JACOBISMO

22/05/2019 às 12:13
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O ARTIGO DESCREVE O FENÔMENO DO JACOBISMO E SUAS CONSEQUÊNCIAS.

JACOBISMO

Rogério Tadeu Romano

jacobinismo é o termo ligado a uma prática política inicialmente efetuada na década revolucionária da França de fins do século XVIII, entre 1789 e 1799. Esse termo refere-se aos jacobinos, os membros de um clube formado em 1789 que atuaram como um partido político durante o processo revolucionário.

Os jacobinos receberam esse nome pelo fato de seu clube, o Clube Bretão e, depois, Sociedade dos Amigos da Constituição, reunirem-se no convento dos dominicanos, ou jacobins, na rua Saint-Honoré, em Paris. Formados por homens oriundos da pequena burguesia urbana, os jacobinos ficaram reconhecidos na história principalmente por seu republicanismo radical e também pelo papel centralizador desempenhado pelo Estado no processo revolucionário.

Apoiados pelos sans-culottes, os membros das classes populares parisienses, os jacobinos, estiveram à frente da instauração da República, em 1792, sendo ainda os responsáveis pelas medidas extremadas contra as classes altas da sociedade francesa durante o período conhecido como Grande Terror, entre 1793 e 1794. Uma possível definição política do jacobinismo pode ser tentada ao afirmar que é uma prática de centralização do poder estatal por um grupo ou partido político. A centralização consistiria ainda na eliminação das oposições políticas e sociais que houvesse em relação ao jacobinismo.

Jacobismo é o termo que se cunha nas chamadas ações extremadas e radicais.

No Império, definia os republicanos ardorosos; após a República, os partidários do presidente Floriano Peixoto. Devido às manifestações ruidosas que estes promoviam, jacobino tornou-se sinônimo de desordeiro e hoje identifica o revolucionário radical e extremista.

No início da República, tal se cunhava ao ódio aos portugueses.

Para eles, o português era associado ao atraso, originário dos tempos coloniais e da época da monarquia. O português conspurcaria o País "gigante" e "poderoso", cujo destino seria o triunfo. Aspiravam a nacionalização dos negócios de portugueses, além do esforço de proibir-lhes de ocupar cargos públicos, que deveriam ser para os brasileiros.
O jornal "O Jacobino" listava uma série de atividades que era monopólio dos lusos: de retalhistas, de carris urbanos, de lenha e carvão, de carruagens, transporte de cargas, açougueiros e marchantes, fora as "duas terças partes dos prédios urbanos que pertencem aos portugueses". Eram considerados exploradores do povo, monopolizadores que atrapalhavam o progresso.

No Brasil, os clubes republicanos radicais do fim da monarquia se diziam jacobinos por defender as mesmas ideias dos franceses um século antes. Proclamada a República em 1889, cresceram em número e espalharam-se pelo país, tornando-se o principal apoio político-militar de Floriano Peixoto, vice-presidente que tomou posse na presidência com a renúncia de Deodoro da Fonseca em 23 de novembro de 1891 e cujo mandato presidencial foi contestado como ilegal.

Na França, pós-revolução, o jacobismo levou a um reino de terror sob o comando de Robespiere. Eles tinham a razão. Os opositores eram contrários a ela.

Robespierre escreveu e descreveu que "o Terror é nada mais que justiça imediata, severa, inflexível".

Era Robespierre a própria imagem do jacobismo e as cabeças decepadas com a Revolução Francesa, que se fez pela liberdade, igualdade, fraternidade, mas, com ele, virou um reino de terror.

O Reino do Terror terminou no 9 do Termidor, 27 de julho de 1794, dia da queda de Robespierre e do início da repressão contra os jacobinos. Treze meses depois, instalou-se a ditadura do Diretório, que abriu caminho ao 18 do Brumário, 9 de novembro de 1799, elevação de Napoleão Bonaparte a Primeiro Cônsul e depois Imperador, que trouxe para a França o flagelo da guerra e das perseguições, mesmo diante de um Código Civil burguês que ele adotou para a sociedade de seu país.

É necessário, no Brasil de hoje, ter cuidado com aqueles que bradam em tom messiânico, como oráculos, descrevendo a falência de um sistema que tem sido muito criticado pela sociedade. 

Necessário respeito às garantias constitucionais,

Necessário prudência e cuidado com um estado de polícia, à qualquer custo. Assim vivemos sob uma ditadura civil e depois militar, que rasgaram Constituições democráticas, em nome de um “jacobismo” e de um messianismo preocupante.

 

Sobre o autor
Rogério Tadeu Romano

Procurador Regional da República aposentado. Professor de Processo Penal e Direito Penal. Advogado.

Informações sobre o texto

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