A educação no século XXI deve despertar a curiosidade

A educação do futuro

Leia nesta página:

A educação do futuro vai preparar os estudantes para a vida. A meta maior da educação será fazer com que os estudantes desenvolvam um pensamento crítico e voltado para a realidade.

O processo de educação do homem foi fundamental para o desenvolvimento dos grupos sociais e de suas respectivas sociedades, razão pela qual o conhecimento de sua história e experiências passadas é essencial para a compreensão dos rumos tomados pela educação no presente.

O legado deixado pelas principais cidades estados da Grécia Antiga - Esparta e Atenas – constitui-se como princípio de organização social e educativa que serviu de modelo para diversas sociedades no decorrer dos séculos. Reconhecida por seu poder militar e caráter guerreiro, o modelo de educação espartano baseava-se na disciplina rígida, no autoritarismo, no ensino de artes militares e códigos de conduta, no estímulo da competitividade entre os alunos e nas exigências extremas de desempenho. Por outro lado, Atenas tinha no logos (conhecimento) seu ideal educativo mais importante. O exercício da palavra, assim como a retórica e a polêmica, era valorizado em função da prática da democracia entre iguais.

Como herança da educação ateniense surgiram os sofistas, considerados mestres da retórica e da oratória, eles ensinavam a arte das palavras para que seus alunos fossem capazes de construir argumentos vitoriosos na arena política. Fruto da mesma matriz intelectual, porém em oposição ao pensamento sofista, o filósofo Sócrates propunha ensinar a pensar – mais do que ensinar a falar - através de perguntas cujas respostas dependiam de uma análise lógica e não simplesmente da mera retórica. Apesar de concepções opostas, tanto o pensamento sofista como o pensamento socrático contribuíram para a educação contemporânea através da valorização da experiência e do conhecimento prévio do aluno enquanto estratégias que se tornaram muito relevantes para o sucesso na aprendizagem do aluno na contemporaneidade.

Surgem na Europa as primeiras escolas nos moldes das atuais, com crianças nas carteiras e professores em salas de aula. A história da educação no Brasil começou em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do país. 

O mundo mudou. Como resultado das transformações econômicas e sociais, essa visão do século XX da educação caducou. Um professor já não pode prever com confiança os tipos de conhecimentos e competências de seus alunos trabalhados ao longo da vida. A transmissão de valores tradicionais já não é mais garantida. 

Com as mudanças do século XXI, os educadores enfrentam um cenário radicalmente diferente de desafios. Hoje, temos que preparar os alunos para trabalhar e viver em um mundo que só podemos imaginar vagamente. A maioria dos estudantes que entra no jardim de infância hoje provavelmente atuará no futuro em categorias de trabalho ainda não criadas.

A figura do professor mudou muito ao longo das décadas. Ele não é mais visto como alguém que detém todo o conhecimento disponível na área em que atua. Tampouco é preciso que o aluno passe horas na biblioteca com uma pilha de livros para que encontre o que busca. Na educação do século XXI, o conhecimento está fora da redoma.

A Finlândia despontou como uma potência educacional ao romper com padrões de ensino e trazer novas formas de ensinar nas escolas, despertando a curiosidade das crianças ao associar os temas trabalhados em aula às coisas do dia a dia.

As habilidades propostas para a educação no século XXI:

1. Habilidades de vida e carreira:

Envolve desenvolver Flexibilidade e Adaptação; Iniciativa e Auto-direcionamento; Interação social e inter-cultural; Produtividade; e Liderança e Responsabilidade.

2. Habilidades de aprendizagem e inovação:

Envolve desenvolver Pensamento crítico, Resolução de problemas e Entendimento; Comunicação e Colaboração; e Criatividade e Inovação.

3. Habilidades de informação, mídia e tecnologia

Envolve desenvolver Acesso à informação; Uso e gestão de informação; Mídia analítica; Criação de produtos de mídia; e Tecnologia aplicada efetivamente.

Nenhuma dessas habilidades diz respeito a conteúdos puramente acadêmicos ou intelectuais, mas sim a junção entre o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, intrapessoais e interpessoais. Resumidamente, as habilidades do século 21 são formadas por um conjunto de conhecimentos e práticas que envolvem as capacidades de atingir objetivos, trabalhar com outras pessoas e gerir suas emoções.

Fatores que vão impactar a educação do futuro:

1. Automatização de escolhas

Inteligência artificial e algoritmos que permitem às máquinas realizarem tarefas até pouco tempo impensadas fazem parte da educação do futuro.

Sistemas inteligentes estão tornando as experiências cada vez mais automatizadas, com o objetivo de aumentar a eficiência e personalizar a interação. Ao mesmo passo questiona-se a privacidade, a autonomia e a liberdade de expressão.

2. Superpotências cívicas

A tecnologia está encurtando fronteiras e ampliando a participação de indivíduos e entidades em ações cívicas. Por meio de recursos como análise de dados e aprendizado de máquina, há a possibilidade de ocupar o lugar que seria da administração pública com o objetivo de tornar mais pessoas engajadas com causas coletivas.

3. Cérebros acelerados

Tecnologia e neurociência andam juntas na educação do futuro. Elas estão transformando a capacidade cognitiva dos indivíduos tanto de forma intencional quanto não intencional. Isso serve para adapta-los às interações com robôs e sistemas digitais, com as outras pessoas e seu entorno.

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4. Narrativas tóxicas

Narrativas e métricas que estão fazendo sucesso são cada vez mais prejudiciais em relação a comportamentos e escolhas, o que gera cada vez mais prejuízos à sociedade, aos indivíduos e às instituições de ensino.

5. Novas geografias

As geografias locais estão sendo reformuladas em resposta à economia de transição e volatividade climática. Padrões de produção em pequena escala, de migração e esforços para desenvolver ativos culturais estão juntos em prol dessa mudança.

À medida que esses fatores ficam mais fortes, a educação do futuro também deverá desenvolver uma série de práticas, exercícios, papéis e estruturas dentro das instituições. Entre eles, há quatro citados no estudo, os quais você vê a seguir:

Aprendizagem centrada no aluno

Reorientar as formas de ensino e aprendizagem de forma com que promovam o desenvolvimento integral do aluno. Nesse sentido, educadores devem estimular a criatividade, o autoconhecimento e o pertencimento social.

Ecossistema de aprendizagem

Proporcionar ambientes de realidade mista, que integre aluno, tecnologia, cultura e comunidade.

Garantia de eficiência

A educação do futuro deve fornecer orientações à gestores de forma com que incentivem as estratégias de dados e o uso da tecnologia.

Amplificação de vozes

Oferecer formação aos alunos para que tenham voz e influência cívica por meio do uso responsável e ético das ferramentas digitais.

A educação do futuro

A tecnologia está dominando o ambiente escolar e muitos especialistas em educação afirmam que em poucos anos o ensino será personalizado e os professores precisarão estar preparados para essa evolução. Ensinar através de livros didáticos não é mais atrativo.

O papel do professor é incentivar, estimular e refletir sobre determinado conteúdo e fazer isso de modo prático, utilizando metodologias inovadoras, resultando em melhores resultados na aprendizagem do aluno.

O futuro apresentará muitas oportunidades para os professores que continuarem estudando. Estamos vivendo em um momento em que estudar é necessário. A chegada de tanta tecnologia exige que o professor esteja preparado para ensinar. Adaptar-se às novas possibilidades de ensino é essencial, caso contrário não haverá espaço no mercado de trabalho!

A prova, no formato de perguntas e respostas, está sendo cada vez mais ineficaz no aprendizado do aluno. A tecnologia diminuirá o tempo que o professor gasta para corrigir provas e trabalhos. Assim, esse tempo poderá ser utilizado na preparação das aulas.

