Transtornos mentais no trabalho

Exibindo página 2 de 2
Leia nesta página:

4. SOLUÇÕES PARA O COMBATE DO ADOECIMENTO NO TRABALHO

 4.1 MÉTODO EM CLÍNICA PSICODINÂMICA DO TRABALHO

A psicodinâmica trata-se da uma teoria que veio para desenvolver reflexões sobre os aspectos psíquicos do trabalhador, as exigências excessivas do trabalho que levam a um desgaste precoce tanto físico quanto psíquico.

Para o trabalhador manter seu desempenho e a produtividade, sobrecarrega organismo, ficando cada vez mais vulnerável aos quadros de adoecimento.

O psicanalista deve buscar a verdade singular do paciente. E esta verdade só emergirá nas entrelinhas do discurso do analisando, aonde sua fala tropeça e se revela a partir das formações do inconsciente ou se apresenta na forma de resistência, ou ainda quando se opera uma transformação na relação transferencial. Ou como nos diz Leclaire: "(...) todo nosso trabalho se desenvolverá no sentido de compreender a ordem da verdade solicitada a se manifestar na situação psicanalítica"(Leclaire, 1977: p. 16).

 4.2 ESCUTA ANALÍTICA

A uma diferença fundamental entre ouvir e escutar. Tal diferença, sutil muitas vezes, chegando a passar despercebida na maioria dos casos, é bastante relevante. Ouvir está mais ligado aos sentidos da audição, ao próprio ouvido. "Entender, perceber pelo sentido do ouvido"

A escutar, por sua vez, significa "(...) prestar atenção para ouvir; dar atenção a; ouvir, sentir, perceber..." (Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa). Ou ainda: "tornar-se ou estar atento para ouvir; dar ouvidos a; aplicar o ouvido com atenção para perceber ou ouvir..."Percebe-se, então, que o ouvir é mais superficial do que o escutar. Para escutar, faz-se necessária a utilização de uma função específica, a saber, a da atenção.

Assim, pode-se dizer que a escuta retém o discurso do outro.Posto isto, fica claro que ao analista cabe escutar, não simplesmente ouvir. Este trabalho destina-se a estudar a escuta analítica.De acordo com, FREUD a técnica da psicanálise é muito simples. “Consiste simplesmente em não dirigir o reparo para algo específico e em manter a mesma atenção Uniformemente suspensa’ (atenção flutuante) em face de tudo o que escuta” (Freud, 1912: p. 125.)”

Portanto, Freud adverte não ser bom fazer anotações integrais do que foi relatado durante as sessões, pois isto, de um lado, poderia ser desagradável para o paciente e, por outro lado, o material seria novamente objeto de seleção, uma vez que o analista não conseguiria a façanha de escrever sobre o que o paciente falou e escutar o que ele está falando ao mesmo tempo. Mesmo que tal fato fosse justificado pelo analista no sentido de estar trabalhando cientificamente em cima do caso clínico.

A este respeito, Freud alerta que:

Não é bom trabalhar cientificamente num caso enquanto o tratamento ainda está continuando - reunir sua estrutura, tentar predizer seu progresso futuro e obter, de tempos em tempos, um quadro do estado atual das coisas, como o interesse científico exigiria. Casos que são dedicados, desde o princípio, a propósitos científicos, e assim são tratados, sofrem em seu resultado; enquanto os casos mais bem sucedidos são aqueles em que se permite ser tomado de surpresa por qualquer nova reviravolta neles, e sempre se o enfrenta com liberalidade, sem quaisquer pressuposições. A conduta correta para um analista reside em oscilar, de acordo com a necessidade, de uma atitude mental para outra, em evitar especulação ou meditação sobre os casos"

 A análise possibilita ao sujeito descobrir acerca do desejo inconsciente que o mantém ligado aos sintomas. Quando faz esta descoberta, pode dar a si próprio um lugar diferente daquele que tinha antes de ser analisado. Assume que é responsável por seus sucessos, mas também por seus fracassos.

Podendo assim, organizar-se em seu discurso e encontrar o fio que permite sair do labirinto de seu próprio desejo. Trabalhando sempre com o desejo inconsciente que é território de descoberta. Muitos analisados assustam-se quando descobrem que o que dizem ou deixam de dizer, tem consequências no corpo e em suas vidas. Ocupando especialmente com aquilo que "não anda" para o paciente, seus impedimentos, fracassos, doenças. E trabalhando com cada sujeito em particular. Se cada indivíduo tem sua história, (seu lugar ao nascer - se foi desejado ou não- posição na cadeia familiar, irmãos) sua subjetividade, sua singularidade, são analisados cada caso como único, não existindo uma resposta coletiva ou ortopédica, nenhum tratamento massivo. Só falando no dispositivo analítico, de si, de sua história, cada um pode descobrir seu próprio desejo inconsciente.

Algumas pessoas questionam o tempo da sessão na análise lacaniana: é um tempo onde as sessões não são reguladas estritamente pelo relógio, mas por um tempo lógico (ou ilógico) tempo do inconsciente, em que a analista escuta, interroga e pontua a fala do analisando podendo cortar a sessão no determinado momento em função do aparecimento de um representante do inconsciente. Este momento é sempre inesperado, e o corte permite a continuidade do trabalho do inconsciente, possibilita que, mesmo fora da sessão o sujeito continue associando, fazendo suas descobertas.

4.3 PSICANÁLISE

A psicanalise seria o diálogo entre o analista e o analisado que tem como objetivo induzir o paciente a um trabalho de autorreflexão, ou seja, um processo individual de socialização entre o especialista e o paciente.

A psicanálise é conhecida por produzir no paciente grandes evoluções na doença e no paciente, ou seja, o paciente será levado a recapitular o episódio que gerou o trauma levando a superar tal fato, evitando que gere mais crises e mudanças de comportamentos instantâneas.

Sobre os desafios na clínica atual diante da impossibilidade do livre associar do analisando decorrente não de processos de recalcamento, mas de vivências desestruturastes ou desorganizadoras que impediram a capacidade representacional. Para isso, nós nos propomos a retomar algumas contribuições de Freud para depois aprofundarmos nossa reflexão com base na concepção teórica de Ferenczi e contribuições de alguns autores que, influenciados direta ou indiretamente por suas postulações teóricas, auxiliam na reflexão sobre os impasses que a questão do corpo, do afeto e da palavra colocam para a clínica atual.

4.4  MUDANÇA DO AMBIENTE DE TRABALHO

A mudança no mundo do trabalho, principalmente no se refere á invenção de novas tecnologias e métodos de gerenciais, têm facilitado a intensificação laboral, refletindo sobre o viver, o adoecer e o morrer dos trabalhadores. Tem surgido novas formas de adoecimento, dentre elas, o estresse, fadiga física e mental e outras manifestações de sofrimento, todas relacionadas com o trabalho, ambiente e relações pessoais.

O que se busca nessa sociedade contemporânea são relações e ambientes saudáveis para o trabalhador. Seguindo esse sentindo, percebe-se que a saúde ocupacional é de suma importância para garantir a saúde dos trabalhadores e também para contribuir positivamente na produtividade, qualidade dos produtos, motivação e satisfação no trabalho realizado.

Alguns empresários acreditam que métodos, normas, padrões, melhorias contínuas, são as melhores soluções para uma boa produtividade e o crescimento do negócio, mas percebe-se que muitas vezes desencadeiam práticas desfavoráveis ao convívio, influenciando diretamente no clima e no desempenho dos colaboradores. Muitos fatores entram em cena para auxiliar o processo diário de trabalho como motivação, liderança, comunicação assertiva, adaptação, reconhecimento e capacitação. “O empresário deve saber comunicar, liderar, motivar e conduzir as pessoas.

