Assembleia Geral da ONU e o recuo do multilateralismo

01/10/2020 às 18:00
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O presidente Jair Bolsonaro abriu a 75º Assembleia Geral das Nações Unidas (AG), no dia 22 de setembro de 2020. Pela primeira vez na história da organização, a plenária da AG estava sem os participantes presentes. Os discursos presidenciais foram transmitidos ao vivo pela tela em Nova Iorque. Essa fotografia retrata o aniversário de 75 anos de criação da organização. Uma configuração do sistema internacional marcada por uma rivalidade crescente entre EUA e CHINA, somado à falta de respostas e de consenso em torno dos mecanismos multilaterais de concertação política, como a ONU, a OMS e a OMC.

A base que orientou a criação das Organizações Internacionais foi influenciada pelos impactos nefastos da I e da II Guerra Mundial. A função dessas instituições é diminuir a desconfiança, aumentar o diálogo, aproximar os opostos, construir parcerias e, sobretudo, evitar o confronto armado. Passados 75 anos de criação das Nações Unidas, a comunidade internacional deixou de lado mudanças, que teriam permitido uma nova onda de cooperação entre as nações. A reforma do Sistema ONU e a configuração dos membros do Conselho de Segurança. O financiamento multilateral das operações de paz. Os acordos multilaterais de comércio, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).  O engajamento dos países aos acordos-quadro, orientados para limitação das emissões de dióxido de carbono.

Os desafios que a humanidade enfrenta são incompatíveis com o baixo grau de cooperação entre as nações.  Mudanças climáticas, contaminação biológica, crise econômica, desigualdade social, migrações forçadas, fome e miséria. Os problemas possuem realidades práticas locais. No entanto, sua abrangência é global. Esse desencontro entre os indivíduos, os chefes de estado e a comunidade internacional impede, que soluções cooperativas sejam elaboradas. A falência de uma sociedade internacional é o reflexo da fórmula autocentrada de solução de problemas. A visão ultranacionalista, antropocêntrica, e individualizada, é incompatível com os problemas que atingem a humanidade. Essa fórmula já foi testada na I e na II Guerra Mundial, assim como na Guerra Fria. Essa deveria ser a história do século XX, não a do século XXI.

Sobre o autor
André Frota

Professor dos cursos de Relações Internacionais e Geografia no Centro Universitário Internacional Uninter.

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