Dom José Vázquez Díaz, nasceu em 20 de novembro de 1913, na Paróquia de San Juan em Chavaga, Província de Lugo, Espanha, galego, filho de Jesus Vázquez Díaz Senra e Manuela Díaz Vázquez. Era o segundo filho, de uma família de oito irmãos, sendo cinco homens e três mulheres. Estudou em Chavaga até aos 17 anos, ingressou no mosteiro de Poio, Pontevedra, Espanha no dia 3 de dezembro de 1925, foi ordenado sacerdote em Ourense em 8 de novembro de 1936 pelo bispo Dom Cerviño. Celebrou a sua primeira missa em Verin em 11 de novembro de 1936.
O Padre José esteve na guerra espanhola como capelão militar, onde lutou do lado nacionalista de Franco. Terminada a guerra, de volta ao convento em 1938, foi nomeado reitor do conceituado colégio Tirso de Molina. Um ano depois, ingressa como graduando na Faculdade de Física e Ciências Química da Universidade Central de Madri e, posteriormente, é transferido para a Universidade de Salamanca onde concluído os estudos e obtido o título de doutor em julho de 1950.
Salamanca é a universidade mais antiga da Espanha e a quarta fundada na Europa, posterior somente às universidades de Bolonha, Oxford e Paris.
Em 1951, foi nomeado superior do mosteiro de Poio, onde recebeu o pseudônimo de “Pe. Chavaga”. Em junho de 1954, foi eleito Definidor Provincial e passou a residir em Madri.
San Juan de Poio é um mosteiro medieval beneditino ocupado pela comunidade dos mercedários até os dias atuais. Declarado Monumento Histórico-Artístico em 1970, o Mosteiro de San Juan de Poio é um dos mais altos expoentes da arquitetura da região, tanto por sua antiguidade quanto por seu excelente estado de conservação, bem como seu valor artístico.
A Ordem Mercedária, desejando ampliar a sua presença no Brasil, tendo em vista que já possuía algumas missões no Piauí, estimula a fundação de conventos e paróquias em cidades maiores ao enviar alguns padres entre os anos de 1951 a 1955.
Dom José morou no Rio de Janeiro e em São Paulo onde contribuiu para a fundação de casas mercedárias. Sua presença é registrada na fundação da primeira casa mercedária em São Paulo. A cerimônia de instalação canônica foi realizada no dia 14/11/1954, na rua Santa Cruz, 23 (atual rua Marquês de Lages, 1230). A missa de posse foi presidida pelo Cônego José Lafaiete Álvares, chanceler do arcebispado. Era dia de São Serapião e contou com a honrosa presença dos padres mercedários Amadeo González Ferreiros e José Vázquez Díaz.
No ano de 1956, Dom Inocêncio López Santamaria, já com 80 anos e muito cansado pediu um ajudante, sendo imediatamente atendido. E em 9 de setembro de 1956, Dom José que já tinha sido escolhido Definidor Geral, e mesmo antes de tomar posse, foi consagrado bispo auxiliar por Dom Fernando Quiroga Palácios, Cardeal de Santiago de Compostela com o título de Usula. O padre Carlos Martinez Esteban foi delegado para tomar posse na Catedral de São Raimundo, pois o bispo eleito estava de viagem a Porto Rico, atrás de recursos para organizar a Prelazia, como assim o fez na Festa da Imaculada Conceição, dia 8 de dezembro de 1956.
Ao chegar em São Raimundo Nonato, no mês de março, Dom José impôs a condição de morar na sede da Prelazia, em Bom Jesus do Gurguéia.
Dom Inocêncio López Santamaria, acometido com câncer no fígado, acabou falecendo em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador, na Bahia, deixando um rastro de exemplo de paciência e aceitação do sofrimento, edificando os enfermeiros e médicos que o atenderam. O seu corpo foi embalsamado e transferido para São Raimundo Nonato onde foi sepultado diante do Altar Mor da Catedral no dia 14 de março de 1958.
