Saudação ao Dr. Waldir Troncoso Peres,
(Acrimesp, 5.11.92 – Semana de Rui Barbosa)
Excelentíssimas Senhoras;
Excelentíssimos Senhores:
Todos os que estamos aqui hoje reunidos queremos ardentemente render duas homenagens muito especiais: uma àquele que, no juízo incorruptível da História, passa pelo maior dos brasileiros: Rui Barbosa; outra a esse que, segundo a comum opinião dos que professam a Advocacia Criminal, é o maior tribuno forense de nosso tempo: Waldir Troncoso Peres. Ninguém, entre nós, com efeito, possui mais do que Waldir Troncoso Peres a eloquência, como a definiu o mesmo Rui: “privilégio divino da palavra na sua expressão mais fina, mais natural, mais bela”([1]).
É, portanto, ao “Príncipe da Oratória Forense” que vamos hoje escutar a respeito do Júri, de que Sua Excelência disse algures, e com grande acerto, representar “o único momento solene de contacto do Judiciário com o povo”.
Quiséramos que vós, que fidalgamente aceitastes nosso convite para participar da Semana de Rui, cujas obras ledes com verdadeira devoção (e delas possuís algumas raríssimas, como a que reúne as defesas criminais de Rui), tomáramos que vós interpretásseis este nosso convite — engrandecido com a presença de tantos vultos preeminentes, como o vosso querido e particular amigo o Prof. Napoleão Mendes de Almeida —, como justo e merecido preito de reconhecimento de todos nós àquele que, há 47 anos, com o fulgor de sua inteligência, a retidão de seu caráter e a nobreza de seu coração, vem dignificando a Advocacia Criminal: o Dr. Waldir Troncoso Peres!
Waldir Troncoso Peres
(“O Príncipe da Oratória Forense”)
(Carta de agradecimento ao Dr. Waldir Troncoso Peres, por haver comparecido à Acrimesp e ali proferido, perante auditório numerosíssimo, notável conferência: “O Advogado no Júri: Lições, Conselhos e Experiências”).
São Paulo, 8 de março de 1993
Excelentíssimo Senhor
Dr. Waldir Troncoso Peres
Av. Brig. Luís Antônio, 54, 15º andar
Capital
Dileto Amigo:
Nos fastos da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo (Acrimesp), quer a Justiça que se inscrevam sempre, recomendando-os ao respeito e à admiração da posteridade, os nomes daqueles que a ilustraram com seus cabedais de espírito e talentos. O do distinto colega, no entanto, por direito seu inconcusso, merece gravado em lâminas de ouro, que assim pedia um antigo costume se libertassem da lei da morte aqueles varões excedentes à craveira comum.
Na memorável noite de 5 de novembro — a de sua notável conferência (“O Advogado no Júri: Lições, Conselhos e Experiências”) — , não foram só os criminalistas os que tiveram a fortuna de escutá-lo e o dever de aplaudi-lo, senão toda a classe culta de São Paulo.
Enganam-se — ah! como se enganam! — aqueles que supõem extinta na alma dos advogados a centelha divina do ideal, do amor da cultura, do saber e da eloquência. Esses, Doutor Waldir, ainda o não conheceram. Tomara lhes faça Deus um dia esta insigne mercê!
Do mesmo passo que o auditório justamente ovacionou “O Príncipe da Oratória Forense” — que o é o querido amigo —, houve os que lamentaram até às entranhas não ter podido ouvi-lo. Este sentimento de sincero pesar vi nascer do peito a muitos, por não terem escutado o orador a quem já conheciam pelos clarins da fama; que era como os romanos, que se extasiavam com o verbo sublime de Cícero, definiam a própria glória!
As palmas do público transformaram-se, naquela noite, em verdadeiras palmas de eloquência, que o prezado amigo soube arrebatar.
Enquanto os rios correrem para o oceano, será entre nós lembrado e tido por superior a todo o reconhecimento o nome preeminente de Waldir Troncoso Peres!
Abraça-o, comovido, o amigo e admirador
Carlos Biasotti
Nota
([1]) Luís Viana Filho, Antologia, 1953, p. 115.