É evidente, nos últimos anos, o poder da palavra dos governantes. Depois das declarações de integrantes do executivo sobre o ensejo de desregulamentação das normas ambientais brasileiras, ficou claro o efeito das declarações que não era mera retórica.
De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), entre agosto de 2020 e julho de 2021 houve um aumento no desmatamento em 51% se comparado com o mesmo período do ano anterior. O estudo apontou também que as áreas desmatadas em março e abril foram as maiores da última década (1).
A correlação é indissociável. A política pública de desregulamentação ambiental amazônica é um sucesso. Esse projeto nunca foi segredo na ideologia política da extrema direita conservadora. No entanto, em uma visão mais progressista, o planeta deve se preocupar seriamente com as decisões tomadas pelos governantes brasileiros.
Por conta de tudo isso, inaugurou-se, até internacionalmente, uma corrida em busca das possíveis soluções para este problema.
Como dito, políticas públicas importam, declarações importam e a ética importa. No entanto, não bastam para a solução desta tragédia. A miserabilidade das políticas de “enforcement” - que também faz parte do referido projeto - é evidente e, por isso, leva a crer que o grande fator de mudança é o investimento.
Significa dizer que a iniciativa privada - nacional e internacional - tem um papel relevante nesse combate. A pergunta a se fazer é: como e porque empresas investiriam no ambientalismo amazônico?
Sociedades empresárias visam retornos, e por isso, não existe investimento “cego” quando se trata de companhias. A ideia, aqui, é transformar o ambientalismo e a sustentabilidade em grandes negócios. Segundo Bernardo Strassburg um hectare da floresta amazônica preservado rende serviços na monta de R$ 3.500,00 por ano, já, este mesmo hectare desmatado rende à pecuária, no máximo, R$ 100,00 anuais e, no caso da soja, no máximo 1 mil reais. Estima-se também que cerca de 40% dos produtos farmacêuticos dependam da diversidade biológica brasileira (2).
A valorização de produtos exclusivos da floresta amazônica já é uma realidade. A diversidade que este bioma apresenta é apenas mais um dos fatores econômicos que devem ser valorizados. Segmentos como farmacêuticos, alimentícios e até mesmo cosméticos têm interesses redobrados na sustentabilidade da área para a capitalização dessa diversidade.
O Programa Amazônia Viva, apresentado pela companhia Natura (3) em 2011, gerou, até 2019, R$ 1,5 bilhão em negócios na região. Beneficiando 4.636 famílias em todo território amazônico. O programa Parceiros Pela Amazônia (PPA) (4), com patrocínio da Ambev, aportou quase R$ 7,9 milhões em diversos tipos de negócios sustentáveis (5).
Antes de qualquer discussão neste sentido, é importante dizer que é crível que existam políticas privadas voltadas à filantropia, o que é difícil de sustentar é que os valores - significativos - investidos não possuam expectativas de retornos.
A sustentabilidade amazônica já é uma realidade para grandes investidores. Desperta interesses dos mais diversos nichos da economia e ainda, de sobra, promove o desenvolvimento ambiental da região.
O potencial de criação de produtos de origem amazônica é enorme e as empresas atentas estão aproveitando para promoverem investimentos visando um retorno de longo prazo.
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