Nessa ocasião, escreveu o bispo auxiliar Dom José Vázquez: “Dom Inocêncio foi verdadeiro modelo para os bispos. Um exemplo perfeito, pelas suas virtudes e pelo seu espírito de trabalho. Carregando o peso dos seus oitenta e três anos, prosseguia trabalhando como sempre. Mas foi na derradeira doença quando sua virtude ficou mais patente. Com admirável paciência sofreu todas as moléstias, edificando a todos com sua alegria e tranquilidade no sofrimento. Nestes 27 anos que Dom Inocêncio governou a prelazia, conseguiu para ela grandes melhorias espirituais e materiais. Formou clero nativo, fundou uma congregação mercedária, criou ginásios, etc. trabalhou incansavelmente até os últimos momentos pelo bem espiritual e temporal de seus queridos filhos. A Igreja e o estado lhe devem grande reconhecimento”.
Concedida a autorização, rompe com a tradição dos três bispos anteriores e fixa residência na sede da Prelazia, com o falecimento de Dom Inocêncio, o sucede como quarto Prelado e, desde então, transfere, definitivamente, para Bom Jesus a sede da Prelazia no ano 1958.
Dom José, vendo as realidades contrastantes destes dois lugares, sente a necessidade de requerer de Roma a divisão da Prelazia em duas. É o lema da estratégia romana “divide e vencerás”. E no dia 5 de janeiro de 1959 escreve uma carta à Sagrada Congregação Consistorial do Vaticano expondo todas as razões para que se efetue a divisão. Convencida a Santa Sé, decide-se pela divisão, autorizando-a pela Bula Papal de João XXIII “CUM VENERABILIS”, de 17 de dezembro de 1960.
Efetuou-se a divisão, no dia 19 de dezembro de 1961, com a leitura da Bula na Catedral de São Raimundo Nonato, numa celebração solene, perante as autoridades: Dom Avelar Brandão Vilela, Arcebispo de Teresina, representando Dom Armando Lombardi, e os bispos do Piauí, Dom Edilberto Dinkeiborg, de Oeiras, e Dom José Vázquez Díaz, bispo da outra prelazia. Assistiram a este evento grande número de fiéis.
O brasão de Dom José tinha como lema “Viriliter age”, que quer dizer “Trabalha varonilmente”.
A cidade de Bom Jesus deve muito a este bispo que não só pregava, mas trabalhava incansavelmente. Quando os serviços e o Estado eram ausentes, a igreja, pelas mãos deste bispo e seus colaboradores, levavam os serviços inexistentes ao extremo sul do Piauí.
A Prelazia de Bom Jesus cresce dia a dia em número de padres, nativos e outros vindos de fora. O Seminário menor “Instituto Pe. Zúmel” ganha muitos seminaristas que posteriormente se tornam padres nas diversas paróquias.
No ano de 1960 fundou-se uma congregação feminina para contribuir na educação das escolas da prelazia, catequese e na área da saúde, e foi com essa missão que chegaram a Bom Jesus as missionárias Margarida O’ Neill, Mariuca, Pilar, Aurora, Mari Carmen e Teresa.
A educação era uma das grandes preocupações do bispo José que, imediatamente, ordenou a construção de escolas primárias e secundárias em todas as paróquias. Pois ele tinha a convicção de que essa era a melhor forma de se aproximar e conquistar os fiéis. E assim, ele fundou ginásios em Gilbués, Curimatá, Monte Alegre, Parnaguá e Bom Jesus. Instalou o segundo grau em Corrente, a Escola de Comércio em Curimatá. Criou a Escola Normal Helvídio Nunes de Barros (ENHNB) em Bom Jesus, fundada em 1970 para a formação de professores, onde ele foi diretor e também professor.
No ano de 1979 a prelazia mantinha, com grande dificuldade, uma Escola Normal, uma Escola de Comércio, uma Escola de Artesanato, sete ginásios e várias Escolas Primárias.
A Escola Normal Helvídio Nunes de Barros formou professores até o ano de 2001 quando foi fechada. A história desta instituição foi marcante em Bom Jesus, pois houve um grande avanço e um fortalecimento na região do Alto Médio Gurguéia no âmbito educacional, atendendo todas as demandas das escolas da diocese, das escolas municipais e das estaduais.
