A IMPORTÂNCIA DO PLANTÃO PSICOLÓGICO DENTRO DA DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER

Resumo:


  • A violência é um problema complexo e multifacetado, afetando indivíduos em níveis sociais, políticos e pessoais, e é reconhecida como um problema de saúde pública.

  • O papel do psicólogo é fornecer acolhimento e orientação às vítimas e agressores, ajudando no enfrentamento da violência e no encaminhamento para serviços de apoio.

  • O atendimento psicológico em delegacias se alinha com ações legais, apoia a seleção de informações criminais e promove redes de apoio comunitário e social.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

A influência do plantão psicológico nas Delegacias de Defesa da Mulher

Não é tarefa simples falar sobre o complexo fenômeno da violência, que se propaga em nível macro englobando aspectos sociais, políticos, econômicos e históricos, bem como no nível micro relativo a dinâmica familiar e a subjetividade de cada indivíduo.

A violência é considerada um problema de saúde pública, sendo compreendida como atitude de comunicação e de relação hostis entre os indivíduos, ocorrendo em situações de prepotência, intimidação, discriminação, raiva ou vingança.

As relações conflituosas fazem parte da relação humana, como meio de tentativa de imposição ao outro, de forma que este se cale e se anule por meio da agressão, ameaça ou qualquer tipo de coação.

Em relação às vítimas estas apresentam ambiguidade de sentimentos frente aos seus agressores, devido à proximidade destes, sendo por parentesco, convívio diário ou apenas espaço físico.

O profissional de Psicologia é capaz de fornecer através de atendimentos breves e pontuais, o acolhimento e orientação, com intuito de prover suporte para o enfrentamento da situação de violência vivenciada e facilitar o prosseguimento dos tramites legais cabíveis a cada caso em particular.

Mulheres vítimas de violência geralmente apresentam em seu imaginário, que o registro da queixa servirá para cessar a violência intrafamiliar, não tendo a intenção de se separar ou punir o agressor. Neste momento a vítima necessita de escuta qualificada, que possa ouvi-la e compreende-la sem qualquer tipo de preconceito ou julgamento.

A consequência deste acolhimento, geralmente leva a ressignificação ou até mesmo a significação do evento ocorrido, proporcionando a vítima em alguns casos registrar o Boletim de Ocorrência, sentindo-se mais confiante e segura para o enfrentamento da situação

A orientação não é destinada apenas às vítimas, mas também aos seus agressores, para que haja a compreensão do fenômeno da violência, e possa ser interpretada, de forma a possibilitar a quebra dos padrões que sustentam o ciclo da violência, agindo assim de modo remediativo e preventivo.

Devido a prioridade da Delegacia da Mulher ser o enfoque legal do delito, o atendimento psicológico se adapta flexivamente a ação dos agentes da lei (funcionários da Delegacia), e é capaz de auxiliar na seleção de informações de cunho criminal, evitando assim a sobrecarga emocional destes funcionários.

Não sendo objetivo da intervenção psicológica dentro da D.D.M. praticar a abordagem clínica, torna-se primordial o conhecimento da rede de apoio às vítimas de violência e serviços destinados a agressores, com finalidade de encaminhamento a estes órgãos, para que estes possam servir-se de ferramentas públicas que trabalhem a questão da violência de forma global.

O resultado das ações supracitadas é a promoção das redes comunitárias e sociais, já que por meio desta intervenção é possível promover aproximação entre a Psicologia e outros serviços de saúde, educação, assistência social e jurídica.

A literatura demonstra que essa prática tem se mostrado eficiente, em detrimento das outras possíveis utilizadas, devido a emergência que o sofrimento vivenciado pelas pessoas em situação de violência, pela necessidade buscar imediata consciência de si e da realidade. Essa busca deve respeitar a condição individual de cada um, sem intensificar a violência vivida, levando em consideração idade, estado e condição mental, física, e fato vivenciado. Para assim ajudar o indivíduo a se organizar psiquicamente e posteriormente dar início ao processo terapêutico através dos encaminhamentos realizados.  

 

REFERÊNCIAS

 

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HANADA, Heloisa; D'OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; SCHRAIBER, Lilia Blima. Os psicólogos na rede de assistência a mulheres em situação de violência. Rev. Estud. Fem.,  Florianópolis ,  v. 18, n. 1, p. 33-60,  Apr.  2010 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2010000100003&lng=en&nrm=iso>. access on  19  Mar.  2018.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2010000100003

 

PORTO, Madge. Violência contra a mulher e atendimento psicológico: o que pensam os/as gestores/as municipais do SUS. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 26, n. 3, p. 426-439,  Sept.  2006 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932006000300007&lng=en&nrm=iso>. access on  19  Mar.  2018.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932006000300007.

 

SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICA PARA AS MULHERES, Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres. Disponível em <http://www.spm.gov.br/assuntos/ouvidoria-da-mulher/pacto-nacional/politica-nacional-enfrentamento-a-violencia-versao-final.pdf>. Acesso em 18 mar. 2018.

 

SOUZA, Amanda Monge Monteiro; SILVA Gislaine Lima; PIRES, Rita Cássia Soares. A Necessidade do Profissional de Psicologia na Delegacia de Defesa da Mulher, 2009, Trabalhos UNISALESIANO, Disponível em: < http://www.unisalesiano.edu.br/encontro2009/trabalho/aceitos/RE36611797807.pdf>. Acesso em 19 mar. 2018.

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