A importância da interpretação e da compreensão do estudo no curso de Direito: breve análise docente!

19/02/2020 às 17:30
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A escolha do curso superior a ser feito é algo que muitas vezes pode ocasionar dúvidas aos adolescentes que cada vez mais sentem-se “pressionados a escolher a profissão, haja vista terem “pouca idade”para uma decisão tão importante e que requer uma análise profunda no que diz respeito ao curso a ser feito, o mercado de trabalho e a vocação dessa pessoa que está em fase de transição: a adolescência.

O bom diálogo, as buscas pela informação são aliadas para a escolha da decisão que não é fácil de ser “tomada”. Testes vocacionais também podem auxiliar nessa questão.Quando não há segurança, o aluno tende a fazer um curso sentindo-se decepcionado porque  não esperava que fosse diferente daquilo imaginado, ou a cada semestre opta por transferir-se de curso ou trancar o que estava fazendo porque a indecisão ainda continua “reinando”.

Muitas vezes escutamos que o curso de Direito não seria uma boa opção porque o acadêmico tem que “decorar os artigos e que são muitos e isso é impossível ou chato”. Lêdo engano esse pensamento!

O ato de memorizar é indubitavelmente diferente do ato de decorar.O primeiro passo para compreender a matéria é estudá-la, pois quando existe o hábito da leitura nascem a compreensão e a dúvida consequentemente acerca do assunto.Ler é de suma importância, pesquisar e escrever são condutas que merecem destaque em todos os cursos e no curso de Direito não poderia ser diferente.A leitura e a escrita advém de hábitos ou de conduta habitual,se desde a infância fomos incentivados a ler e escrever,na adolescência e consequentemente na vida adulta o mesmo não será desfeito apenas reforçado.

Inserir hábitos na vida adulta é muito difícil, ninguém começa a gostar de ler de uma hora para a outra, da mesma forma se alguém nunca aprendeu matemática, de uma hora para a outra também não poderia gostar de fazer cálculos! Os primeiros anos na escola e como as pessoas portaram-se naquela época são de certa forma decisivos para a escolha da profissão e manutenção de hábitos na vida adulta.

Inquestionavelmente na área jurídica são muitos artigos, leis, súmulas a serem aprendidos, mas vale ressaltar que para que isso aconteça tem que haver objetivo em compreender a necessidade da leitura e da escrita em concomitância.Quem não gosta de ler e escrever, de falar em público, de atualizar-se, de pesquisar possivelmente não será feliz ao optar pelo Direito, curso que é assunto nesse artigo.

O aprender é uma conquista diária, pausada em vírgulas, mas nunca em ponto final e todo o estudante deve ser cônscio disso, em qualquer curso aliás.

O docente é grande contribuinte para a motivação no caminho a ser percorrido. É ele quem vai direcionar o aluno em seus passos, indicando a maneira como agir, e já esse último é responsável por aceitar esse direcionamento ou não e também por receber o resultado de seu plantio findo o período de seu curso superior.

 O processo de ensino-aprendizagem é a chamada ‘mola mestra” e é por sua vez uma relação que jamais pode ocorrer de forma unilateral sendo necessário haver sempre o envolvimento e a participação das duas partes:o professor e o aluno.Sabemos que a tecnologia nos dias atuais está muito avançada e que basta um “clique” e pronto a matéria que está no quadro estará ali na memória do celular,no entanto quando a matéria é copiada nossa memória é ativada,inegavelmente.

As pessoas possuem mecanismos diferenciados no processo de aprendizagem, umas tem facilidade em compreender o estudo; outras demoram um pouco mais, no entanto a leitura e a escrita devem ser aliadas em qualquer dessas situações.Todos são capazes de aprender e cada um tem o seu tempo.

 Boa parte dos alunos consegue compreender o conteúdo escrevendo e lendo;outros no entanto optam por assistir vídeo aula na internete ou ainda tirar foto da matéria transcrita pelo professor na lousa.São comuns situações assim tão diversificadas, haja vista cada um ser diferente no modo de pensar e agir e da mesma forma cada docente também tem seus métodos e sua didática aplicados conforme a sua observação ao processo de ensino-aprendizagem.

Não se pode decorar artigos, mas deve-se entendê-los! O Código não é doutrina e infelizmente alguns discentes sequer procuram manter a proximidade com os doutrinadores no sentido de buscar a leitura de suas obras com a finalidade de aprimorar conteúdo e incentivar o questionamento do mesmo ao docente.

Os Códigos são instrumentos de trabalho para os advogados, isso é fato, mas no que tange aos discentes, os códigos seja qualquer deles, não tem o poder de “salvá-los” em dia de prova, são colaboradores, mas não salvadores! Para interpretar um artigo, a doutrina deve estar presente como leitura cotidiana, daí a dica de sempre orientar os discentes a estudarem para as provas com as doutrinas e os códigos, sem excetuarmos o caderno para as devidas anotações, pois quem estuda tem dúvidas, óbvio.

Uma outra observação a ser feita recai sobre a interpretação de texto estudada nas primeiras séries de estudo.É perceptível que quando o discente sabe interpretar texto, ele tem o condão de melhor compreender a matéria e de realizar com facilidade qualquer texto, seja o narrativo, o dissertativo ou ainda o descritivo.O curso de Direito prima pela boa escrita, pela leitura, pelo uso correto da gramática seja verbalmente como também na forma escrita.

As concordâncias nominal e verbal, a pontuação, o entendimento, a compreensão de textos muitas vezes tão menosprezadas, são fundamentais para vida do estudante, principalmente o do Direito.

O advogado deve saber colocar as palavras e ter boa fundamentação em seus processos, deve saber argumentar e isso só será possível se quando acadêmico ateve –se a busca profunda pelo verdadeiro conhecimento.

Decorar não é aprender, manusear o código sem saber utilizá-lo é desperdiçar o tempo.Para ser um excelente profissional do Direito o interesse em aprender deve prevalecer.O advogado sempre vai ter que estar atualizando-se, fazendo cursos, especializações e pesquisas em doutrinas, jurisprudências e aperfeiçoando-se quando das inovações no campo jurídico.

O acadêmico em Direito é o futuro advogado e o hábito do estudo e não da decoreba é eficaz tanto na faculdade, como para o Exame da Ordem, para os concursos em geral, para a vida profissional.

Orienta-se que para haver um melhor entendimento do tópico de cada aula dada deve o aluno fazer leitura e breves anotações em seus estudos quando estiver em casa,por exemplo,dia a dia para não haver o acúmulo da matéria.Jamais deve-se adotar o método do “decoreba”,cujo resultado é apenas paliativo,podemos exemplificar com a seguinte situação:alguém que decore uma fala apenas para dizê-la a outrem.Em uma questão de tempo essa fala já terá sido esquecida,enquanto que se as palavras ensejadoras dessa fala tivessem sido memorizadas,seriam levadas para a vida inteira,porque tudo aquilo que se entende,se compreende,não se esquece e além do mais,o aluno pode levar esse conhecimento para sua vida pessoal e aplicá-lo ao caso concreto,se necessário.

É inquestionável que a pessoa ao ler mais tem uma facilidade maior e melhor em manejar as palavras, seja em uma conversa como também ao elaborar um texto.O conteúdo dado em sala de aula é o começo para que o discente se aprimore a cada dia mais, através da leitura, da busca incessante pelo aprimoramento e a pesquisa.Se o aluno cursa Direito deve sentir prazer ao ler a doutrina,deve demonstrar gosto pelo assunto e entender que não há opção em relação as aulas em usar o Código ou a doutrina,ambos são parceiros no referido curso,como já dito anteriormente.

Um dos métodos para memorizar o conteúdo é ler e escrever, perguntar ao professor quando dúvidas aflorarem e jamais deixar para estudar a matéria da prova durante a madrugada ou horas antes da prova.Se a pessoa estiver cansada o seu cérebro dificilmente irá assimilar aquela leitura feita de forma apressada e ansiosa.É sabido que muito discente tem vida “corrida”, trabalhar e estudar não é tarefa fácil, mas não é impossível e que todo esforço empregado hoje será colhido futuramente.

A aprendizagem pode ser constatada em resolução de exercícios quando a pesquisa é uma das ferramentas para a sua solução,pois tem poder de fixar o que foi explicitado em doutrinas e comentários docentes.O trabalho feito em sala de aula em grupos tem a intenção de aproximar os colegas,de motivar a chamada socialização simultaneamente com a interdisciplinariedade, incentivar a pesquisa e o auxílio mútuo, motivando a discussão e exposição de idéias diferentes, mas concatenadas sobre um mesmo assunto.Receber a pontuação é bom, mas aprender é melhor ainda.O conhecimento é levado para a vida e ninguém tem o poder de tirá-lo do outro.

No curso de Direito o aluno precisa praticar o hábito da leitura, da pesquisa em relação a Súmulas e Jurisprudências, fazer do código seu aliado nos estudos e não sua tábua de salvação em dia de prova. As doutrinas e os códigos devem ser companheiros na jornada acadêmica e quando o aluno faz essa parceria, tem êxito em suas provas e trabalhos, sem excetuarmos que mais dúvidas surgem e isso é de suma importância para o sucesso de um futuro profissional.

Outro fator considerável é a escolha da doutrina a ser utilizada pois a mesma tem um papel importante nessa caminhada, o aluno precisa observar se tem afinidades com a leitura daquela obra, se compreende a linguagem adotada.Deve ser a obra a amiga inseparável do docente e também do discente.

Memorizar é um processo construído com a utilização de muitos livros para que o alicerce tenha firmeza e não um ato.Já a de decoreba é um ato que não permite que o aluno tenha entendimento da aplicação da lei ao caso concreto, por exemplo.A leitura das mesmas questões por várias vezes induz o decoreba com a consequência do esquecimento em questão de horas, seria um falso conhecimento da matéria.Decorar é ilusão.

Na decoreba a matéria apenas “passeia temporariamente pela memória, ao passo que na memorização não há passeios, mas sim morada”.

Para aprender tem que ler  e compreender a mensagem transmitida pelo autor,fazer exercícios que apresentem como resposta a leitura em questão.O vídeo-aula também é um excelente auxiliar para a aprendizagem,o aluno ouve atento o que diz o emissor,é como se fosse alguém que está prestando atenção na conversa de um amigo.É raro esquecer o que foi falado por um amigo,normalmente são histórias que nos interessam e do mesmo jeito ocorre com os vídeos que ministram conteúdos,são interessantes para quem os procura,senão não haveria a busca por assistí-los.

Fazer resenhas, resumos, sublinhar frases importantes, participar de monitorias e pesquisas científicas são fatores que muitos contribuem para o desenvolvimento do acadêmico, seja em qualquer curso.

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Assistir a jornais televisivos e usar a tecnologia a seu favor no campo da pesquisa por exemplo, são atitudes benéficas a todos, independente da idade ou da forma como alguém possui para entender o estudo, seja mais lenta ou mais célere.

A dedicação é extremamente importante.O docente é por sua vez a “ponte” que liga o aluno ao conhecimento, mas a absorção do mesmo só é possível se houver o interesse daquele que almeja um bom futuro profissional.

Há professores que trabalham com apostilas, outros com o pincel e o quadro, já outros com slides, no entanto o docente não tem como “abrir a cabeça do aluno e por ali a matéria”, cada qual nessa relação tem seu papel: o docente ensina, o aluno estuda.

Artigos devem ser compreendidos, logo não há empecilho para escolha do Direito como curso a ser feito embasando-se no fato de que decorar artigos é difícil, como muito escuta-se por aí.

O conhecimento requer força de vontade,foco e muita renúncia.Ir à festas é agradável,mas construir o futuro é ainda melhor.Em época de prova,festas devem ser secundárias.O acadêmico em Direito tem que ter em mente que o sucesso em relação a aprovação no Exame da ordem tem ligação direta com a forma com que o mesmo lidou com seus estudos na faculdade,se dedicou-se em todos os períodos do curso não há grande chances de reprovação no referido Exame,por exemplo.Infelizmente o que tem sido percebido é que alguns alunos escolhem como foco as festas e se houver tempo dão uma olhadinha no Código na hora da prova.

Há também alunos que de “corpo e alma” e desde o primeiro ano ou período da faculdade, estudam e questionam a matéria, estabelecendo estratégias de estudo não aderindo o lazer como a primeira opção e muito menos adotando o “decoreba” em sua jornada acadêmica.São participativos e não tem medo de errar porque tem ciência de que errando se aprende,fazem com excelência os trabalhos,não perdem tempo praticando a tão abominável “cola”e sim lendo as anotações no caderno,que foram confeccionada ao longo do semestre.

Nesse artigo vale destacar que cada linha foi escrita com base nas observações que docentes assim como eu,fazemos em vários anos de docência e que a intenção é auxiliar e contribuir para o crescimento dos discentes como um todo,cada professor é educador,devendo ser motivador e  também autor de diálogos que são componentes no ensino-aprendizagem.

O caminho é longo, é árduo, mas é gratificante para aqueles que se esforçaram.O início da carreira é difícil, mas é algo passível de superação para quem tem garra e compreendeu o valor de cada segundinho dispensado ao estudo.

Sobre a autora
Kelly Moura Oliveira Lisita

Advogada.Membro da Comissão de Direito das Famílias da OAB GO.Docente Universitára nas áreas de Direito Penal e Direito Civil.Tutora em EAD.Articulista.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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