No Relatório enviado a Santa Sé em 1985, o bispo relatava: “Na minha opinião, toda paróquia deveria ter sua escola primária, e, se possível, também colégio secundário”.
Construiu 10 casas populares na Vila das Mercês e diversas oficinas de mecânica, sapataria, marcenaria e serraria para a formação de mão de obra na região.
O bispo fazia uso da sua influência religiosa e política para reivindicar obras para o extremo sul do Piauí dentre elas a construção do Hospital de Bom Jesus, e graças a sua a intervenção, junto ao Governador Alberto Tavares Silva, fez com que a atual BR-135 pudesse passar por dentro da cidade de Bom Jesus, pois de acordo com o projeto original a estrada passaria pelos arredores da cidade. Requeria obras para o sul do Piauí dentre elas sistemas de abastecimento de água, energia dentre outras. O então Governador Alberto Silva mantinha uma amizade e aproximação com o Dom José e sempre que vinha a Bom Jesus se hospedava na casa do bispo.
Dom José pertenceu a uma geração gloriosa da igreja. Ele foi o primeiro bispo a morar em Bom Jesus e já vinha com uma grande missão e responsabilidade, pois iria suceder. Dom Inocêncio López Santamaria, que por ter desempenhado um belo trabalho era idolatrado como santo, no sertão piauiense. Esses dois bispos dedicaram suas vidas a serviço de Cristo. Sem vaidades pessoais eram desprovidos de interesses e de qualquer tipo de conforto material.
Dom José vivia de forma simples, humilde, o doutor de Salamanca transitava no meio de todos e, especialmente, dos pobres a quem dedicava a sua atenção e seus projetos sociais de distribuição de roupas, mantimentos, materiais de construção. Ele ainda incentivava a plantação de árvores frutíferas nos quintais e localidades rurais das paróquias.
As marcas de Dom José encravadas no sul do Piauí foram a educação, o trabalho social abrangente e a humildade de um mercedário espanhol, porém de coração piauiense e bonjesuense.
Em setembro de 1964, teve início a reforma da primeira casa do bispo, localizada na Avenida Getúlio Vargas. Os responsáveis pela obra foram o Sr. Manolo e o Sr. Francisco Gonçalves da Silva (mestre Salim).
E em maio de 1966, deu início a mais uma obra, o seminário da Prelazia de Bom Jesus (atual JEMB).
Em 1967, foram construídas oficinas, uma metalúrgica e uma sapataria destinadas ao aprendizado dos futuros profissionais, uma das preocupações desse saudoso bispo. (atualmente são salas de aula do ensino fundamental).
Entre 1968 e 1969 foram construídas 10 (dez) casas populares, formando uma pequena vila, e por isso ficou conhecida, até hoje, como Vila das Mercês.
Em setembro de 1969 foi construída a casa paroquial da cidade de Parnaguá e a administração da obra ficou a cargo de Dom José e do padre Plácido Casanova Sánchez.
Em 1971, Dom Abel Alonso Núñez, sagrado Bispo no Rio de Janeiro, foi nomeado bispo auxiliar para ajudar Dom José nos trabalhos pastorais.
Em 13 de junho de 1972 teve início um dos maiores e mais marcantes legados de Dom José: a construção da catedral Nossa Senhora das Mercês de Bom Jesus. A obra era da responsabilidade de Dom José e Dom Abel Alonso Núñez, e contou com a experiência do engenheiro português Joaquim de Almeida, dos carpinteiros bonjesuenses Luís Francisco da Silva (Luís Cevero), Antônio do Rêgo Lacerda e Roberval, e na função de armadores, José Luiz, José Barbosa, Agenor e Alfredo Ricardo.
A obra da catedral foi construída toda manualmente, sem nenhum tipo de instrumento que não fosse braçal. Por ser tão rústica durou 5 anos de muito trabalho árduo.
A inauguração da Catedral Nossa Senhora das Mercês, um dos momentos mais importante para população bonjesuense, ocorreu no dia 24 de setembro de 1977, com a celebração da missa, momento em que se deu início à abertura das festas religiosas da padroeira Nossa Senhora das Mercês. A missa foi celebrada, com muita satisfação, por Dom José.
