A "Mãe do Enem", parteira da ignorância, da futilidade e da degradação intelectual

07/12/2018 às 12:41
Leia nesta página:

Uma visão crítica sobre o ENEM e a manifestação governamental sobre o tema.

A suposta "Educadora", conhecida como "mãe do ENEM", Sra. Maria Inês Fini, faz a "iluminada" afirmação de que "uma questão do Enem não faz ninguém virar homossexual". Ela nada mais faz do que dizer uma obviedade acachapante e fazer de conta que combate um adversário ou argumento inexistente, o que Shopenhauer diria tratar-se de uma "vitória sobre um espantalho" criado pelo próprio argumentador, recurso erístico da mais baixa desonestidade intelectual.

É evidente que uma questão do Enem ou qualquer espécie de sugestão ou assédio moral não vai tornar ninguém gay. E, ademais, se alguém quiser ser, agir ou tornar-se gay, isso é algo indiferente aos demais, uma decisão particular com a qual ninguém tem absolutamente nada a ver.

O que essa "Educadora" faz é, das duas uma: ou finge que não compreende o problema que compreende na verdade, ou realmente não o compreende. No primeiro caso, age com sua erística e uma desonestidade intelectual tremenda (acredito mais nessa hipótese). No segundo, demonstra total inaptidão, inépcia intelectual em um grau tremendo, pois não entende que a questão não é jamais o problema de transformar alguém em gay por meio de uma questão de Enem (pode até haver algum inepto que diga isso, mas esse tipo de alegação é tão ridícula que nem deveria ser levada em conta, deveria ser encarada como uma espécie de "pensamento" exótico).

Mais uma vez, frise-se que o fato de alguém ser, agir como ou tornar-se gay é algo pessoal e livre, não cabendo a outrem se imiscuir ou criticar, não é motivo de orgulho, nem muito menos de desvalor, tal qual não o é ser heterossexual, bissexual, branco, negro, religioso, ateu etc. É apenas uma característica de um ser humano como outro qualquer. Portanto, o problema nunca foi ou será o suposto "perigo" (sic) de uma "transformação" gay! A questão diz respeito à absoluta inutilidade de uma pergunta referente a um dialeto que somente terá interesse para pessoas específicas em situações específicas, nada colaborando para a formação e informação do estudante, para seu futuro profissional, cultural etc.

O problema está na politização estéril de um instrumento de avaliação que se pauta, não por conteúdos relevantes para o estudante, em sua missão (como estudante) de busca de conhecimento, mas no cumprimento de uma agenda ideológica determinada. Se ela não compreende isso, ainda que seja para discordar e contra - argumentar, então estamos realmente em uma situação muito complicada, com pessoas totalmente desqualificadas ocupando postos importantes na educação brasileira, o que explicaria nossa atual colocação no ranking mundial (vergonhosa).

Se ela compreende e finge não compreender sequer o cerne da questão, pervertendo a discussão deliberadamente, então temos pessoas intelectualmente desonestas num grau elevadíssimo também ocupando postos importantes em nossa educação, o que, da mesma forma, explica o cenário de deterioração em que nos encontramos. De qualquer forma, é lamentável e tudo indica que realmente é preciso desconstruir, desaparelhar, desde as bases até o topo nosso sistema educacional, demolir e reconstruir com novos referenciais teóricos e novas práticas. E isso, infelizmente, não é fácil e não é uma missão a curto prazo.

Além disso, já temos várias gerações perdidas, talentos jogados no lixo ou desviados por uma espécie de "lavagem cerebral", de "adestramento" do pensar. Uma coisa é certa: é urgente fazer alguma coisa para que pessoas como essa e tal sistema não se perpetuem nos rumos da nossa "Educação".

Sobre o autor
Eduardo Luiz Santos Cabette

Delegado de Polícia Aposentado. Mestre em Direito Ambiental e Social. Pós-graduado em Direito Penal e Criminologia. Professor de Direito Penal, Processo Penal, Medicina Legal, Criminologia e Legislação Penal e Processual Penal Especial em graduação, pós - graduação e cursos preparatórios. Membro de corpo editorial da Revista CEJ (Brasília). Membro de corpo editorial da Editora Fabris. Membro de corpo editorial da Justiça & Polícia.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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