Reflexo da violência doméstica nas crianças e adolescentes

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Analisa a violência doméstica e seus reflexos nas crianças e adolescentes, visando apresentar aspectos psicológicos e os comportamentos ocasionados pela violência, bem como as consequências graves (psicológica e física), as quais atingem o desenvolvimento.

Resumo: O presente trabalho teve como base pesquisas bibliográficas e artigos com tema Violência em ambientes domésticos e seus reflexos nas crianças e adolescentes, visando apresentar aspectos psicológicos e seus comportamentos ocasionados pela violência, bem como as consequências graves (psicológica e física) as quais atingem desenvolvimento social e cognitivo, saúde e o bem estar físico e mental das mesmas.

Palavras-chave: Violência doméstica; crianças e adolescentes; família; desenvolvimento infantil.


1. INTRODUÇÃO

Um dos problemas que ocorrem desde o início dos tempos, é a violência, o ato se caracteriza como toda e qualquer ação que invada que utilize a agressividade de forma intencional e excessiva para ameaçar, podendo ser manifestada através de atos que produzam ou não ferimentos.

Atualmente, as crianças e adolescentes vem sendo alvo de agressões em vários ambientes, de acordo com Guerra (2001) a violência doméstica acomete as vítimas que por medo sofrem caladas com a violação de sua integridade física, sexual, moral, e psicológicas devido ao medo de denunciar seu agressor e com isso os principais responsáveis falham em termos de oferecer cuidados físicos, emocionais e sociais e quando tal falha não é o resultado das condições de vida além do seu controle.

Desta forma as crianças e adolescentes necessitam de um ambiente familiar com relações sustentadoras e contínuas as quais serão a base para um desenvolvimento saudável. Desta forma crianças e adolescentes em fase de desenvolvimento quando expostas às situações de violência sofrem efeitos negativos a curto em longo prazo sobre a saúde mental física, no bem-estar e no seu desenvolvimento social.


2. DESENVOLVIMENTO

Nos séculos passados, as fases das crianças e dos adolescentes não eram consideradas importantes para a fase adulta, assim só depois da das condições físico adquirida pelo indivíduo, que se tornava inserido na sociedade como necessário para a existência humana (SILVA, 2002, p. 4-5).

Para Brasil (2001) apud Souza (2006) a violência doméstica é descrita como um desafio dos saberes predominantes e atuais da saúde pública e do campo social, pois mesmo havendo grande divulgação pela mídia sobre o número de casos e formas de prevenção e programas sociais, há uma crescente demanda.

Considera-se a violência segundo os estudos de Michaud (1989) apud Junqueira (2003), que ressaltam:

A palavra violência vem do latim violentia, que significa caráter violento ou bravio, força. O verbo violare significa tratar, ofender com violência, profanar, transgredir. A violência encontra-se em uma situação de interação de tal modo que, um ou vários atores, agem, de maneira direta ou indireta, causando danos a uma ou várias pessoas, em graus variáveis, seja em sua inteireza física ou moral (MICHAUD 1989 p. 6. apud JUNQUEIRA 2003 p.19)

A violência doméstica quando incide sobre crianças pode ser identificada na ação (violência) ou omissão (negligência) praticada por um adulto com maturidade física e psíquica o qual é responsável ou cuidado da vítima, por familiares próximos ou pelos próprios pais. Esta forma de violência é capaz de causar alguns tipos de danos emocionais, físicos, morais, patrimoniais e psicológicos ás vítimas e suas crianças e adolescentes, assim a negação do direito e seu desenvolvimento são afetados. (ROSAS 2006, apud AZEVEDO 2001).

A violência intrafamiliar pode ocorrer de várias formas como: violência física, verbal e emocional em forma de agressão domínio e controle. Na maioria das vezes está relacionado à carência de afetividade dentro do contexto familiar, o que consequentemente gera uma deficiência na estrutura destas famílias. As crianças que crescem e se desenvolvem nessas circunstancias convivem diariamente em um ambiente com insegurança, e constrangimento social. Indivíduos submetidos a estas condições de vida têm uma grande possibilidade de crescer e desenvolver padrões comportamentais semelhantes aos seus familiares, tornando se uma pessoa agressiva e/ou propensa à criminalidade. (SILVA et al., p.1092, 2014).

As consequências da violência nas vítimas de agressão são severas e múltiplas, colocando em exposições as crianças e adolescentes que estão no contexto intrafamiliar, prejudicando o bem-estar e a qualidade de vida dos envolvidos, afetando emocionalmente, socialmente, sexualmente, cognitivamente, comportamental mente as vítimas e as sequelas destas agressões podem permanecer ao longo da vida adulta (Curto & Paula, 2009; Garbin et al.. 2012; Hohendorff et al.. 2012; Sá et al.. 2012).

Segundo Ministério da saúde em uma pesquisa realizada em 2009, cerca de 18 mil crianças são vítimas de violência doméstica por dia no Brasil. Conforme os dados do Fundo das nações Unidas para Infância (UNICEF) mostram que 80% das agressões físicas em crianças e adolescentes foram causadas por parentes próximos e a cada hora uma criança morre vítima de violência dos próprios pais. A família é o lugar aonde procuramos um espaço de proteção e refúgio, se no núcleo familiar acontecem situações de violência doméstica o indivíduo se sente desprotegido e frágil, deixando marcas irreparáveis principalmente para a vítima e suas crianças e adolescentes que nela convivem.

De acordo com Garbin et al.(2012), compreende se que a maioria das crianças encontra se presentes vários tipos de violência, por exemplo, uma criança que foi espancada já passou pela violência psicológica e negligência bem como uma criança vítima de abuso sexual já passou também pela situação de negligencia, violência psicológica e maus tratos. Dentre as forma de violência mais presentes no contexto familiar pode se dizer que a violência psicológica está presente em todas as esferas, o fato de presenciar uma ação de violência mesmo quando a ação não está direcionada a criança.

Abranches & Assis(2011) ressaltam que a violência psicológica apesar de presente e mais frequente que as outras formas de abuso são pouco diagnosticada devido a sua falta de definição e conceitos os quais consequentemente auxiliaria no processo de detecção e prevenção da mesma. Este tipo de violência é considerado o ponto central da negligência e do abuso infantil, sendo também a forma de violência que causa mais danos no desenvolvimento infantil que a violência física.

As crianças e adolescentes estão em fase de desenvolvimento, os quais serão fundamentais para os próximos anos de vida e sua fase adulta. Entende se como desenvolvimento infantil uma fase da vida em que o indivíduo compreende fenômenos do crescimento, maturação e a aprendizagem as quais geram mudanças de comportamentos que podem ser percebidas na mudança de comportamento e nas habilidades adquiridas nesse período, estas mudanças podem ser observadas no contexto físico, emocional, intelectual e social podendo variar de acordo a individualidade de cada criança. (SILVA et al., 2014)

Para estudiosos os prejuízos causados pela violência psicológica ao desenvolvimento infantil podem ser vistos como: incapacidade de aprender, incapacidade de construir e manter satisfatória relação interpessoal, inapropriado comportamento e sentimento frente a circunstancias normais, humor infeliz ou comportamentos ligados a depressão, dentre vários outros. (GUIRGUIS, 1979, GARBARINO, 1976, GARBARINO, 1993 apud ABRANCHES & ASSIS, 2011).

Em Silva et al. (2014), discorre também que as crianças em que convivem em um contexto familiar com uma deficiência nos laços afetivos provindos dos cuidadores ou responsáveis podem causar graves alterações no sistema nervoso central, bem como nas funções cognitivas, o que consequentemente poderá aumentar a vulnerabilidade no desenvolvimento da criança. A vulnerabilidade nas crianças da-se pela falta de uma relação sustentadora no contexto familiar e quando acompanhada de estímulos inadequados e com a presença de violência e drogas pode ocasionar situações prejudiciais ao desenvolvimento infantil.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, conclui-se que as mais variadas formas de violência são prejudiciais a qualquer indivíduo, porém quando o público é infantil, ameaça o desenvolvimento do mesmo, independente da sua faixa etária, apesar de que crianças menores têm sua capacidade de compreensão ser mais desenvolvida que crianças maiores podendo estar desenvolvendo estratégias para lidar com a situação, e não apresentar tantas dificuldades, porém estas podem aparecer em longo prazo.

