A PRIMAVERA DE PRAGA E A REVOLUÇÃO DE VELUDO
A primavera de Praga foi uma polêmica tentativa de liberalizar o status quo comunista na Tchecoslováquia.
Em janeiro de 1968, Alexander Dubcek assumiu o controle do país, acenando com a reforma do carcomido regime comunista.
Durante sete meses e meio um vento de liberdade sopra sobre a Checoslováquia: escritores considerados subversivos pelo regime soviético são libertados da prisão e o Partido Comunista passa a aceitar a participação de membros não ligados a seu círculo ideológico.
A Primavera de Praga deve ser entendida dentro do contexto da Guerra Fria. A Tchecoslováquia era um país socialista e aliado ao bloco liderado pela União Soviética. Portanto, o país vivia sob regime autoritário.
Em 1968, Alexander Dubček resolveu romper com este sistema político soviético. Afastou as lideranças stalinistas do poder e passou a adotar medidas reformistas, que visavam à abertura política do país. Entre estas medidas, estava a descentralização, a liberalização do sistema e o incentivo às ciências e às artes. Esta reforma contou com o apoio de grande parte da população, principalmente de operários, estudantes e intelectuais. A reforma de Alexander Dubček tinha o apoio de grande parte da população, pois estava desejava um regime mais aberto e, portanto, menos controlador e autoritário.
A Primavera de Praga foi rejeitada pela União Soviética, que via no movimento uma ameaça ao socialismo no leste europeu e um estopim para que o mesmo ocorresse em outros países do bloco socialista. Em plena Guerra Fria, era importante fazer frente ao bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos, mantendo a unidade e o controle político sobre uma região extremamente estratégica do ponto de vista geopolítico.
A polêmica reforma de Dubceck, prometia restabelecer a liberdade de imprensa, a liberdade de culto religioso e a formação de novos partidos políticos. Tais modificações causaram verdadeiros arrepios aos líderes comunistas soviéticos de orientação ortodoxa. Dessa forma, buscando reverter tal situação, os líderes do Pacto de Varsóvia convidaram Alexander Dubcek para discutir a “ameaçadora onda contra-revolucionária” que tomava conta da Tchecoslováquia.
Contudo, concordando com as mudanças que marcariam a chamada “Primavera de Praga”, o novo líder da nação tcheca se negou a participar dessa reunião. A recusa indicava o favor de Dubeck às transformações intensamente defendidas por diversas parcelas da população, principalmente os jovens. Em uma reunião posterior, autoridades tchecas e integrantes do Pacto de Varsóvia se encontraram para chegar a um acordo com relação ao incômodo político causados com todas aquelas transformações.
Uma das primeiras mudanças sob o regime de Dubcek foi o fim da censura que existia no país. Isso garantiu que produtos típicos da cultura ocidental passassem a ser amplamente consumidos. Outra consequência direta do fim da censura foi a maior divulgação de ideias que, muitas vezes, criticavam o próprio Dubcek, além de, claro, ampliação das denúncias contra as irregularidades do regime comunista.
Em outubro de 1968, contra a vontade do povo e de alguns líderes, o governo da Tchecoslováquia capitulou ante as exigências soviéticas ao assinar um acordo que “legaliza” que autorizava a permanência das tropas do Pacto de Varsóvia naquele país. Submetidos a um regime de mão de ferro, intelectuais checos abandonaram sua pátria
Dubcek acabou renunciando ao seu cargo no ano seguinte, em 1969. O bloco comunista iniciava então um período de desgaste, que se estendeu durante 20 anos, e no qual a coesão do bloco se dava única e exclusivamente por conta da ação repressiva de Moscou.
A Suprema direção comunista daquele país sofria, no dia 17 de abril de 1969, profunda modificação antiliberal com a retirada de Dubcek do poder.
Dubcek anunciou sua retirada em reunião plenária anunciada pelo Comitê Geral do Partido.
Reformista, ligado a intelectuais como o escritor Milan Kundera e o futuro presidente, o dramaturgo Vaclav Havel, ele deseja instaurar um “socialismo com rosto humano”. Antes de ser esmagadas pelos tanques do Pacto de Varsóvia, sob o comando de Moscou, ficaram suas ideias e depois concretizada o distanciamento do socialismo real, com a chamada “revolução de Veludo”.
No dia 10 de dezembro de 1989, o presidente Gustáv Husák apresentou o primeiro grande governo não-comunista na Checoslováquia desde 1948, e renunciou. Alexander Dubček foi eleito presidente do parlamento federal em 28 de dezembro e Václav Havel, escritor conhecido que estava à frente da revolução, tornou-se presidente da Checoslováquia em 29 de dezembro de 1989.
Em junho de 1990, a Checoslováquia teve sua primeira eleição democrática desde 1946.