José Bonifácio, considerado o patriarca da independência do Brasil e precursor do movimento abolicionista brasileiro, defendia a extinção gradual da escravidão, a emancipação dos escravos e a mestiçagem entre negros e brancos. Segundo o autor, os negros deveriam ser introduzidos em um contexto social da mesma forma que os brancos, e essa mudança na vida social seria responsável, segundo ele, por grandes melhorias e avanços para o império. A escravidão seria, assim, contrária às leis eternas da justiça e da religião, e não somente um crime contra o direito natural, mas contra o direito do Evangelho.
Após a abdicação de Dom Pedro I, José Bonifácio é nomeado ao cargo de tutor do futuro imperador, Dom Pedro Segundo. Assim, Bonifácio assume a responsabilidade de formar e conduzi-lo ao futuro do Brasil, concretizando sua busca pela independência, assim como a unidade do país, a abolição da escravidão, fim do tráfico negreiro e a integração dos negros à sociedade mediante a criação de medidas socioeducativas. Seus pensamentos partiam do princípio da tríade e do liberalismo. O paradigma liberal seria o garantidor da liberdade e da igualdade na vida social, e, por conseguinte, o fim da escravidão e a independência do país seriam representações e concretizações da realização e completude da tríade.
Determinado pelo distanciamento de sua condição de pensador e cientista social, por muitas vezes, José Bonifácio acabava por tomar um posicionamento de exclusão dos índios frente aos seus pensamentos. Suas abordagens, muitas vezes antagônicas, determinavam os índios como “povos vagabundos”, envolvidos constantemente em roubos, furtos e crimes concomitantemente às suas críticas, às invasões de suas terras e às situações que, muitas vezes, passavam a ser submetidos. Esses indícios de antagonismo de seus posicionamentos foram, por vezes, interpretados como fatores contraditórios que marcariam a trajetória de José Bonifácio.
Segundo o pensamento de Joaquim Nabuco, a manutenção da escravidão significaria uma afronta à humanidade, moral e o direito à dignidade. O autor defende que, em parte, os problemas brasileiros, tanto sociais quanto políticos, assim como a diferença entre o Brasil e os países europeus poderiam ser justificados pelo período de escravidão e suas marcas deixadas na estrutura social brasileira.
Desta maneira, a progressão do Brasil estaria diretamente relacionada à necessidade de abolição da escravidão e à inclusão dos negros na vida social, semelhantemente ao pensamento de José Bonifácio. Em contrapartida, Joaquim Nabuco faz uma lúdica diferenciação entre a sociedade política e a civil. A sociedade política, que não era composta pelos negros, deveria atuar como representantes dos mesmos, de forma que seriam eles os responsáveis pela abolição. Desta forma, a liberdade dos negros, componentes da sociedade civil, deveria ser garantida por aqueles que, outra hora, faziam parte da sociedade política.
Joaquim Nabuco foi um dos primeiros autores e historiadores sociais a identificar o desdobramento da escravidão e suas conseqüências para os contextos sociais, políticos e econômicos do futuro. Segundo seu pensamento, não seria tão fácil e rápido extirpar os efeitos danosos da escravidão e da retórica racista. “A história da escravidão africana na América é um abismo de degradação e miséria que se não pode sondar”. (Nabuco, Joaquim)
O liberalismo científico de Rui Barbosa buscava, antes de tudo, a partir de um novo constitucionalismo, mais moderno, a construção de uma nova constituição. O liberalismo adotado por Rui Barbosa baseava-se na visão e na necessidade de se ter indivíduos livres, segundos os princípios de justiça, e baseado no livre mercado, razão pela qual Rui Barbosa é responsável pela origem do liberalismo moderno brasileiro.
Pautado em uma visão científica e positiva, Rui Barbosa defendia a corrente reformista de mudanças políticas, além da instalação de um sistema republicano e federativo no Brasil. Rui Barbosa era crítico do sistema escravocrata e destacava a escravidão como um dos pontos de incoerência para a evolução e consistência para que essas mudanças fossem realizadas.
A escravidão iria, segundo o pensamento de Rui Barbosa, contra os princípios do direito civil moderno, da mesma forma que iria de encontro aos conteúdos das constituições, do princípio de liberdade, justiça e divergiria dos princípios de democracia, os quais eram defendidos pelo autor.
De acordo com o pensamento do escritor, as mudanças sociais deveriam ser realizadas através do parlamento, embora Rui acreditasse que somente aqueles que fossem instruídos economicamente poderiam ser os responsáveis por essas mudanças. Rui Barbosa discordava do modelo de voto universal. Segundo o pensador, esse modelo poderia resultar em diversas conseqüências negativas. Dentre elas, ele destacava que aqueles que fossem economicamente superiores teriam uma ampla possibilidade de influência e manipulação dos votos da sociedade civil mais pobre. "A escravidão do negro é a mutilação da liberdade do branco." (Barbosa, Rui)
A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade os iguais, ou aos desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. (Barbosa, Rui)