LUGAR DE LOUCO É NO HOSPÍCIO: PDT PEDE AO STF A INTERDIÇÃO DO PRESIDE(ME)NTE

07/03/2021 às 11:03
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Em março/2020, o Ricardo Kotscho, lenda viva do jornalismo brasileiro, indicou como a melhor solução para determos a destruição do Brasil pelo Bolsonaro, a interdição. Eu, que fui o primeiro a apoiá-lo, vejo chegado o momento de a concretizarmos

O anúncio foi feito pelo presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista, Carlos Lupi (que tem como vice Ciro Gomes): o PDT dará entrada no STF, 2ª feira que vem (8), ao pedido de interdição por insanidade mental do preside(me)nte Jair Bolsonaro. Por que demorou tanto?!

Luppi justificou a decisão com o óbvio ululante, que até as pedras das ruas sabem ser a absoluta verdade:

"O objetivo é o de impedir as ações negacionistas, que multiplicam as mortes por Covid-19. Temos inúmeras provas (entre elas as declarações Chega de frescura e de mimimi, Vão ficar chorando até quando? e Vai procurar vacina na casa da sua mãe). Eu acho que ele é louco e precisa ser interditado antes que mais brasileiros morram por sua loucura".

O conceito de loucura, na verdade, é impreciso e muitas vezes foi aplicado, ao longo da História, para punir e intimidar os indivíduos que não se adequavam a uma sociedade ela também (e talvez ainda mais) insana.  

Da mesma forma, nos séculos favoritos do genocida, mulheres que necessitavam dar vasão à sua sexualidade mas não tinham espírito suficientemente forte para suportar a rejeição social, escapavam pela tangente de acreditarem-se feiticeiras induzidas pelo demônio àquelas práticas que seus corpos exigiam. Melancólica consequência: inquisidores (que tinham afinidade bem maior com o capeta do que elas mesmas!) as condenavam por bruxaria.

Mas, no caso de Jair Bolsonaro, só há duas hipóteses, como ficou totalmente evidenciado na sua faina de 26 meses destruindo o Brasil:

— ou ele é um monstro insensível, capaz das ações mais execráveis quando seu ego é machucado seja lá pelo que for;

— ou ele é doido varrido mesmo, como o grande Ricardo Kotscho vem sustentando há quase um ano (vide aqui), sempre com meu apoio.

Assim, ao mesmo tempo em que Bolsonaro sabotava as medidas de combate à pandemia a pretexto de salvar a economia, causava perdas incomensuravelmente maiores com suas pirraças altamente lesivas aos negócios, com seus desvarios nas relações exteriores, com sua sanha devastadora na ecologia, etc.

Tantas fez que tornou o Brasil um pária entre as nações, o que agudizará a depressão econômica na qual já nos encontramos (a pior de nossa história) e que vai atingir o auge ao longo do presente ano.

E foi o grande responsável pelo colapso sanitário no qual nos debatemos agora, maximizando os óbitos evitáveis mas não evitados (estimei-os aqui em 40% do total de mortes causadas pela pandemia).

Tudo isto por quê? 

— por neurótica inveja do sucesso do ministro de Saúde que estava sabendo administrar essa crise e conquistara a confiança da população, Henrique Mandetta;

— por querer a todo custo provar que os remédios milagrosos por ele defendidos a reboque do Trump funcionavam, mesmo quando o mundo inteiro já concluíra que eram inócuos; 

— para dar ridículas demonstrações de machismo, como se estivesse transtornado até hoje (mais de um quarto de século depois!) com o ridículo papel que desempenhou como ex-militar que entregou docilmente arma e moto para a bandidagem do RJ, etc.  

Mas, suas ideias fixas, trapalhadas e lambanças invariavelmente o têm levado na direção contrária aos seus interesses, o que comprova a incapacidade de domar seus rancores sempre à flor da pele mediante o uso da razão. Surta dia sim, outro também, causando os piores estragos quando é controlado pela legião de demônios que carrega dentro de si.  

Que louco já matou uns 100 mil brasileiros (que será a mínima conta de chegada dos óbitos evitáveis mas não evitados da covid-19 em nosso país)? Ele consegue ser pior, mais nocivo e catastrófico, do que qualquer louco que já tenha infelicitado o Brasil.

Então, mesmo que ele seja apenas um monstro insensível, sem a mais ínfima empatia com o resto da humanidade e sempre pronto a causar mortes e mais mortes por causa dos disparates nos quais crê em função de sua crassa ignorância, estamos num momento dramático e decisivo da nossa história. 

Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar a enormidade de tempo que levou o impeachment da Dilma, para só então começarmos a sair do buraco sem fundo no qual nos metemos; até lá, o Brasil vai estar em frangalhos e os coitadezas terão morrido como moscas.   

Pusilânimes extremados que fomos, deixamos a situação deteriorar até o atual estado de calamidade pública antes de nos compenetrarmos de que estamos nos dirigindo em marcha acelerada para o abismo. Teremos de levar isto em conta, se ainda pretendermos salvar o Brasil. (por Celso Lungaretti)

Sobre o autor
Celso Lungaretti

Jornalista, blogueiro, escritor e veterano da resistência à ditadura militar. Ingressei na luta contra a ditadura militar ainda secundarista, aos 17 anos. Passei um ano na clandestinidade, como dirigente estadual da VPR e VAR-Palmares. Preso, sofri uma lesão permanente que me prejudicaria tanto no convívio social quanto nos desempenhos profissionais. Mesmo assim, fiz longa carreira jornalística. Hoje sou escritor, articulista e blogueiro, atuando frequentemente na defesa dos direitos humanos. Observador atento da cena política brasileira há mais de meio século, além de haver sido, aos 18 anos, o primeiro e único comandante de Inteligência de uma organização que travava a luta armada, tento dar aos leigos no assunto um quadro realista das perspectivas atuais, para dissipar um pouco das paranoias e alarmismos que tantos pesadelos lhes causam .

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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Depois de ter sido o principal responsável pela imensidão de óbitos evitáveis mas não evitados durante a pandemia, Jair Bolsonaro tende a causar mais mortes ainda ao colocar como prioridade máxima, durante a pior depressão econômica que o Brasil já terá enfrentado, as medidas populistas que o ajudem a reeleger-se, e dane-se todo o resto! Tem de ser urgentemente removido do cargo do qual jamais esteve à altura.

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