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Os atos de violência são maléficos, às crianças expostas às violências domésticas estão em situação de risco, podendo estes ser semelhantes ao das crianças que sofrem abuso físico. Como se percebe as reações das crianças em situação de violência pode ser variado, algumas desenvolvem uma agressividade maior, outras se isolam ou se tornam agressivas, portanto comportamentos são respostas do ambiente em que o mesmo está inserido, sendo adquiridos no meio familiar e podem se tornar adaptativas para as situações de violência vivenciadas, porém em outros contextos sociais podem ser prejudiciais no desenvolvimento da mesma.

Portanto conclui que consequências vão mais além, a longo prazo podem desenvolver ações inadequadas no quesito de violência ou solução de conflitos que envolvam violência, sendo mais agressivos, ou até mesmo se culparem pelos conflitos familiares vivenciados.


4. REFERÊNCIAS

AZEVEDO, M. A.; GUERRA, V. N. A. MANIA DE BATER: A PUNIÇÃO CORPORAL DOMÉSTICA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL. São Paulo: Iglu, 2001.

Maia, A. C. & Barreto, M. (2012). VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO AMAZONAS: ANÁLISE DOS REGISTROS. Psicologia em Estudo, 17(2), 195-204. Retirado em 29/08/2018, do SciELO (Scientif Eletronic Library Online): https://www.scielo.br/scielo.php

ROSAS, Fabiane Klazura; CIONEK, Maria Inês Gonçalves Dias. O IMPACTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA VIDA E NA APRENDIZAGEM. 2006.

SILVA, Lygia Maria Pereira da.VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE. Recife: EDUPE, 2002.

GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo. VIOLÊNCIA DE PAIS CONTRA FILHOS: A TRAGÉDIA REVISITADA. 4. ed. revista e ampliada. São Paulo: Cortez, 2001.

SOUZA, Patricia Alves & DA ROS, Marco Aurélio. OS MOTIVOS QUE MANTEM AS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NO RELACIONAMENTO, REVISTA DE CIÊNCIAS HUMANAS, nº 40, p. 508. – 527. Out 2006.

SILVA, Daniel Ignacio da. VULNERABILIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA: INFLUENCIA DOS ELOS FRACOS, DEPENDÊNCIA QUÍMICA E VIOLÊNCIA DOMESTICA, Texto contexto da Enfermagem p. 1087. – 94. Dez 2014.

ADAS SALIBA GARBIN, Cléa et al.. A VIOLÊNCIA FAMILIAR SOFRIDA NA INFÂNCIA: UMA INVESTIGAÇÃO COM ADOLESCENTES. Psicol. rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte , v. 18, n. 1, p. 107-118, abr. 2012 . Disponível em <https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682012000100009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 set. 2018. https://dx.doi.org/10.5752/P.1678-9563.2012v18n1p107

Abranches, Cecy Dunshee de & ASSIS, Simone Gonçalves. A (IN)VISIBILIDADE DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA NO CONTEXTO FAMÍLIA. Caderno de saúde pública, Rio de Janeiro, p. 843-854, Maio 2011.

JUNQUEIRA. Marciclene de F.R. REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Universidade Católica de Goiás. 2003. Disponível em: <https://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2014-04/representacao-social-da-violencia-domestica-contra-criancas-e-adolescentes.pdf> Acesso em 08 de setembro de 2018.

Sobre as autoras
Regiane Bueno Araújo

Orientadora da pesquisa. Docente no Curso de Psicologia da Faculdade Campo Real, Psicóloga, Mestranda pela Universidad de La Empresa - UDE em Ciências Criminológico-Forense; Graduada em Psicologia pela UNIPAR, Especialista em Análise do Comportamento Humano e Terapia Analítico Comportamental pela Unipar

Chayany Ferreira Dangui

Acadêmica do curso de Psicologia 10° Período, Centro universitário Campo Real.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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