.

Neste ponto, lembro-me de um fato contado pelo saudoso diamantinense Expedito Godoy Mata Machado: Jânio Quadros estava em um palanque de uma cidade do interior de Minas e recebeu o recado de Milanês, chefe político local, informando que o banquete estava pronto. Expedito foi o portador da seguinte mensagem, que reproduzo com algumas variações:

“Prezado Expedito Godoy: diga ao Milanês que não tenho por costume banquetear-me nas minhas campanhas políticas. Diga ao Aparecido que me providencie um sanduíche e uma pinga. Diga à Eloá que venha até cá.”

Quando foi eleito, proibiu as rinhas, onde ocorriam brigas de galo. Renunciou ao cargo de presidente quando seu governo completou sete meses. Esse é o julgamento que geralmente se faz de sua pessoa.

O objetivo deste artigo, contudo, não é julgar o seu governo, mas citar alguns trechos, não necessariamente em sequência, evitando o uso de aspas nas frases transcritas, de sua magnífica obra, que devem ser memorizados e guardados:

A imensa Nação que é a língua, a cruz, o amor fraternal, e a vigilância e o gênio dos estadistas conservaram inteira, para o nosso próprio exemplo, para o nosso próprio bem e para o mundo melhor que desejamos.

És a ‘Lei Áurea’ da Princesa que renunciou a um trono e satisfez o coração e os impulsos da solidariedade. És a República que a vocação coletiva procurava. A República de Benjamim Constant, de Deodoro e de Floriano – as armas do novo regime. És Rui a proclamar a força do direito e a soberania das ruas e dos campos. És o holocausto na Itália e cada um daqueles marcos brancos que nos inquietam o sono, nas terríveis advertências que fazem. És o Congresso, da autoridade que emana do sufrágio livre; a Toga impoluta que aplica os decretos; os bordados do oficial que te protege; as mãos calosas do operário que te engrandece; o riso da criança; a vibração do universitário.

É triste constatar que a corrupção assola o Brasil em quase todos os setores, sendo praticada por maus políticos. Daí a advertência final de Jânio Quadros:

Aqui nos congregamos para manifestar obediência completa e horror a tudo que te atraiçoe, a tudo que te conspurque, a tudo que te comprometa: à mentira e à injúria, ao furto e à violência, ao compromisso e ao negócio, ao embuste e à opressão. Recebe, Bandeira, o nosso juramento: se não pudermos ter-te por manto, desejamos por sudário! Sê bendito, Pavilhão Brasileiro!

(Discurso proferido em 18 de novembro de 1953, na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo)

Observação do autor: Jânio, naquela época, já tinha ojeriza aos funcionários públicos.

Sobre o autor
José Edson de Andrade Neves

Advogado militante em Belo Horizonte, graduado pela Faculdade de Direito da UFMG, em Belo Horizonte, pos graduado em Ciências Penais, pela Faculdade Gama filho

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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