O Centro Pastoral São Pedro Nolasco foi outra obra edificada por Dom José. A construção deste Centro, espaço muito importante para os bonjesuenses, teve o início em 27 de setembro de 1977 e o engenheiro português Joaquim de Almeida junto com o mestre de obra Francisco Gonçalves da Silva (mestre Salim) foram os responsáveis por esta grande obra.
O Centro Pastoral São Pedro Nolasco foi uma obra muito bem planejada por Dom José, e pensando em sua viabilidade foi dividido em 4 (quatro) blocos, três desses blocos foram construídos com dois pavimentos. No primeiro bloco funcionava, no térreo, um restaurante e no primeiro andar ficavam as salas de aula. Este prédio ficava localizado na Avenida Josué Parente. No segundo funcionava de um salão de recepção no térreo e uma casa residencial no primeiro andar, este, com localização na BR 135. Já o terceiro bloco era composto de 24 apartamentos no térreo e 125 apartamentos no primeiro andar, e fica localizado na BR 135.
Como na cidade não havia hotel, este local era utilizado para recepcionar as grandes autoridades da igreja e do cenário político que vinha a Bom Jesus prestigiar os grandes eventos da igreja. Hoje, neste espaço funciona um hotel. E como naquela época a igreja realizava muitos eventos, foi construído o quarto bloco com essa finalidade, o mesmo ficava localizado na Avenida Josué Parente.
Em 1978, por proposição do deputado estadual Antônio de Almendra Freitas Neto, Dom José recebeu o título, mais que merecido, de cidadão piauiense na Assembleia Legislativa do Estado do Piauí.
Com o passar do tempo, a igreja foi se desenvolvendo e Dom José solicita a Roma que a Prelazia de Bom Jesus fosse elevada à categoria de Diocese em 3 de outubro de 1981 é criada a Diocese de Bom Jesus do Gurguéia (Dioecesis Boni Iesu a Gurgueia), que já contava com dez paróquias todas providas de Vigário.
Em 10 de maio de 1982, iniciou-se a construção de uma igreja na cidade de Curimatá, essa importante obra foi concluída em 07 de agosto de 1983 sob a responsabilidade de Dom José e do padre José Batista Figueiredo. O engenheiro responsável foi Joaquim de Almeida e o mestre da obra foi Francisco Gonçalves da Silva (mestre Salim).
Já a construção da igreja de Gilbués só teve início em 17 de agosto de 1983 e sua conclusão foi em 24 de julho de 1984, na ocasião foi celebrada uma missa por Dom José, padres Rafael Díaz Raserón Romero, José Adairton de Jesus Coelho e Raimundo Dias Negreiros.
Dom José era um homem que valorizava muito a educação, ele acreditava que entre todos os meios de educação, a escola tem uma importância particular, em virtude de sua missão, uma vez que cultiva cuidadosamente as faculdades intelectuais, desenvolve a capacidade de julgar corretamente, introduz no conhecimento do patrimônio cultural, conquistado pelas gerações passadas, promove o sentido dos valores, prepara para a vida profissional, fomenta as relações de amizade entre alunos, contribuindo para a mútua compreensão. E foi acreditando nesse bem maior que ele muito contribuiu para transformar cidadãos através da educação.
Para ele, as escolas buscam os fins culturais e a formação humano-cristã da criança e do jovem. O trabalho educativo tem como ponto característico organizar toda a cultura humana conforme a mensagem da salvação, de modo que esta seja iluminada pela fé e pelo conhecimento que os alunos vão adquirindo do mundo, da vida e do homem.
A educação que os colégios propiciam é uma educação que conduz os alunos rumo à verdadeira liberdade que se conquista quando a pessoa, como um todo, for transformada radicalmente pelos saberes intelectuais e pelos valores do Evangelho. A meta é formar homens e mulheres novos, capazes de tomar nas próprias mãos a marcha da história, do mundo e da Igreja.
