Sustentabilidade: Amazônia, a “boiada” e os desmatamentos.

04/10/2021 às 22:11
Leia nesta página:

A importância dos investimentos em sustentabilidade.

É evidente, nos últimos anos, o poder da palavra dos governantes. Depois das declarações de integrantes do executivo sobre o ensejo de desregulamentação das normas ambientais brasileiras, ficou claro o efeito das declarações que não era mera retórica.

De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), entre agosto de 2020 e julho de 2021 houve um aumento no desmatamento em 51% se comparado com o mesmo período do ano anterior. O estudo apontou também que as áreas desmatadas em março e abril foram as maiores da última década (1).

A correlação é indissociável. A política pública de desregulamentação ambiental amazônica é um sucesso. Esse projeto nunca foi segredo na ideologia política da extrema direita conservadora. No entanto, em uma visão mais progressista, o planeta deve se preocupar seriamente com as decisões tomadas pelos governantes brasileiros.

Por conta de tudo isso, inaugurou-se, até internacionalmente, uma corrida em busca das possíveis soluções para este problema.

Como dito, políticas públicas importam, declarações importam e a ética importa. No entanto, não bastam para a solução desta tragédia. A miserabilidade das políticas de “enforcement” - que também faz parte do referido projeto - é evidente e, por isso, leva a crer que o grande fator de mudança é o investimento.

Significa dizer que a iniciativa privada - nacional e internacional - tem um papel relevante nesse combate. A pergunta a se fazer é: como e porque empresas investiriam no ambientalismo amazônico?

Sociedades empresárias visam retornos, e por isso, não existe investimento “cego” quando se trata de companhias. A ideia, aqui, é transformar o ambientalismo e a sustentabilidade em grandes negócios. Segundo Bernardo Strassburg um hectare da floresta amazônica preservado rende serviços na monta de R$ 3.500,00 por ano, já, este mesmo hectare desmatado rende à pecuária, no máximo, R$ 100,00 anuais e, no caso da soja, no máximo 1 mil reais. Estima-se também que cerca de 40% dos produtos farmacêuticos dependam da diversidade biológica brasileira (2).

A valorização de produtos exclusivos da floresta amazônica já é uma realidade. A diversidade que este bioma apresenta é apenas mais um dos fatores econômicos que devem ser valorizados. Segmentos como farmacêuticos, alimentícios e até mesmo cosméticos têm interesses redobrados na sustentabilidade da área para a capitalização dessa diversidade.

O Programa Amazônia Viva, apresentado pela companhia Natura (3) em 2011, gerou, até 2019, R$ 1,5 bilhão em negócios na região. Beneficiando 4.636 famílias em todo território amazônico. O programa Parceiros Pela Amazônia (PPA) (4), com patrocínio da Ambev, aportou quase R$ 7,9 milhões em diversos tipos de negócios sustentáveis (5).

Antes de qualquer discussão neste sentido, é importante dizer que é crível que existam políticas privadas voltadas à filantropia, o que é difícil de sustentar é que os valores - significativos - investidos não possuam expectativas de retornos.

A sustentabilidade amazônica já é uma realidade para grandes investidores. Desperta interesses dos mais diversos nichos da economia e ainda, de sobra, promove o desenvolvimento ambiental da região.

O potencial de criação de produtos de origem amazônica é enorme e as empresas atentas estão aproveitando para promoverem investimentos visando um retorno de longo prazo.

SUBSÍDIOS

https://www.theregreview.org/2021/07/20/gianecchni-saad-diniz-taking-regulatory-crisis-in-amazon-seriously/

(1) https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/07/4938431-desmatamento-na-amazonia-cresceu-51--em-11-meses-diz-imazon.html

(2) https://economia.estadao.com.br/blogs/ecoando/preservar-a-amazonia-e-mais-do-que-uma-questao-de-ativismo-e-um-negocio-muito-rentavel/

(3) https://cebds.org/empresas-desenvolvimento-sustentavel-amazonia/?gclid=CjwKCAjwybyJBhBwEiwAvz4G79Ip9tiNWsFh0Ld7QTAyT3aXFxDBlMUl0KQYozueK1l4yha118jwMhoCzy8QAvD_BwE#.YS-Q645KjIU

(4) https://ppa.org.br/sobre-nos/

(5) https://www.natura.com.br/blog/sustentabilidade/programa-amazonia-entenda-como-a-natura-apoia-a-economia-da-floresta-viva

Sobre o autor
Alexandre Henrique Frigieri

Advogado. Graduado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Pós-Graduando em Ética Empresarial pela FDRP-USP. Especialista em Direito Civil e Empresarial pela Faculdade IBEMEC.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos