Filósofo e cientista político Noberto Bobbio

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No artigo abaixo, escrevo sobre o renomado filósofo Noberto Bobbio, um breve resumo de sua trajetória e ideais.

Noberto Bobbio foi um filosofo e pensador político, que nos ensina até aos dias de hoje.

Bobbio foi intitulado senador vitalício em 1984, chegou a ter seu nome sugerido para ser candidato à Presidência de seu país Itália. Alcançou o título doutor honoris diversas vezes, não apenas na Itália e também em outros países. Bobbio formou-se em direito e filosofia nos anos 30. Neste mesmo período, foi preso por ser contra ao regime fascista. Professor universitário, escreveu diversos livros, ensaios e artigos. Considerava sua atividade como professor a tarefa de maior importância em sua vida. “Durante a maior parte da minha vida desempenhei duas tarefas dificílimas: ensinar e escrever”, disse certa vez. Admirador das obras do jurista Hans Kelsen, concordou, com uma concepção de democracia, sistema de regras que permitem a convivência livre e pacífica dos indivíduos.

Bobbio compartilhava e era influenciado pelas obras do filósofo inglês Thomas Hobbes que só concebia a ideia de uma paz justa por meio da constiuição de um poder comum. De Hobbes, herdou também, conforme admitiu, “um certo pessimismo quanto à natureza humana e quanto à história”.

A maior parte das obras de Bobbio foi traduzida para diversas línguas. Seu conhecimento é vasto, filosofia do direito, filosofia política, ética e os principais temas do debate político contemporâneo. Em sua autobiografia “Diário de um Século” Bobbio diz que o século 20 “talvez venha a ser lembrado como o mais cruel da história”, com grandes guerras mundiais e com dezenas de outros, mesclando elementos da tradição socialista e liberal, o Bobbio foi um apoiador incansável da democracia, da liberdade e da justiça social.

Em 1989, foi um período destacado pelo fim da União Soviética e pela queda do muro de Berlim, Bobbio criticou a tese do “fim da história”, elaborada pelo historiador norte-americano Francis Fukuyama, defendendo que não se poderia pensar que a “esperança da revolução” tivesse morrido “só porque a utopia comunista faliu”. Alertou para os riscos do crescimento das desigualdades sociais em todo o mundo, elaborou, em um artigo que diz uma questão recorrente em suas obras: “estarão as democracias que governam os países mais ricos do mundo em condições de resolver os problemas que o comunismo não conseguiu resolver? A democracia venceu o desafio do comunismo histórico, admitamo-lo. Mas, com que meios e com que ideias se dispõe a enfrentar os mesmos problemas que deram origem ao desafio comunista?”

Bobbio era repetitivo e costumava dizer que não há soluções definitivas na história, descrevendo essa disciplina como “uma imensa floresta na qual não há uma única estrada previamente traçada, e na qual não sabemos nem mesmo se há uma saída”. Não havendo ninguém do lado de fora que possa indicar a saída desse labirinto, dizia que só restava aos homens procurar a saída por si mesmos. “O que o labirinto ensina não é onde está a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum.”

No instante em que uma pensadora dizia que a história havia chegado ao fim e o capitalismo havia triunfado definitivamente, Bobbio apoiou a sobrevivência da diferenciação entre esquerda e direita, a partir da “diversa postura que os homens organizados em sociedade assumem diante do ideal da igualdade” (na obra “Direita e Esquerda. Razões e Significados de uma distinção política”, publicada no Brasil pela Editora da Unesp, em 1995). Em uma entrevista concedida em 1987 ao Jornal do Brasil, Bobbio resumiu da seguinte forma:

“No nosso tempo, todos os que defendem os povos oprimidos, os movimentos de libertação, as populações esfomeadas do terceiro mundo, são à esquerda. Aqueles que falando do alto do seu interesse dizem que não veem por que distribuir um dinheiro que suaram para ganhar, são e serão à direita. Quem acredita que as desigualdades são um fatalismo, que é preciso aceitá-las, desde que o mundo é mundo sempre foi assim, não há nada a fazer – sempre esteve e está à direita. Assim como a esquerda nunca deixará de ser identificada nos que dizem que os homens são iguais, que é preciso levantar o que está no chão, lá embaixo. Acredito que esta distinção existe, continua fundamental, ainda hoje serve para distinguir as duas grandes partes da política.”

