A peste negra e as roupas de isolamento

17/04/2020 às 11:56
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O isolamento achata a curva de transmissão da pandemia, mas quem pagará a conta?

Ainda me lembro na década de 90 do surto do Ébola que teve epicentro na África e que até virou filme de ficção.

Um dos dramas do filme residia do fato de que, sendo o vírus mutagênico e altamente letal, este teve uma mutação que o levou a ser transmitido pelo ar, era evidente que haveria uma contraposição de teses, desde o isolamento total de uma cidadela além do uso de bombas de vácuo, que prometia acabar com o ar, e também a população da cidade norte americana; Apesar disto venceu a mais racional, para a criação da vacina, a beneficio do heroísmo que brota em todos nós em situações de calamidade.

As pandemias não são uma novidade na humanidade, estas demonstram em síntese um desequilíbrio de populações, quando uma parasita (o patógeno) passa a se multiplicar deliberadamente ao extremo da destruição do próprio hospedeiro e de bilhões de indivíduos em depósito, com o tempo, demonstrado na curva de Gauss, a doença é controlada ou erradicada, transformando-se numa endemia, na reunião e vida de todos os povos.

 Durante a Idade Média a peste negra, a pior delas matou milhões de pessoas, estima-se que mais da metade da população da Europa foi enterrada, e a medicina não era tão avançada, e bem comercializada como hoje, não existiam os cursos de biomedicina e medicina superconcorridos, nem os samaritanos planos de saúde.

Ainda assim surgiam os empiristas e alquimistas que entenderam de forma correta, porém ainda superficial que, a peste bubônica, transmitia-se por um “ar envenenado” que se misturava com os “fluidos do corpo” passando a compor e vestir as roupas de isolamento, ainda era longe a descoberta da transmissão pelas pulgas, mas a roupagem mostrava que, exatamente estes estavam morrendo menos, apesar do contato direto com os infectados.

As roupas consistiam no uso de luvas e botas, dando cobertura e isolamento total ao corpo, além de uma mascara e lentes com um bico de pássaro, composto por uma série de ervas e aromáticos que filtravam o fedor e o tal ar contaminante; Para completar a crença no místico o uso de um chapéu protetor junto de uma varinha de pouco mais de um metro para evitar a aproximação do infectado que dava auxilio e fazia pesquisas, contra o “licenciado”.

Evidente que o isolamento achata a curva de transmissão, simplesmente porque se interrompe o contato de um individuo com o outro, este mesmo que muitas vezes pode ser um transmissor de vírus enfraquecidos e que favorecem a imunização passiva, já que todos sabem que não há cura para a gripe.

Entretanto isto dá tempo para o Governo se preparar para o de sempre: Falta de dinheiro e rivalizações pelo poder.

No final difícil é saber quem paga a conta das pessoas enfurnadas nos seus apartamentos sem poder trabalhar, confraternizar, reunirem-se os familiares além de receberem as tais mascaras, medicamentos e as “quentinhas” delivery, já que sem trabalho não há nem máscaras nem alimentos, e nem a longa vida, como vem prometendo.

Ter isto como uma solução mágica, embora pareça de boa vontade, é totalmente utópica, entretanto me parecendo que a despeito do seu custo e da obrigatoriedade daquele que também se obriga, apesar de ser uma ideia antiga, a tese das roupas de isolamento para que todos possam viver e trabalhar parece ser bastante hodierna, uma vez que as roupas de isolamento mostram-se também eficientes para o vírus da demagogia, não se sabendo apenas, quem pagará o gasto do povo.

Sobre o autor
Cassio Montenegro

Bacharel - Universidad Empresarial – Costa Rica. Concursado no V Exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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