A imaturidade democrática brasileira

01/11/2018 às 16:30
Leia nesta página:

Não podemos afirmar que no Brasil há uma autêntica maturidade democrática, posto que até o presente momento não conseguimos estabelecer um regime político democrático, sob o seu aspecto material. A verdade é que o ciclo histórico, inaugurado com o advento da chamada Nova República se extenuou por completo, no exato momento em que todas as principais forças políticas de oposição aos quase 30 anos de regime militar (1964/1985) experimentaram o exercício direto do poder político sem, no entanto, lograr implantar seus projetos políticos.

Tais forças, representadas pelo PMDB (governo de José Sarney, 1985/1990), pelo PSDB (governo de Fernando Henrique Cardoso, 1995/2002) e pelo PT (governos de Luís Inácio Lula da Silva, 2003/2010, e Dilma Rousseff, 2011/2018), nos 30 anos subsequentes ao regime militar, não conseguiram construir um projeto político nacional pleno que pudesse tirar o país do atraso educacional e tecnológico e que também pudesse mudar o seu perfil no cenário internacional, pois ainda somos um país que exporta commodities (matérias primas e produtos de pouco valor agregado).

Nesse sentido, é lícito concluir que os resultados pífios nas esferas política, social e, especialmente, econômica simplesmente esgotaram o modelo democrático ensaiado por aqueles protagonistas de outrora. Claro está que o país necessita de novas lideranças e de novos modelos de democracia, que possibilite o desenvolvimento includente, mas também sustentável, que eleve o Produto Interno Bruto, PIB, mas também o Índice de Desenvolvimento Humano, IDH. No tocante ao PIB, o seu baixíssimo crescimento é muito preocupante. Durante os 30 anos de governo civil, a sua taxa média anual foi inferior a menos que a metade da obtida durante os quase 30 anos do regime militar.

Somente as amplas liberdades política e econômica, aliadas ao aumento da escolaridade média das camadas populares, levarão o Brasil a um novo patamar de democracia, mais maduro e menos suscetível à corrupção, doença endêmica do Estado brasileiro, que precisa ser extirpada para o seu pleno desenvolvimento.

Sobre o autor
Reis Friede

Desembargador Federal, Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (biênio 2019/21), Mestre e Doutor em Direito e Professor Adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Graduação em Engenharia pela Universidade Santa Úrsula (1991), graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), graduação em Administração - Faculdades Integradas Cândido Mendes - Ipanema (1991), graduação em Direito pela Faculdade de Direito Cândido Mendes - Ipanema (1982), graduação em Arquitetura pela Universidade Santa Úrsula (1982), mestrado em Direito Político pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988), mestrado em Direito pela Universidade Gama Filho (1989) e doutorado em Direito Político pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991). Atualmente é professor permanente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Local - MDL do Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM, professor conferencista da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Diretor do Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF). Desembargador Federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região -, atuando principalmente nos seguintes temas: estado, soberania, defesa, CT&I, processo e meio ambiente.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos