Como a falta de sono e alguns medicamentos podem prejudicar os reflexos na direção?

24/09/2018 às 16:41
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Direção arriscada devido à falta de condição física e mental do condutor.

Direção arriscada devido à falta de condição física e mental do condutor

Com a correria do dia a dia e com a determinação do cumprimento de prazos tanto no ambiente de trabalho quanto em eventos pessoais, não é atípica a sonolência ou a distração de condutores na direção de carros, motos e, principalmente, caminhões.

Um dado alarmante da ABS (Associação Brasileira do Sono) é que 30% das mortes e 20% dos acidentes de trânsito no país são decorrentes do déficit de atenção ocasionado pelo sono ou pelo consumo de medicamentos específicos para combater o sono, pois muitas pessoas não têm ciência dos efeitos colaterais que determinado remédio terá sobre o seu corpo.

Um ato de imprudência? Podemos dizer que sim, pois o ato de dirigir um carro, moto ou até mesmo veículos de cargas só é autorizado mediante a obtenção da CNH e orientações obtidas nas autoescolas que, por sua vez, tendem a estimular que o motorista esteja em boas condições física e mental para que possa enfrentar as adversidades do trânsito.

Para o ato da obtenção da Carteira Nacional de Habilitação é necessário que o condutor esteja apto físico e mentalmente. Esta aprovação é realizada através dos exames de aptidão física e mental e/ou da avaliação psicológica, todos de extrema importância para a direção segura do condutor.

Estes exames são realizados pelos órgãos de trânsito seguindo a estipulação da Resolução 425 do Conselho Nacional de Trânsito. O exame de aptidão física e mental é realizado por clínicas credenciadas pelo DETRAN e tem como finalidade determinar quais são as condições de saúde que a pessoa possui para conduzir o automóvel. O exame de avaliação psicológica, mais conhecido como psicotécnico, tem como finalidade avaliar as habilidades do condutor, como a de concentração e de tomada de decisões, essenciais para a direção.

Mesmo com a realização destes exames de aptidão no ato da obtenção da CNH, no decorrer do dia a dia, alguns condutores tentam driblar o cansaço e tapear o limite de seu próprio corpo. Muitos tendem a realizar ações que aliviam momentaneamente o cansaço, como aumentar o volume do som, lavar o rosto ou partir para práticas mais arriscadas. Conforme expõe a Fundação Dom Cabral, a cada 100 motoristas de caminhão, 8 ingerem algum tipo de droga e 4 tomam remédios.

O consumo de algumas substâncias pode afetar negativamente o nosso estado físico e mental, influenciando, consequentemente, na direção e causando riscos para si e para terceiros. São eles: antigripais, antialérgicos, remédios para emagrecer, medicamentos para náuseas e relaxantes musculares, antidepressivos, ansiolíticos e medicação para convulsão e epilepsia, a qual traz, em sua composição, substâncias que agem no sistema nervoso induzindo ao sono e à perda dos reflexos, podendo ocasionar até mesmo alucinações.

No ato da direção de um veículo, é necessário que o motorista tenha em bom estado três funções importantes: cognitiva, motora e sensorial. A função cognitiva diz respeito à atenção, concentração, raciocínio e agilidade mental; a função motora é a que possibilita que o condutor tenha respostas imediatas; e a função sensorial diz respeito ao tato, à visão e à audição. Para que estas funções funcionem de maneira adequada, é necessário que o sono esteja em dia.

Sim, o sono e o uso de alguns medicamentos afetam nossa função cognitiva, nossos reflexos, atenção e habilidades de condução do veículo.

Os movimentos de reflexos que temos é uma resposta aos estímulos do cérebro diante da informação recebida. Os reflexos na direção são fatores muito importantes por proporcionarem, ao motorista, a percepção e a concentração para que ele possa conduzir o veículo com segurança e, assim, esquivar-se da influência do sono e de efeitos colaterais de alguns medicamentos.

Dentre as ações geradas pela influência da falta de sono e de alguns medicamentos mais frequentes no trânsito, podemos ressaltar:

  • velocidade inconstante;

  • manobras arriscadas;

  • avaliação incorreta de distâncias;

  • erros visuais e desvio de direção;

  • alucinações;

  • erros de reação fora do tempo (atrasadas);

  • perda da manutenção do foco e sinalizações.

Não é possível dar o mesmo desempenho na direção do que quando o nosso organismo está descansado. O pensamento torna-se lento e o corpo, por sua vez, não responde a atitudes que deveriam ser tomadas. Por conta disso, é importante que estejamos atentos a algumas medidas:

  • se possível, evitar horários críticos, quando o nosso organismo pede descanso (principalmente madrugada);

  • nunca brigar com o sono;

  • se bater o sono, parar o veículo em um local seguro;

  • andar fora do veículo;

  • dormir bem e planejar o tempo de direção;

  • durante viagens, estabelecer intervalos para descansar e recarregar as energias;

  • o tempo ideal para dormir é entre 7 a 8 horas por dia, pois menos de 5 horas aumenta em 50% a chance de causar acidentes;

  • ler sempre e com atenção a bula do remédio que está ingerindo, pois nela há recomendações, contraindicações e efeitos colaterais.

Segundo o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), o sono seria responsável por 3 a cada 10 pessoas acidentadas, dado que contribui para a tomada de solicitação de medidas do ministro José Gomes Temporã, o qual solicitou que, nas embalagens, fossem indicados os medicamentos que possuem riscos de ser consumidos para quem for dirigir. Nas embalagens, poderá haver a mensagem de alerta: “se tomar não dirija”. A solicitação ainda passará por aprovação da ANVISA.

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Código de Trânsito Brasileiro (CTB) trata, no Art. 165, das substâncias psicoativas, tidas como um elemento que atua no sistema nervoso central, onde altera a função cerebral e, momentaneamente, modifica a percepção, o comportamento, o humor e a consciência da pessoa.

O Art. 165 do CTB determina que dirigir sob o efeito de álcool ou de substâncias psicoativas é infração gravíssima com pena de multa de R$ 1.915,40, além da suspensão da Carteira Nacional de Habilitação por 12 meses e detenção do veículo até que se apresente pessoa habilitada. Além disso, se comprovada a alteração da capacidade de dirigir, o condutor poderá responder criminalmente e ter até 3 anos de detenção

Para dirigir, é preciso atenção, concentração, reflexo, coordenação motora, avaliar e prever possíveis perigos. Lembre-se: sono e medicamentos mencionados neste artigo são uma combinação perigosa.

Respeite o limite do seu corpo, descanse o tempo necessário e não pegue na direção se não estiver apto ou se estiver sob efeito de medicamentos.

Sobre o autor
Gustavo Fonseca

Cofundador da Empresa Doutor Multas. Especializada em recursos de multas de trânsito.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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