A pandemia de covid-19 e seus efeitos no sistema político-econômico mundial

10/09/2021 às 06:58

Resumo:


  • Reflexão sobre o fechamento de atividades comerciais durante a pandemia de Covid-19.

  • Comerciantes exercendo atividades clandestinamente devido às restrições.

  • Análise próxima a uma etnografia baseada em vivências empíricas durante a pandemia.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Elaboro aqui uma reflexão sobre o fato de grande parte das atividades comerciais durante a pandemia de Covid-19 terem sido fechadas. Isso trouxe um impacto na economia mundial que conteve o avanço do conservadorismo na política e economia.

Elaboro aqui uma reflexão sobre o fato de grande parte das atividades comerciais durante a pandemia de Covid-19 terem sido fechadas. Isso fez com que muitos comerciantes exercessem suas atividades clandestinamente, o que é uma contradição no sistema econômico atual. Para realizar tal investigação, me vali de vivências empíricas que testemunhei durante a pandemia, resultando em uma análise próxima a uma etnografia.

O fato que narro a seguir e que serviu de inspiração para este artigo ocorreu ainda no início da pandemia no ano passado, por volta de abril de 2020 na cidade de Macapá, capital do Estado do Amapá. Eram os primeiros de uma série de lockdowns que ainda viriam acontecer na cidade. Eu estava voltando no meu carro para minha casa e vinha procurando um lugar para comprar ração para meu cachorro, o Milo. O comércio não essencial estava fechado por meio de um decreto municipal e estava difícil encontrar o produto. Foi então que no caminho eu passei por um comércio de agronegócios que estava com a porta de ferro semi aberta, com um senhor do lado de fora atendendo um cliente. Estacionei meu carro na frente do estabelecimento e rapidamente saiu de dentro do comércio um atendente que me ofereceu auxílio. Pedi 20 kg de ração e o moço logo me trouxe o fardo. O senhor que estava do lado de fora veio receber o pagamento com uma máquina de cartão. Foi então que um dos funcionários do estabelecimento disse: "Olhem! Parece que é a polícia!". Logo todos os empregados recolheram os produtos e entraram para o interior do comércio. Eu tinha realizado o pagamento da ração, e o senhor que me atendeu disse: "Estão tratando a gente feito bandido!". Foi nesse momento que percebi que a atividade capitalista estava sendo regulada de forma jamais vista e que muitos comerciantes e trabalhadores se viram, da noite para o dia, jogados na clandestinidade. Isso é uma contradição em um sistema econômico que depende principalmente da reprodução e circulação livre do capital para sua sobrevivência.

Neste texto realizo uma reflexão sobre esses acontecimentos. Afirmo aqui que a pandemia de Convid-19 fez com que um movimento político - econômico contemporâneo de caráter conservador que vinha ganhando força com Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil foi freado pela contenção de circulação do capital durante os lockdowns, questionando assim a hegemonia do capital e trazendo a necessidade de novos modelos econômicos, agora de caráter mais social e menos neoliberal, o que se refletiu na derrota eleitoral de Trump por Joe Biden e na ascensão de Lula nas intenções de voto para a corrida presencial de 2022 no Brasil. Pretendo deixar claro aqui a calamidade social mundial dos efeitos da pandemia, mas também evidenciar que sob um sistema tão frágil como o capitalismo, passar por situações extremas como a atual se demonstrou menos sustentável do que poderia ser num sistema de maior equilíbrio social, que promovesse o desenvolvimento de forma sustentável e sem os excessos da acumulação desproporcional ou do totalitarismo político.

Sobre o autor
Leone de Araújo Rocha

Graduado em Ciências Sociais, Bacharelado e Licenciatura, pela Universidade Federal do Amapá (2010). Especialista em Ciência Política pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Extensão (2012). Mestrado Profissional em Estudos de Fronteira também pela Universidade Federal do Amapá (2020). Foi professor efetivo de Sociologia do Governo do Estado do Amapá (2013-2019). Atualmente é Antropólogo do INCRA-AP onde atua no serviço de regularização fundiária quilombola. Áreas de interesse: Antropologia do Direito, Estudos de Fronteira, Comunidades Quilombolas e Antropologia Econômica.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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