Posso vender imóvel arrolado pela Receita Federal?

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Importante esclarecer que o arrolamento de bens não significa uma constrição patrimonial. Apesar de constar a averbação do arrolamento na matrícula do imóvel, o bem continua em poder do proprietário que poderá inclusive realizar sua venda.

A Receita Federal efetua o arrolamento de bens do contribuinte ou responsável tributário que tenha dívida com o órgão em valor que supere R$ 2 milhões e represente mais de 30% do seu patrimônio conhecido.

 

Assim, sempre que existir débito e cumprido os requisitos acima, a Receita Federal enviará ao devedor a notificação sobre o arrolamento acompanhada da lista de bens que sofrerão a averbação. 

 

Importante esclarecer que o arrolamento de bens não significa uma constrição patrimonial como ocorre no caso da penhora do bem. Apesar de constar a averbação do arrolamento na matrícula do imóvel, o bem continua em poder do proprietário que poderá inclusive realizar sua venda. 

 

O arrolamento é uma medida de mero acompanhamento patrimonial do contribuinte em débito com a Receita Federal. É o meio pelo qual a autoridade fiscal tem para acompanhar o acervo de bens suscetível de ser indicado como garantia de crédito tributário. Assim, não pode haver interferência da Receita quanto à disposição do bem.

 

No entanto, a lei confere ao proprietário do imóvel arrolado o dever de informar à Receita Federal sobre a alienação, oneração ou transferência do bem em até 5 dias contados da ocorrência do fato[1].

 

Caso não seja cumprido tal requisito, poderá ser ajuizada contra o devedor a chamada medida cautelar fiscal uma vez que a alienação do bem sem a devida comunicação à Receita Federal pode dar indícios de que o devedor está tentando esvaziar seu patrimônio para não pagar a dívida com a União. 

 

Somente com a autorização judicial na cautelar fiscal, poderá ser decretada a indisponibilidade dos bens do devedor o que impedirá a alienação ou transferência do patrimônio até o limite da dívida.

 

Desta forma, a mera averbação na matrícula do imóvel do arrolamento de bens não impede alienação ou transferência. É garantido ao contribuinte que estiver diante dessa situação o cancelamento do arrolamento na matrícula do imóvel alienado pelo próprio Cartório de Registro de Imóvel após a apresentação da comunicação de venda do bem perante a Receita, nos termos do artigo 64, §11 da Lei nº 9.532/1997[2].

 


[1] Instrução Normativa RFB nº 1565/2015 –“Art. 8º O sujeito passivo cientificado do arrolamento fica obrigado a comunicar à unidade da RFB de seu domicílio tributário a alienação, a oneração ou a transferência a qualquer título, inclusive aquela decorrente de cisão parcial ou perda total de qualquer dos bens ou direitos arrolados, no prazo de 5 (cinco) dias contado da ocorrência do fato, sob pena de aplicação do disposto no caput do art. 15.”

[2] “Art. 64. A autoridade fiscal competente procederá ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo sempre que o valor dos créditos tributários de sua responsabilidade for superior a trinta por cento do seu patrimônio conhecido.

§ 11.  Os órgãos de registro público onde os bens e direitos foram arrolados possuem o prazo de 30 (trinta) dias para liberá-los, contados a partir do protocolo de cópia do documento comprobatório da comunicação aos órgãos fazendários, referido no § 3o deste artigo”.

 

 

 

Sobre a autora
Carolina Moreira de França Dominguez

Advogada - Direito Tributário / Planejamento Sucessório / Direito Sucessório

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