Uma faca pode ser usada para várias finalidades. Cortar alimentos, por exemplo, deixando-os mais apropriados ao consumo.
Em suas inúmeras variações, pode auxiliar o ser humano em atividades minuciosas, como a realização de cirurgias e o desenvolvimento de microcomponentes eletrônicos, sendo utilizada como instrumento de precisão.
Pode ser um instrumento de defesa pessoal, mas pode ser, também, uma ferramenta utilizada para matar um semelhante. Ou para defender nossa vida.
Tudo na vida pode ter mais de uma utilidade ou finalidade. E assim acontece com o tão popular cartão de crédito.
Criado para ser, originariamente, um instrumento de crédito, o chamado dinheiro de plástico passou a ser utilizado de forma totalmente inapropriada, sendo um dos principais vilões no processo de endividamento das famílias brasileiras.
Tomando alguns cuidados, os aspectos negativos dos cartões podem ser minimizados e as facilidades aproveitadas, se tais instrumentos forem usados exatamente dentro da finalidade original: expandir o crédito e as possibilidades dos consumidores.
Seguem, abaixo, algumas dicas de como usar o cartão de crédito, evitando que ele se transforme em um instrumento de dor e angústia, produzidas pelo descontrole das dívidas dentro do orçamento.
1. Programe seus gastos – Nunca faça compromissos além do que pode pagar. Quando for comprar a prazo, no cartão, não se esqueça de considerar os compromissos habituais, como aluguel, despesas de condomínio, impostos parcelados, escola dos filhos, dentre outros. Além disso, fundamental não se esquecer de eventuais empréstimos com desconto em folha de pagamento e outros, com débito em conta-corrente. Somente com essas informações, decida se é possível comprar usando o cartão.
2. Evite o chamado Pagamento Mínimo – é a primeira porta para o inferno financeiro, quando o assunto é cartão de crédito. As taxas de juros e demais encargos podem ser o início da avalanche financeira. Nossa experiência demonstra que poucos conseguem sair do rotativo, já que os salários e demais ganhos dificilmente sofrem reajustes.
3. Não caia no “canto da sereia” dos Bancos – Uma das coisas que mais me irritam é quando, perto do vencimento da fatura, os bancos começam a enviar “sugestões” de parcelamentos. Apesar de tais simulações parecerem viáveis, diante das prestações “mais baixas”, as taxas de juros aplicadas são absurdas. Isso, sem contar que as pessoas se esquecem de que, no próximo mês, além das compras já feitas, esse “novo empréstimo” será somado aos seus demais compromissos financeiros, inclusive os já feitos no próprio cartão de crédito. Em Nosso Escritório, chamamos isso de “endividamento eterno”.
4. Evite emprestar cartões para amigos – Pode parecer brincadeira, mas um dos principais motivos de descontrole nas dívidas são os chamados “amigos”. Por mais doloroso que possa parecer, se alguém lhe pedir, NEGUE! Envolver dinheiro com amizade costuma trazer a seguinte situação: perdemos os dois! Além disso, temos de ser amigos o suficiente para sabermos dizer NÃO!
5. Entre guardar e quitar, escolha quitar – Sim, acontece com frequência. Uma família que planeja suas finanças, prefere endividar-se no cartão de crédito a usar o dinheiro da poupança que tinha sido aberta para, digamos, “a viagem das férias” ou para a “troca do carro”. Isso não é ser organizado: é ser louco! Qualquer investimento, principalmente a poupança, rende menos do que o menor dos juros de parcelamento dos cartões de crédito. Assim, se tiver reservas, quite a fatura. Depois vocês irão me agradecer.
6. Receba seus gastos por SMS – Curiosamente, essa pequena dica ajuda, e muito, não somente na segurança, mas, principalmente no controle financeiro. Sempre que recebemos um SMS confirmando os gastos, refletimos melhor se iremos fazer as próximas aquisições. Além disso, os SMSs ajudam a conferir nossas compras, já que não temos o hábito de anotar nossos gastos.
7. Tenha somente um cartão – Apesar de ter mais de um cartão de crédito ser um símbolo de status, pagar o cartão em dia é a mais desejável forma de “ostentação” que vocês desejarão. É mais do que suficiente, além de, ao concentrar seus pagamentos em uma única empresa, ter apenas um cartão proporcionará diversos benefícios adicionais, como isenção das tarifas de anuidades, programas de milhagens, dentre outros.
As dicas acima podem ser úteis, seja para evitar o endividamento excessivo, ou para sair dele. Mas, se estiver fora de controle, nenhuma análise financeira conseguirá impedir o processo de endividamento descontrolado.
Se o total de seus proventos ultrapassar o valor de suas dívidas, elas se tornam impagáveis, principalmente por causa dos juros e demais encargos. Nesse momento, somente a ajuda de profissionais especializados poderá ajudar a reverter tal situação.
A melhor forma de lidar com as dívidas é correndo delas. Mas, se porventura acontecer, não se desespere: ainda existem soluções!
Na dúvida (ou na dívida) procure sempre um Advogado especializado em direito bancário. Somente esse profissional estará apto a equacionar os problemas e ajudar as pessoas a voltarem a respirar.
André Mansur Brandão é Advogado, Administrador de Empresas e Diretor-Presidente da André Mansur Advogados Associados. Especialista em direito processual e consultor jurídico de empresas. Consultor em seguros privados, em todos os ramos, sendo titular da M. Mansur Corretora de Seguros. Advogado militante, com registro profissional em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Escritor e cronista.