Defesa administrativa em auto de infração ambiental

No processo administrativo ambiental para apurar infração ambiental podem ser arguidos os vícios que tornam nula a multa ambiental, como a violação aos princípios constitucionais

20/03/2020 às 09:46

Resumo:


  • Os órgãos da Administração Pública e seus agentes devem obedecer aos princípios que regem a administração pública, conforme a Constituição Federal.

  • O princípio da legalidade é um vetor da Administração Pública, proibindo o agente público de agir fora do que a lei permite.

  • A violação dos princípios da administração, como legalidade e moralidade, pode acarretar a nulidade de atos administrativos, como o auto de infração ambiental.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Violar princípio constitucional pode causar a anulação da multa da multa ambiental, que pode ser alegada no processo administrativo ou ação judicial. Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer.

Princípios Constitucionais. Auto de Infração Ambiental. Nulidade. Defesa. Vícios do auto de infração. Nulidade processo administrativo ambiental. Advogado. Escritório de Advocacia.

 

INSTAGRAMhttps://www.instagram.com/advocaciaambiental/

 

 

Os órgãos integrantes da Administração Pública, seja direta ou indireta, assim como seus agentes, estão sujeitos aos princípios que regem a administração pública.

Dispõe o art. 37, caput, da Constituição Federal:

"A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte..."

O Direito Administrativo é solidificado sobre os Princípios da Supremacia do Interesse Público sobre o particular e da Indisponibilidade do Interesse Público pela Administração.

Qualquer ato administrativo que se desencontre de tais princípios será necessariamente inválido.

Como se sabe, princípios gerais do Direito são as inspirações éticas que fundamentam todo o ordenamento jurídico.

Ainda que não consagrados normativamente, devem ser respeitados, seja para manutenção do sistema jurídico, seja por questão de coerência, já que seria despropositado relegá-los a um segundo plano e somente observar as regras por eles criadas.

Quando positivados, mormente pela Constituição Federal, têm observância obrigatória, por se tratar de normas de eficácia plena e de aplicabilidade imediata, que funcionam como vetores de toda a elaboração legislativa, vinculando principalmente os representantes do povo, mas também todas as pessoas que vivam em determinado País.

Deveras, os princípios são mandamentos nucleares de um sistema, seu verdadeiro alicerce, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, opondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão.

Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello:

Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comandos.
É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura neles esforçada.[1]

 

Consagrado pelo artigo 37, caput, da Constituição Federal, o princípio da legalidade é um vetor da Administração Pública.

Referido postulado assume facetas distintas, uma no Direito Público e outra no Direito Privado.

No direito privado, impera a regra traçada pelo artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal, segundo a qual "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".

De seu turno, no âmbito do Direito Público, aplica-se a referida norma prevista no artigo 37, caput, da Carta Magna.

Assim sendo, não pode o agente público, representando a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios, fazer o que a lei não proíbe. Ao contrário, está autorizado a agir somente na forma expressamente prevista pela legislação.

Assim, se a conduta afronta ao princípio da moralidade administrativa, o qual obriga o agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, a distinguir o Bem e o Mal, o honesto e o desonesto, não podendo desprezar ao atuar, ao praticar o ato administrativo, entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, mas também entre o honesto e o desonesto.

Ou ainda, como ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, tal princípio impõe ao agente administrativo e aos atos dele emanados a proibição de qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir, dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte de cidadãos, sendo parte dele os conceitos de lealdade e boa-fé (in Curso de Direito Administrativo, Malheiros Editores, 5ª ed., págs. 59/60).

Havendo, portanto, violação dos agentes de fiscalização ambiental aos princípios da legalidade, moralidade, transparência, isonomia, dentre outros, ao agir em desacordo com os preceitos da Constituição Federal, legislações federais e municipais, normas e atos administrativos, violação essa consubstanciada na lavratura do auto de infração ambiental incabível, revela afronta aos citados princípios, causando a nulidade do ato administrativo, ou seja, do auto de infração, que pode ser arguida na fase administrativa ou em processo judicial próprio.

[1] Curso de Direito Administrativa 7. cd., São Paulo: Malheiros, 1995, p. 538.


Leia mais

 

 

Sobre o autor
Cláudio Farenzena

Escritório de Advocacia especializado e com atuação exclusiva em Direito Ambiental, nas esferas administrativa, cível e penal. Telefone e Whatsapp Business +55 (48) 3211-8488. E-mail: [email protected].

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Leia seus artigos favoritos sem distrações, em qualquer lugar e como quiser

Assine o JusPlus e tenha recursos exclusivos

  • Baixe arquivos PDF: imprima ou leia depois
  • Navegue sem anúncios: concentre-se mais
  • Esteja na frente: descubra novas ferramentas
Economize 17%
Logo JusPlus
JusPlus
de R$
29,50
por

R$ 2,95

No primeiro mês

Cobrança mensal, cancele quando quiser
Assinar
Já é assinante? Faça login
Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Colabore
Publique seus artigos
Fique sempre informado! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos