A mudança de comportamento da Miúda
Minha vida era maravilhosa... até que...
Um ano passou-se...
Um dia observei que a relação entre mim e minha tutora foi drasticamente alterada.
A Miúda começou a ficar rabugenta, mas eu tentei entendê-la, e logo eu procurei acostumar-me com este novo jeito de ser dela.
A moça dos cabelos escuros dava-me carinho, levava-me ao salão, raramente colocava a minha comida. O Senhor P e a Senhora M também cuidavam de mim. O rapaz gigante brincava comigo. Só a Miúda que estava diferente, estranha, irritava-se comigo facilmente, os outros continuavam iguais no tratamento.
Quando escolhi a Miúda, a família entrou em um consenso. Eles conversaram entre si, e dividiram tarefas.
A Miúda ia cuidar de mim no cotidiano, mas a minha ração, o banho no salão, o médico e demais despesas eram do Senhor P e a Senhora M. Como já mencionei anteriormente cada um tinha uma função. E eu era grato por todos naquela família cuidarem de mim e por todo carinho recebido.
Meses passaram... E como havia falado eu cheguei com três anos de idade naquela família e fiz meus quatro anos de idade com eles.
Foi só eu fazer os meus quatro anos de idade no tempo dos humanos, que a Miúda mudou comigo. Logo eu, que a amo tanto, eu não entendia porque ela vivia chateada, e por qualquer coisa gritava, brigava comigo.
Ela dizia que eu era um cachorro inútil, desejava minha morte, dizia frases assim:
-” Você devia morrer logo!”
- “Nem para morrer você presta!”
- “Eu te odeio cachorro!”
- “Sai daqui chiclete!”
E um monte de frases que deixava-me tão triste, para baixo, eu ficava tão “down”...
Enfim, mais uma vez alguém rejeitando-me, que não ama a mim. Mesmo a Senhora M chamando a atenção da Miúda para não falar essas palavras, a mesma ficava repetindo, continuava falando. A Miúda queria livra-se de mim.
Eu conseguia sentir a raiva dela por mim. Perguntava-me diariamente o que fiz à ela.
A Miúda também estava a discuti com a Senhora M, que é tia dela. Depois entendi que a Miúda tinha arrumado um namorado na faculdade. E agora todo final de semana ela nem aparecia em casa e por isso estava havendo discussões.
A Miúda tinha aulas às quintas-feiras e sextas-feiras. E nas sextas-feiras a Miúda sumia e só voltava no domingo à tarde ou segunda-feira cedinho.
A Senhora M ficava bem brava com a Miúda, ela dizia que a Miúda estava desvalorizando-se, dormindo na casa do rapaz. A Miúda dizia que isso era normal. A Senhora M falava que isso não era comportamento de moça de família.
Eu lembro que nos dias que a Miúda ia para faculdade sempre havia uma discussão antes de ela partir.
Nada adiantou os conselhos da Senhora M, tanto é que ela até desistiu de alertar.
A Miúda ficou grávida e a Senhora M ficou bem estressada e chateada. A Miúda não foi embora porque a moça de cabelos escuros e o Senhor P pediram para Senhora M deixar a Miúda ficar até ter o bebê. E assim foi cumprido.
Só que durante a gravidez, a Miúda estava violenta, jogava minha vasilha de ração no chão e dizia: “Taí tua comida!”
E quando ela ia banha-me, ela pegava-me de um jeito, um jeito meio bruto, não tinha mais cuidado comigo, e ao secar meus pelos penteava-me com força, doía muito, eu ficava todo dolorido. Já não gostava de banho, agora então...
Todo mundo chamava a atenção da Miúda, a mesma ficava muito chateada e proferia palavras de mau agouro para mim.
A Miúda reclamava que estava de saco cheio da vida dela em casa. Ela não queria mais ficar lá, queria um novo lar.
Eu vivia triste, mesmo os outros membros da família cuidando de mim, fazendo carinho, limpando “minhas coisinhas”, eu só queria que a Miúda voltasse a ser como era antes, porque os outros não ficavam muito comigo...Eles saiam para trabalhar e estudar.
A Miúda passava os finais de semana fora de casa, e aí um dia ela se foi. Ela ainda apareceu uma vez, com um bebê e o marido depois disso nunca mais a vi.
Nesse dia que a Miúda e o marido apareceram lá em casa, eles foram ríspidos comigo, porque eu quis cheirar o nenê como forma de reconhecimento.
E agora eu perdi mais um tutor, o que será de mim? Pelo menos continuei na casa, mas até quando?