Em 12 de dezembro de 2018, o então presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.756/18 que, dentre outros assuntos, tornava válida a realização de apostas esportivas em todo o território nacional. Na prática, essa aprovação representou um socorro ao futebol brasileiro.
O maior produto esportivo do Brasil é o futebol, tratado por muitos como uma religião, e que movimenta diversos setores da economia, principalmente o entretenimento.
Nos anos anteriores a aprovação da lei, a Caixa Econômica Federal, banco estatal, era majoritariamente o maior apoiador do futebol e dos esportes olímpicos, mas ao final de 2017 começou a dar sinais de que não poderia continuar com tais investimentos.
A aprovação da Lei 13.756/18 permitiu a entrada no país de empresas que promovem apostas esportivas no ambiente online, mas que também investem em jogos de bingo, roletas, cassinos, caça níquel e outras modalidades.
Os site de apostas chegaram com o patrocínio dos campeonatos regionais. A equipe do Fortaleza, lá do Ceará, foi a primeira a oficializar uma ação patrocinada em sua camisa por uma empresa deste segmento. Dos 20 times da elite nacional, já são 14 com este tipo de apoio.
Após consolidar o modelo de patrocínio a clubes de futebol na Europa e entrar na liga norte-americana, o Brasil seria lógico um alvo destas empresas.
O futebol dono de cinco títulos mundiais e um dos principais fornecedores de mão de obra para o velho continente tem o potencial de um continente para geração de novos negócios. Outro gatilho que despertou o interesse dos investidores foi a presença alta de apostadores brasileiros em sites de apostas e de jogos de bingo no exterior.
Como forma de ativação, estas empresas costumam bonificar o usuário com um saldo para apostas ou mesmo com uma partida de bingo grátis, essa prática permite ao participante testar e avaliar o desempenho do site.
A partir daí, cabe ao usuário aceitar ou não permanecer e fazer as suas apostas esportivas.
Mas o que o esporte ganha com isso?
A saída de grandes multinacionais das camisas de futebol, em um sinal que já era visível desde o início deste século, fez com que os clubes dependessem cada vez mais dos altos valores pagos por transferência de promessas para a Europa e Ásia, baixando a qualidade técnica do espetáculo nacional.
Fora isso, clubes que não conseguiam vender jogadores acabaram contraindo dívidas gigantescas que são inviáveis de quitação.
Raras são as administrações que passaram ilesas pela saída dos grandes patrocinadores e vários clubes da Série A viram ameaçadas a permanência na primeira divisão, com vários times grandes indo jogar a Série B.
A entrada de capital estrangeiro por meio de patrocínio de empresas de apostas e jogos de bingo representa uma salvação e, ao mesmo tempo, um reequilíbrio de forças, já que diversos times médios e pequenos do interior também passaram a receber tais aportes.
A esperança agora é que outras modalidades como são os casos do atletismo, do vôlei e basquete também recebam algum incentivo para torná-las mais competitivas e que eleve a qualidade do espetáculo.