A TERRÍVEL TRAGÉDIA AMBIENTAL NO LITORAL NORDESTINO

01/11/2019 às 16:05
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O ARTIGO TRAZ INFORMAÇÕES SOBRE A BIODIVERSIDADE ATINGIDA PELA RECENTE TRAGÉDIA AMBIENTAL NO LITORAL NORDESTINO.

A TERRÍVEL TRAGÉDIA AMBIENTAL NO LITORAL NORDESTINO

Rogério Tadeu Romano

A chegada da sujeira negra à margem do Arquipélago de Abrolhos, formado por cinco ilhas que abrigam a mais extensa bancada de corais do Brasil e do Atlântico Sul, berço de 1300 espécies, refúgio de tartarugas marinhas e baleias jubarte. Esse dia, o dos borrões a lamber Abrolhos, chegou, e nas próximas semanas as areias da região poderão ser tingidas de marcas escuras. Não se sabe, ao certo, a dimensão do estrago, mas ele virá.

Além de proteger a biodiversidade dentro dos seus limites, o parque funciona como um manancial de ovos e larvas para colonização de áreas adjacentes submetidas à pesca intensa. Além disso, os recifes são peças-chave no ciclo do carbono nos oceanos, uma vez que mineralizam e imobilizam esse elemento na forma de carbonato de cálcio.

Os "chapeirões", que são as colunas recifais em forma de cogumelos gigantes (algumas têm mais de 20 metros de altura), típicas do Parcel dos Abrolhos, possuem o topo achatado e expandido lateralmente em função da estabilização do nível do mar em níveis próximos ao atual, a partir de cerca de 5.000 anos antes do presente. Trata-se de um tipo de formação com características únicas em todo o mundo, assim como as "buracas", outra formação recifal peculiar de Abrolhos. As "buracas", descritas pela ciência apenas em 2013, são concavidades estreitas com dezenas de metros de profundidade, as quais funcionam como reatores de matéria orgânica, fertilizando o Banco dos Abrolhos com nutrientes que alimentam o plâncton e toda a cadeia alimentar.

O terrível verão que vem na ameaça na poluição de óleo, ameaça o plâncton e o fitoiplancton

Há quatro tipos de plâncton, a saber: Fitoplâncton: são os plânctons de origem vegetal que vivem nas águas superficiais, uma vez que os organismos vegetais autótrofos, necessitam realizar o processo de fotossíntese através da luz solar, por exemplo, as microalgas fotossintetizantes (algas microscópicas).

Volto-me ao estudo de Waldemir Goulart Júnior.

Define-se como plâncton todos os organismos animais e vegetais incapazes de vencer os movimentos do mar, flutuando passivamente na coluna d’água, ou nadando fracamente. A grande maioria dos componentes do plâncton é microscópica, havendo exceções como as medusas, o Krill e outros invertebrados, que são macroscópicos. O plâncton divide-se, fundamentalmente, em dois grandes grupos, o fitoplâncton e o zooplâncton.

FITOPLÂNCTON

O fitoplâncton é composto pelos organismos vegetais, ou seja, espécies capazes de realizar a fotossíntese. Basicamente os componentes do fitoplâncton são as algas unicelulares, pertencentes a vários grupos taxonômicos. Dois grupos de microalgas, no entanto, são os mais representativos no oceano, tanto em número de espécies como em abundância de indivíduos, que são as diatomaceas e os dinoflagelados.

As diatomaceas são algas unicelulares, constituídas externamente por uma carapaça de sílica denominada teca, subdividida em duas metades que se encaixam. As carapaças são frequentemente ornamentadas com espinhos filamentosos e prolongamentos cuja função é aumentar a superfície do corpo a fim de facilitar a flutuação. Reproduzem-se em uma velocidade espantosa, chegando a quatro vezes por dia.

Deve-se lembrar que os organismos do fitoplâncton precisam permanecer nas águas superficiais do oceano para que possam fazer fotossíntese. A luz está presente em quantidades adequadas apenas até os duzentos metros de profundidade, sendo este o ambiente do fitoplâncton.

Os dinoflagelados também são unicelulares mas possuem dois flagelos móveis. São capazes ainda de emitir prolongamentos celulares como tentáculos e pseudópodos (similares aos das amebas). Na ausência de luz podem viver, alimentando-se ativamente no ambiente. Representantes deste grupo são os responsáveis pela maré vermelha (floração abrupta destas algas que pode alterar a coloração da água).

O fitoplâncton é na realidade a principal fonte de oxigênio para a atmosfera do planeta. Estas microalgas marinhas produzem mais oxigênio do que precisam no processo de respiração, liberando o excesso no ambiente. O conceito de que a Amazônia é o pulmão do mundo é errado, pois a enorme quantidade de oxigênio produzida pela floresta é totalmente consumida pelas plantas e animais do próprio local.

ZOOPLÂNCTON

Todos os animais do plâncton estão reunidos neste grupo. A diversidade do zooplâncton é extremamente grande, composta tanto por larvas como por animais adultos. As espécies que vivem no plâncton durante apenas uma fase da vida (fase larval) são chamadas de meroplâncton, enquanto que as espécies que passam toda a vida no plâncton são denominadas holoplâncton. As larvas apresentam características morfológicas, fisiológicas e comportamentais muito variadas, o que está ligado com a história evolutiva do grupo animal ao qual pertence.

Filos ou grupos de filos aparentados evolutivamente tendem a apresentar estágios larvais planctônicos característicos. Com base nesta realidade, já foram descritas dezenas de tipos e estágios larvais, como por exemplo a trocófora (de moluscos e poliquetas), zoea (crustáceos), plânula (cnidários), entre outras.

Os componentes do zooplâncton temporário (meroplâncton) são principalmente larvas de moluscos, vermes poliquetas, esponjas, acidais, crustáceos, e equinodermas. Os ovos e alevinos de peixes são um grupo importantíssimo do zooplâncton, denominado ictioplâncton. O zooplâncton permanente (holoplâncton) é constituído basicamente de crustáceos como camarões e o Krill, quetognatos (animais carnívoros do filo Chaetognatha), ostracodos e medusas. Na realidade as medusas verdadeiras (cifomedusas) têm uma breve fase da vida (estagio larval) em que vivem fixas ao substrato. No entanto, permanecem no plâncton por toda a vida adulta.

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O plâncton é um componente fundamental do ecossistema marinho, sem o qual não seria possível manter seu equilíbrio. Além de viabilizar a sobrevivência de centenas de milhares de espécies, tem crucial importância na manutenção de toda a cadeia alimentar marinha.

A reserva ambiental não tem cor e nem tem ideologia. Ela está e se sobrepõe acima de tudo isso.

Enquanto nossas reservas ecológicas pedem socorro, na prática, o governo federal está desmontando toda a governança e as políticas ambientais do país. Já são muitas as suas marcas nesses dez meses de desgoverno ambiental: extinguiu o Departamento de Educação Ambiental, a Secretaria de Mudanças Climáticas e o Plano de Combate ao Desmatamento na Amazônia; afastou os especialistas e pesquisadores das universidades e das ONGs; estringiu o orçamento de áreas estratégicas e fragilizou a atuação dos órgãos de fiscalização como o Ibama; paralisou o Fundo Amazônia.  A lista de desmandos é interminável. O governo inviabilizou em tempo recorde as ações dos órgãos federais responsáveis pela gestão ambiental.

Sobre o autor
Rogério Tadeu Romano

Procurador Regional da República aposentado. Professor de Processo Penal e Direito Penal. Advogado.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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