Dom Abel Alonso Núñez, bispo auxiliar de Dom José, é logo nomeado primeiro Bispo de Campo Maior, no Piauí, Diocese recém-fundada.
A Penitenciária Regional “Dom Abel Alonso Núñez” de Bom Jesus prestou homenagem ao bispo auxiliar de Dom José e teve o início de seu funcionamento nos primeiros dias do mês de fevereiro do ano de 2004, no entanto, foi no dia 21 de fevereiro do mesmo ano que esta casa recebeu seus primeiros detentos. Foram 42 presos removidos da Penitenciária Gonçalo de Castro Lima, localizada no Município de Floriano.
A Penitenciária Regional “Dom Abel Alonso Núñez” de Bom Jesus dispõe apenas de vagas para pessoas do sexo masculino, a mesma tem a capacidade para acolher 76 (setenta e seis detentos). Possui dois pavilhões, módulo de ensino (escola), módulo de visita íntima, módulo ecumênico, módulo de guarda externa e prédio amplo onde funciona a administração da Unidade Prisional.
O mercedário Pe. Ramón López Carrozas foi consagrado Bispo em Roma a 26 de abril de 1979. E só mais tarde, com a aposentadoria de Dom José Vázquez Díaz, é nomeado Bispo titular da Diocese de Bom Jesus.
Maria de Lourdes Ferreira Batista ao longo dos seus 101 anos e ainda lúcida, conviveu e trabalhou muitos anos com Dom José, e com muito carinho e gratidão o define da seguinte forma: “Dom José é um verdadeiro santo, um homem caridoso demais com a pobreza, um homem sábio, um pregador nato, não tinha vaidade com nada”. As suas missas, segundo Dona Lourdes, eram celebradas em latim, por isso o bispo ensinava latim para as cantoras da igreja. Ela relata que cantou muitas missas e novenas com o bispo. Ela lembra, também, que foi Dom José que trouxe o primeiro ginásio e escola normal para formar professores em Bom Jesus.
Lourdes relembra que Dom José acompanhou, desde muito cedo, a formação religiosa dos padres José Adairton de Jesus Coelho e Aristides Medeiros dos Santos Filho, filhos de Bom Jesus.
Francisco Gonçalves da Silva foi o mestre das obras de Dom José. Segundo ele, “Dom José foi um grande construtor, um homem de visão, simples, bondoso e de coração humilde, previa e via uma Bom Jesus muitos anos afrente”. Mestre Salim, como era conhecido, esteve com Dom José desde a primeira obra do seu bispado em setembro de 1964, que foi a reforma da primeira casa do bispo, localizada na Avenida Getúlio Vargas. O seu último trabalho, junto com Dom José, foi a construção da igreja de Gilbués que teve início em 17 de agosto de 1983 e foi concluída em 24 de julho de 1984. Com a aposentadoria de Dom José, o mestre continuou seu trabalho com Dom Ramón López Carrozas.
Dom José sonhava e pensava grande. Dizia que Bom Jesus ia se desenvolver e que precisava de infraestrutura. Ele acreditava que as águas do Rio Gurguéia e do subsolo nos transformariam em um novo Nilo pelas riquezas que podiam prosperar na agricultura e em outros setores como o agronegócio e comércio.
Lutou por uma fábrica de cimento que não prosperou, falava da necessidade de uma universidade para atender a região, e previu o crescimento de Bom Jesus quando muitos não acreditavam.
Durante 40 anos Dom José dedicou sua vida ao pastoreio, permanecendo em Bom Jesus de 1957 a 1989. E foi em 2 de abril de 1989, aos 75 anos, que ele deixou esta cidade para se recolher na casa mercedária em Brasília, pois acreditava que era preciso estar longe para não interferir no bispado de Ramón López Carrozas.
Dom José permaneceu em Brasília até o seu falecimento em 29 de maio de 1998, porém nunca perdeu os laços com a Diocese de Bom Jesus, e sempre deixou claro o seu desejo de ser enterrado na cidade onde dedicou a maior parte de sua vida.