Precisa deixar de ser o gerente autocrático e impositivo dentro do ambiente de trabalho, para ganhar a aceitação das pessoas e seu comprometimento, tornando- se assim tudo mais favorável para organização do ambiente e sua produtividade.

Proporcionar um ambiente favorável com relações sadias traz grandes benefícios para os gestores e, consequentemente, para as organizações. Equipes sólidas são mais fortes não só por compartilharem as vitórias, como também para dividirem os resultados negativos e buscarem as soluções que possam reverter essa situação. Relacionamentos interpessoais éticos e gentis diminuem o individualismo, aumentam o comprometimento e a responsabilidade. Um clima organizacional harmonioso resulta em entusiasmo, amplia a visão de futuro, melhora o desempenho e a produtividade.

Fique sempre informado com o Jus! Receba gratuitamente as atualizações jurídicas em sua caixa de entrada. Inscreva-se agora e não perca as novidades diárias essenciais!
Os boletins são gratuitos. Não enviamos spam. Privacidade Publique seus artigos

4.5  RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS

O relacionamento interpessoal é a conexão feita por duas ou mais pessoas de um mesmo círculo. Ele tem muito a ver com a maneira que tratamos e nos relacionamos com os outros e a qualidade dessas relações. Na vida profissional, trata-se da forma como nos relacionamos com os colegas de trabalho. E manter bons relacionamentos profissionais é imprescindível para a carreira de qualquer profissional.

A Empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. Cada indivíduo é único e rico dentro de suas peculiaridades. Por isso, saber extrair o que existe de melhor em seus colegas e colaboradores e respeitar suas dificuldades é muito importante para o andamento do trabalho.

A relação interpessoal e o trabalho em equipe no ambiente de trabalho, estão diretamente relacionados com os impactos causados na motivação dos colaboradores, no desempenho e nos resultados das organizações. As importâncias de um bom relacionamento estão ligadas com o desenvolvimento e valorização destes para alcançar a excelência.

Relacionamentos interpessoais éticos e gentis diminuem o individualismo, aumentam o comprometimento e a responsabilidade. Um clima organizacional harmonioso resulta em entusiasmo, amplia a visão de futuro, melhora o desempenho e a produtividade.

Deixar claro quer as personalidades diferentes podem contribuir de maneira diferente no ambiente de trabalho, respeitar o que cada um tem de melhor. Dando assim a cada um o seu espaço com o respeito, dignidade, confiança, absorvendo o que cada um tem de melhor a oferecer e contribuir com o local de trabalho.


5. CONCLUSÃO

O relacionamento do trabalhador no seu ambiente de trabalho, tanto com os seus supervisores hierárquicos, com os colegas de produção e com o próprio ambiente e de suma importância para a saúde do obreiro e desenvolvimento do seu trabalho na empresa.

Uma vez que, existe um obreiro insatisfeito com o seu ambiente de serviço com as pessoas que nele reside, somente aumentam as chances de ter um trabalhador com um baixo nível de produção, um trabalhador depressivo e insatisfeito com o a sua profissão, podendo até ser tornar um laborador com sérios transtornos.

De acordo com pesquisas e estudos da saúde mental do trabalhador no seu ambiente empregatício comprovaram que tal fato já vem sendo uma preocupação para sociedade. Já que para o homem o trabalho é sua dignidade, é sua vida, é dele que se proporciona grandes realizações pessoais. E se isso não acontece o mais provável que o trabalho se torne um fardo a ser carregado, gerando vários tipos de emoções, dentre elas a frustação, a tristeza, o objetivo não realizado, levando esse trabalhador ao adoecimento.

Portanto, deve-se perceber que o devido tema é de grande preocupação da sociedade, como vamos ter uma massa que é de estrema importância para o desenvolvimento populacional doente é algo que tem que ser pensado e mudado por parte do Estado, de grandes empresários, de indivíduos e de toda a sociedade. Uma mudança que deve ser incentivada, apoiada e de como acordo para o bem-estar de todos.


REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

  • BERNHOEFT, RENATO, 1942 – Trabalhador e desfrutar – Equilíbrio entre vida pessoal e profissional/Renato Bernhoeft. – São Paulo: Nobel, 1991.

  • DEL PRETTE, ALMIR – Psicologia das relações interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo/ Almir Del Prette, Zilda A.P. Del Prette 8.ed – Pretópolis, RJ: Vozes, 2010.

  • Freud, S. (1912). Recomendações aos médicos que exercem psicanálise. In: ESB das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Editora Imago, Rio de Janeiro, 1996. v. XII, p. 123-133.

Freud, S. (1913). Sobre o Início do Tratamento. In: ESB das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Editora Imago, Rio de Janeiro, 1996. v. XII, p. 137-158.

  • http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_215.pdf
  • http://www.spid.com.br/revistas/r40.2/05%20TP40.2%20-
  • http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/tst-promove-simposio-sobre-transtornos-mentais-relacionados-ao-trabalho?inheritRedirect=false%20Angela%20Coutinho.pdf

  • Imersões em psicodinâmica do trabalho na arte, gestão de docência na modernidade./ Marcos Bueno, Kátia Barbosa Macêdo, organizadores. - Goiania: Ed. Da PUC GOIÁS, 2016. 228.: 22 cm.

  • Liliana Andolpho Magalhães Guimarães e Adriana Odalia Rimoli), Mai-Ago 2006,Vol.22 n.2,pp,183-192.

  • Organização do Trabalho e adoecimento – uma visão interdisciplinar: / organizadores, Kátia Barbosa Macêdo, Janilda Guimarães de Lima, Alesssandra Ramos Demito Fleury e Carla Maria Santos Carneiro [et al], ,. – Goiania: Ed. Da PUC GOIÁS, 2016. 332.: 22 cm.

  • ROUANET, SERGIO PAULO – Teoria crítica e psicanálise/ Sergio Paulo Rouanet – Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; 1998. 377p. Biblioteca Tempo Universitário; nº 66. 1.Psicanalise, 2. Ciências, Politicas 3. Sociologia 1. Título II Serie.

  • Saúde mental no trabalho: coletânea do fórum de saúde e Segurança no trabalho do Estado de Goiás /coordenação geral, Januário Justino Ferreira; coordenação cientí¿ ca, Laís de Oliveira Penido. Goiânia: Cir  Grá¿ca, 2013.676 p. : il.ISBN 978-85-63828-01-9 ISBN E-BOOK 978-85-63828-02-6 1. Saúde mental no trabalho. I. 2. Segurança no trabalho. I. Ferreira, Januário Justino. II. Penido, Laís de Oliveira.

  • TSUTIYA,AUGUSTO MASSAYUKI – Curso de direito seguridade social/ Augusto massayuki tsutiya – 2 ed. – São Paulo: Saraiva, 2008. Conteudo: Custeio da seguridade social – Precidência social – Brasil 2. Ed. Seguridade social brasil – titulo I.
Sobre os autores
Rodrigo da Paixão Pacheco

Advogado. Membro das Comissões de Direito do Consumidor, Família e Sucessões e Advocacia Jovem, da OAB seccional Goiás. Mestrando em Serviço Social pela PUC Goiás. Possui graduação em Direito e Administração PUC Goiás. Pós graduando em Direito Civil e Processo Civil e Direito Penal e Processo Penal pela UCAM/RJ.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Leia seus artigos favoritos sem distrações, em qualquer lugar e como quiser

Assine o JusPlus e tenha recursos exclusivos

  • Baixe arquivos PDF: imprima ou leia depois
  • Navegue sem anúncios: concentre-se mais
  • Esteja na frente: descubra novas ferramentas
Economize 17%
Logo JusPlus
JusPlus
de R$
29,50
por

R$ 2,95

No primeiro mês

Cobrança mensal, cancele quando quiser
Assinar
Já é assinante? Faça login
Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Colabore
Publique seus artigos
Fique sempre informado! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos