Como mencionei a pouco eu tinha duas amiguinhas, uma chamava-se Leona e a outra Bela, a Belinha.
As duas eram inseparáveis, elas eram leais ao Senhor P.
A Belinha era uma pischer da cor preta, pequena, mais velha que a Leona. A Leona era uma vira-lata, misturada com pastor alemão. A Leona dormia na garagem, porque ela tinha estatura de uma cadela média e a Belinha dormia lá, na varanda da casa e se quisesse dormia dentro de casa, só que na sala de estar.
As duas viviam passeando com o dono delas, o Senhor P.
A Belinha contou-me que chegou filhote na casa. O pai da Belinha chamava-se Lancelot. Ele foi o pet da família que estamos. A mãe da Belinha, tinha o nome de Princesa. Os donos da mãe da Belinha, a deram para nossa família humana.
Lancelot infelizmente foi raptado, a família ficou desolada.
A Belinha lembra que foi o Senhor P que foi buscá-la, e ela escolheu o Senhor P como seu tutor.
A Leona também relatou-me a história dela. Ela foi abandonada na rua, em um ponto de ônibus. E quem a encontrou foi o afilhado criança da moça de cabelos escuros.
Vou denominar o afilhado da moça de cabelos escuros como Dindo. O Dindo descia naquele ponto de ônibus para ir para casa. A mãe do Dindo sempre esperava o escolar naquele local.
Dindo queria ter um pet. E quando ele viu a Leona, ele quis levá-la para casa, mas a mamãe dele disse que não.
Porém Dindo ficou a chamar Leona, sem a mãe dele perceber. E assim Leona seguiu os dois até o caminho da casa deles. A residência não era tão distante do ponto de ônibus.
A Leona contou-me que era uma filhota magricela, cheia de pulgas e que por causa disso recebeu o nome de Pulguenta.
Só que um dia a família do Dindo desapareceu.
Algum tempo depois a Leona entendeu que a família do Dindo tinha mudado-se e não a levou, deixou-a para trás.
A Leona estava com fome e começou a andar, até que chegou na casa dos vizinhos. Os vizinhos eram a família do Senhor P e Senhora M.
O Senhor P com pena do estado decrépito da Leona começou a dar comida escondido da Senhora M, porque ele sabia que a Senhora M não iria aprovar isto.
Nesta época morava com a família uma moça chamada Melissa. E aí Senhor P e a Melissa começaram a dá comida escondido para Leona.
A Melissa era uma amiga de infância da moça de cabelos escuros. A Melissa estava passando um tempo lá, até a situação dela melhorasse, ou seja, a vida desse uma guinada.
Só que um dia a Senhora M em flagrante viu Senhor P fornecendo ração para Leona. E é claro que a Senhora M teve uma conversinha com Senhor P.
A Senhora M descobriu que todos os membros da família dela estavam dando comida para Leona, e era devido a isso que a pet não queria voltar para sua antiga casa abandonada.
Nós, animais de companhia gostamos dos seres humanos, por isso também temos essa definição. Animais domésticos, de companhia, de estimação, pets são alguns termos usados para nós, que gostamos de estar na presença de seres humanos.
Entretanto a Senhora M possui o famoso “coração de manteiga”, ela é generosa e não gosta de ver pets abandonados, à deriva, a sofrer, afinal ocorre tantos maus-tratos ao ser abandonado, muitas sequelas.
A Melissa achou o nome Pulguenta muito feio, pejorativo, de mau-gosto, depreciativo e modificou o nome para Leona.
E foi assim que Leona deixou de ser Pulgueta e se tornou o que ela é. Hoje ela tem saúde, qualidade de vida, dorme em um lugar quentinho e coberto, ração, toma vacina e tem os cuidados que um pet deveria ter.
Segundo a Leona, o nome dela veio de uma personagem de novela que a Melissa gostava de assisti.
A Leona escolheu o Senhor P como tutor, porque ele foi o primeiro a dar comida à ela.
Belinha e Leona contaram suas histórias e eu senti-me feliz de estar em um lar com tanto amor e generosidade. Assim como elas também eram gratas e felizes por ali estarem.
Realmente era possível ver, sentir que aquela família tinha carinho por todos nós e por isso nos acolheu.
A família não acolhia somente animais, ela acolhia pessoas também, porque foi assim com a Melissa e com a Miúda e com tantas outras os quais por lá passaram.
A Melissa não conheci pessoalmente, mas tenho certeza que pela bondade dela com a Leona, ela está bem, afinal “quem planta ou faz o bem, colhe o bem”, esse é um dos lemas da nossa família.
E foi deste modo que conheci a história de vida da Leona e da Belinha. Eu não pude namorar nenhuma das duas, pois elas eram castradas. Só que agora elas estão a morar no céu dos cães.