Bobbio deixou ultimas lições em uma obra vasta e rica para todos aqueles que querem pensar em democracia, da liberdade e da igualdade em um mundo cada vez mais omisso a um pensamento econômico que transforma o lucro extremamente importante e a vida em mercadoria. Mas deixou, um belo exemplo de vida e de trabalho. Em uma de suas últimas aulas, Bobbio citou Max Weber para deixar uma última lição seus alunos: “A cátedra universitária não é nem para os demagogos, nem para os profetas”. Entre os tantos demagogos e profetas que habitam a cena intelectual contemporânea, Bobbio foi e sempre será um belo exemplo de uma pessoa serena lucida e honesta.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Norberto_Bobbio

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Sobre os autores
Gleibe Pretti

Pós Doutorado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina- nota 6 na CAPES), com término em 2023, com a pesquisa focada na Arbitragem nas relações trabalhistas (Sua aplicação como uma forma de dar maior celeridade na solução de conflitos com foco, já desenvolvido, na tese de doutorado, contrato procedimento - Vertragsverfahren) Doutor no Programa de pós-graduação em Direito da Universidade de Marília (UNIMAR- CAPES-nota 5), área de concentração Empreendimentos Econômicos, Desenvolvimento e Mudança Social, com a tese: APLICAÇÃO DA ARBITRAGEM NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS, COMO UMA FORMA DE EFETIVIDADE DA JUSTIÇA (Concluído em 09/06/2022, aprovado com nota máxima). Mestre em Análise Geoambiental na Univeritas (UnG). Pós-graduado em Direito Constitucional e Direito e Processo do Trabalho na UNIFIA-UNISEPE (2015). Bacharel em Direito na Universidade São Francisco (2002), Licenciatura em Sociologia na Faculdade Paulista São José (2016), Licenciatura em história (2016) e Licenciatura em Pedagogia (2018) pela Uni Jales. Coordenador do programa de mestrado em direito da MUST University. Atualmente é Professor Universitário na Graduação nas seguintes faculdades: Centro Universitário Estácio São Paulo, Faculdades Campos Salles (FICS) e UniDrummond. UNITAU (Universidade de Taubaté), como professor da pós graduação em direito do trabalho, assim como arbitragem, Professor da Jus Expert, em perícia grafotécnica, documentoscopia, perícia, avaliador de bens móveis e investigador de usucapião. Professor do SEBRAE- para empreendedores. Membro e pesquisador do Grupo de pesquisa em Epistemologia da prática arbitral nacional e internacional, da Universidade de Marília (UNIMAR) com o endereço: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2781165061648836 em que o líder é o Prof. Dr. Elias Marques de Medeiros Neto. Avaliador de artigos da Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Editor Chefe Revista educação B1 (Ung) desde 2017. Atua como Advogado, Árbitro na Câmara de Mediação e Arbitragem Especializada de São Paulo S.S. Ltda. Cames/SP e na Secretaria Nacional dos Direitos Autorais e Propriedade Intelectual (SNDAPI), da Secretaria Especial de Cultura (Secult), desde 2015. Especialista nas áreas de Direito e Processo do Trabalho, assim como em Arbitragem. Focado em novidades da área como: LGPD nas empresas, Empreendedorismo em face do desemprego, Direito do Trabalho Pós Pandemia, Marketing Jurídico, Direito do Trabalho e métodos de solução de conflito (Arbitragem), Meio ambiente do Trabalho e Sustentabilidade, Mindset 4.0 nas relações trabalhistas, Compliance Trabalhista, Direito do Trabalho numa sociedade líquida, dentre outros). Autor de mais de 100 livros na área trabalhista e perícia, dentre outros com mais de 370 artigos jurídicos (período de 2021 a 2023), em revistas e sites jurídicos, realizados individualmente ou em conjunto. Autor com mais produções no Centro Universitário Estácio, anos 2021 e 2022. Tel: 11 982073053 Email: [email protected] @professorgleibepretti

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