Dom José está enterrado na segunda catedral do Piauí, templo que ergueu. A população de Bom Jesus, emocionada e agradecida, lhe prestou várias homenagens, uma delas foi colocada em frente à catedral que é a sua estátua de cimento feita em São Paulo pelo artista italiano Gildo João Alfredo Zampol, além de uma rua e o Campus da Universidade Estadual do Piauí em Bom Jesus que também levam o seu nome’.
A belíssima imagem de Nossa Senhora das Mercês, que se encontra na Catedral de Bom Jesus desde o ano de 1977, veio da Província de Coruña, noroeste da Espanha. A imagem da santa tem como matéria prima o nogal, árvore que pode medir até 25 metros, nativa da Europa e Ásia, cuja madeira é de ótima qualidade. Suas folhas contém um óleo aromático, além de possuir flores em amentos e frutos drupáceos, conhecidos como nozes.
Em 2013, a catedral passou por uma reforma muito importante, pois além mantê-la preservada, deixou-a ainda mais bonita. Essa reforma foi uma iniciativa do deputado estadual Fábio Núñez Novo, que encomendou e doou o mármore bede bahia para que toda a fachada da igreja fosse revestida. Todo projeto e a obra foram acompanhados pelo arquiteto brasiliense Alex Ricardo de Freitas Rosa. E depois de 65 dias de intenso trabalho, a nova fachada foi inaugurada com imensa satisfação, no dia 30 de setembro, pelo bispo Dom Ramón López Carrozas junto com os fiéis.
Cerca de duas mil pessoas foram prestigiar esse momento. A nova fachada da Catedral de Nossa Senhora das Mercês que recebeu, também, uma iluminação especial led. O evento contou com a apresentação da Orquestra Sinfônica de Teresina, do humorista João Cláudio Moreno e a cantata Gonzaguiana.
O público presente se emocionou com o show, especialmente quando a soprano Fátima Brasil soltou a voz ao cantar Asa Branca em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga.
O saudoso bispo Dom José Vázquez Díaz, primeiro bispo diocesano a residir em Bom Jesus e cujo bispado se deu nos anos de 1958 a 1989, encomendou a imagem a um artesão espanhol. A embaixada espanhola possibilitou a autorização e o deslocamento da imagem que veio de navio até o porto de Santos, e depois, seguiu de carro até a cidade de Bom Jesus. Os responsáveis por este percurso foram o Sr. Ramón Núñez Losada e o saudoso padre Rafael Díaz Raserón Romero.
O bispo Dom José marcou a história de Bom Jesus com o seu trabalho de pastor, professor, diretor, sensibilidade, humano, humilde, intelectual, educador, amigo dos pobres e grande construtor de obras.
Por iniciativa do então vereador Fábio Núñez Novo, o mercado público da cidade foi doado para abrigar o Campus da UESPI “Dom José Vázquez Díaz” de Bom Jesus. O novo Campus foi inaugurado em 17 de fevereiro de 2000, na ocasião esteve presente o Reitor Jônathas de Barros Nunes, Governador Mão Santa, políticos locais, comunidade bonjesuense e da região em uma justa e merecida homenagem ao maior educador que Bom Jesus teve em todos os tempos.
Em 1 de março de 1989, João Paulo II aceitou a renúncia solicitada por Dom José Vázquez Díaz por motivos de idade.
Em 02 de abril de 1989, se retira para Brasília, alegando não querer interferir na gestão do novo bispo Ramón Carrozas, onde permaneceu, por 9 anos, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês. Tanto em Brasília como em Bom Jesus Dom José sempre muito querido e respeitado pelos seus feitos e pela figura humana e simples que era da sua personalidade.
Em Brasília, com o peso dos anos e a debilidade física, continuou a sua vida de pastor até aos 84 anos. Em 29 de maio de 1998 veio a falecer, acometido de insuficiência respiratória. E assim, cumpriu a sua passagem aqui na terra. E hoje, o seu corpo se encontra enterrado na Capela dos Bispos na Catedral de Bom Jesus, pois esse era o seu último desejo.
Ao chegar a Bom Jesus, Dom José recebeu as últimas homenagens e o reconhecimento do povo bonjesuense a esse grande homem que com coragem e determinação transformou este lugar.