A empatia, é vista como uma construção em várias dimensões, incluindo cos componentes: cognitivo, afetivo e comportamental, por isto tem sido essencial para os profissionais envolvidos com os processos de aprendizado. Deste modo, é necessário a compreensão sobre como esta funciona e se torna essencial no dia a dia de um professor, o qual é visto como um facilitador do aprendizado para os alunos, muitas vezes como referencial e inspiração.
Os psicólogos sustentavam que a empatia é uma habilidade que traz meios para que as pessoas consigam entender umas às outras, colocando-se assim no lugares destas para buscar uma maior compreensão ao analisar do ponto de vista de quem vivencia aquela situação que está sendo analisada, sem ao mesmo tempo perder-se de si. (SAMPAIO; CAMINO; ROAZZI, 2009). Por isto é muito relevante a compreensão da empatia por FALCONE (1998-1999) como habilidade social ou de comunicação.
Ao entender a importância da empatia, começa a notar a relevância que esta tem para a educação, para isto vale-se então ressaltar a frase muitas vezes repetidas por Parker J. Palmer, autor, educador e ativista americano que se concentra em questões de educação, na qual ele dizia:
“Bons professores possuem a capacidade de conectar-se com seus estudantes. Isso depende menos de um método do que o desejo de abrir-se aos seus alunos e se fazer entender.”
Torna-se nítido que o emprego da empatia pelo professor não trata-se apenas de um método ou conhecimento mas sim do seu desejo de ver a escola cumprir com o seu papel, o qual é entendido como um transformador social na vida das pessoas, entretanto para isto o papel do professor empático é fundamental. (JULIATTO, 2005)
Esse experimento permite remeter a uma comparação com as professores vistos muitas vezes em filmes, os quais marcaram gerações e a vida de muitos, dentro e fora das telas, tais como: “Sociedade dos Poetas Mortos”, que mostrou como um professor empático pode sim estimular, impactar e transformar a vida de muitos alunos.
Portanto, no papel importante do professor, a questão do ensinar e aprender se torna mais complexa, porque para se fazer ser entendido pelos alunos só o conhecimento especializado não é suficiente. É preciso, além dos conhecimentos de uma área específica, conhecimentos de como externar isto de forma que seu auditório entenda e assimile, para isto, faça-se necessário uma empatia na fala de cada educador, professor e facilitador do ensino.
A linguagem serve para que o homem entenda a evolução das relações sociais e pessoais, conseguindo assim adquirir e compartilhar conhecimentos sobre áreas que lhe interessam, se tornando cada vez mais atraído por aquele conteúdo, portanto, cabe à quem transmite estes ensinamentos buscar à compreensão de todos.
Indaga-se, portanto, a seguinte dúvida: qual o papel dos professores e educadores ao utilizar uma linguagem rebuscada que, por vezes, obscurece o entendimento e o ensino? Obviamente, deve-se o professor empático buscar meios facilitadores para seu interlocutor, isto é, o aluno, em prol do verdadeiro cumprimento de sua função como professor e da concretização do buscado pelo aluno: o aprendizado.
É compreensível e não está sendo criticado o uso de termos e vocábulos que são necessários para cada área de ensino, como termos técnicos e essenciais entretanto o que se condena nos questionamentos feitos é o excesso de formalismo e a busca de um “enriquecimento” da fala que distancia está de seu público, o aluno, tornando-se assim este recuso bonito, poderoso, entretanto ineficaz para a essência do porque aquele discurso está, ou deveria estar, sendo feito.
Há um enorme abismo na comunicação do acadêmico com o mundo não acadêmico, o que torna o ensino do educador cada vez mais distante do educando.
Para diminuir esta lacuna existente, é necessário ser claro na sua comunicação, utilizando-se da empatia para sensibilizar-se e conectar-se com quem está lidando em busca da concretização da justiça, esta, definhada como: “Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades”. (NERY JUNIOR, 1999, p. 42), entretanto ao tratar-se de educação, faça-se uma transposição desta frase em: “Dar ensinamento empático à todos é utilizar-se da linguagem culta com os cultos e simples com os mais simples em seus níveis de simplicidade”.
Conclui-se que simplificar a linguagem no ensino não é uma redução na grau de intelectualidade do professor, pelo contrário é uma ação empática que demonstra ainda mais o seu grau elevado de conhecimento. Por isto, encerra-se com uma frase, do que dizia sobre o assunto, de Machado de Assis (apud FETZNER, 2006: 5):
“Não há dúvida de que as os meios de comunicação se aumentam e alteram com o a passagem das eras e a necessidade dos costumes e usos. Desejar que a esta pare séculos atrás, é um erro igual ao de afirmar que sua transplantação para a América Latina não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. [...]”
CHABOT, D.; CHABOT, M. Pedagogia Emocional: Sentir para Aprender. Tradução de Diego Ambrosini e Juliana Montoia de Lima. São Paulo: Sá Ed., 2005.
FALCONE, E. M. O. A avaliação de um programa de treinamento da empatia com universitários. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
JULIATTO, C. I. A Universidade em Busca da Excelência ― Um Estudo Sobre a
Qualidade da Educação. Curitiba: Ed. Champagnat, 2005.
SAMPAIO, L. R.; CAMINO, C. P. S.; ROAZZI, A. Revisão de Aspectos Conceituais, Teóricos e Metodológicos da Empatia. Psicologia Ciência e Profissão, v. 29, n. 2, p. 212- 227, 2009.
CHALITA, Gabriel. A sedução no discurso: o poder da linguagem nos tribunais de júri. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
VIANNA, José Ricardo Álvares. Simplificação da linguagem jurídica. Teresina. Jus Navegandi, 4 maio 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11230/simplificacao-da-linguagem-juridica/print>. Acesso em 13 de Abr. 2019.
NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na constituição federal. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
FETZNER, A. R. Argumentação Jurídica - Teoria E Pratica. 4 ed. Freitas Bastos. Rio de Janeiro, 2006.