As redes sociais fazem parte do dia a dia dos estudantes, portanto utilize essa ferramenta para melhorar a comunicação entre eles em sala de aula. Utilize o Facebooko Twitter, o WhatsApp e outros aplicativos para inovar na forma de ensinar. pedir aos alunos que escrevam um blog é uma ótima forma de praticar a escrita. Deixe um aluno por dia com a responsabilidade de atualizar a página, assim eles aprenderão também a ter compromisso com os estudos. A participação dos alunos via internet, fazendo comentários e questionamentos, ajuda na integração daqueles que possuem mais dificuldade de aprender.

A educação no futuro vai preparar os estudantes para a vida. As salas de aulas terão funções diferentes das de hoje, pois terão como objetivo a prática. A meta maior da educação será fazer com que os estudantes desenvolvam um pensamento crítico e voltado para a realidade.

A tecnologia ajudará cada vez mais no processo de aprendizado dos alunos e caberá aos professores conduzirem de forma eficiente essa mudança. Para isso, eles precisam se capacitar e estar em um constante processo de aprendizagem para conduzir os alunos da melhor maneira possível e garantir um ensino de qualidade para as futuras gerações.

Quando estamos curiosos em aprender algo isso desperta em nós a vontade do aprender, nos motiva em saber mais sobre tal assunto, nos motiva conhecer o que ainda não sabemos, nós adultos somos desse jeito e com as crianças essa curiosidade é ainda mais aguçada e, deve ser trabalhada essa curiosidade em sala de aula para despertar a vontade de aprender.

A curiosidade ela ativa o cérebro para receber aquela informação que tanto espera o que torna o aprendizado mais gratificante, podemos ver exemplos no nosso dia a dia, crianças que gostam de dinossauros costumam ler sobre eles e sabem de tudo um pouco, o aprendizado dele não foi por base em memorização, ele se interessou pelo assunto o que gerou curiosidade e saber mais sobre ele.

A curiosidade vem de um ciclo para promover a aprendizagem. É  um clico motivacional para qualquer pessoa, desde sua infância até quando mais velho em seus empregos, em suas vidas!

Referências bibliográficas

HUGO, Assmann. Curiosidade e Prazer de Aprender – O papel da curiosidade na aprendizagem criativa. Petropolis, RJ: Editora Vozes, 2004. 

SANTOS, Julio César Furtado. Aprendizagem significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. 1ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2008. 

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O professor e o combate à alienação imposta. São Paulo, Cortez & Autores Associados, 1991.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad, 1994 (Cadernos Pedagógicos do Libertad,2).  

ZABALLA, Vidiella Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto alegre: Artmed, 1998. 

Sobre os autores
Benigno Núñez Novo

Pós-doutor em direitos humanos, sociais e difusos pela Universidad de Salamanca, Espanha, doutor em direito internacional pela Universidad Autónoma de Asunción, com o título de doutorado reconhecido pela Universidade de Marília (SP), mestre em ciências da educação pela Universidad Autónoma de Asunción, especialista em educação: área de concentração: ensino pela Faculdade Piauiense, especialista em direitos humanos pelo EDUCAMUNDO, especialista em tutoria em educação à distância pelo EDUCAMUNDO, especialista em auditoria governamental pelo EDUCAMUNDO, especialista em controle da administração pública pelo EDUCAMUNDO, especialista em gestão e auditoria em saúde pelo Instituto de Pesquisa e Determinação Social da Saúde e bacharel em direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Assessor de gabinete de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado do Piauí.

Antonio Rosembergue Pinheiro e Mota

Possui graduação em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2001) e Graduação em Letras (Língua Inglesa) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2014). Atualmente é professor de história - Secretaria Municipal de Educação do Município de Natal e professor de história - Secretaria de Estado de Educação e Cultura. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Antiga e Medieval e atuando como Gestor Escolar na Escola Municipal Ferreira Itajubá.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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