Não se pode justificar a importância de se estudar a Filosofia num só motivo. Na verdade, são variadas as motivações para se alcançar ou, pelo menos, se pretender alcançar um pensamento filosófico.
Esse pensamento como finalidade deve ser alçado à condição de meio de desenvolvimento de uma visão geral e crítica sobre a vida e o mundo, e não apenas a ciência de que momentos históricos foram importantes devido à existência de pensadores que filosofavam. É preciso mais. É preciso filosofar para ser cidadão. E como isso se dá? Com o desenvolvimento de um pensamento que seja crítico. Mas não só isso. É necessário que esse pensamento crítico desemboque numa percepção e na direção do aprimoramento das vocações humanas para o bem, para a ética, além de para uma autonomia do pensamento individual e social.
A crítica sobre a importância da Filosofia frequenta o meio acadêmico, onde se indaga que vantagens filosofar traz às pessoas, individualmente e em sociedade. Pensa-se que filosofar é sentar com a mão no queixo e indagar tudo, tentando infirmar as bases já conhecidas, e nada mais. O enfrentamento dessa ideia é bem vindo e necessário.
O primeiro enfrentamento se dá pela informação de que aqui, no Brasil, há forte influência da cultura estadunidense, que é eminentemente pragmática.
O segundo enfrentamento, com a informação de que os meios de comunicação brasileiros, raramente, divulgam pensamentos de cunho filosófico, abstrato, com aderência flagrante aos desígnios práticos da cultura pragmática já citada.
Nada obstante, a Filosofia resiste e deve ser objeto de estudos contínuos e de aplicação prática na vida dos indivíduos, sejam eles considerados particularmente ou num contexto abrangente (social).
Para começar o entendimento de qualquer ramo do conhecimento humano, impõe-se deslindar suas bases, e com a Filosofia não é ou não deve ser diferente.
A Filosofia, segundo a História mais praticada, nasceu em Mileto (colônia grega), com Tales (625 a.C.), que iniciou pensar o mundo de uma forma diferente: a intenção era observar os fenômenos naturais e, de forma sistemática, explicar suas origens.
É preciso dizer que, naquela época, havia generalizada crença em mitos para explicar o funcionamento e existência do universo. Tales, com seu pensamento, começou a mudar isso nas civilizações ocidentais.
Essa filosofia ocidental, então, começa na Grécia, no séc. VI a.C., sendo considerados Pitágoras (c. 580-500 a.C.) e Tales de Mileto (c. 624-546 a.C.) seus fundadores e primeiros filósofos.
Posteriormente, com Sócrates e Platão, passou-se a indagar sobre problemas éticos e políticos, ou seja, a figura do homem surge como centro do pensamento filosófico, tendo como fundo seus dilemas comportamentais tanto individuais quanto políticos (frente à pólis).
Discípulo de Platão, Aristóteles contribuiu muito para o desenvolvimento e divulgação daquelas ideias voltadas ao conhecimento abstrato, tendo sido atuante em diversos campos do conhecimento filosófico e científico.
Há diversos objetos de estudo da Filosofia, dos quais podemos mencionar:
I Metafísica: Estuda a essência do mundo, com indagações sobre o que é real, natural ou sobrenatural;
II Epistemologia: Relação entre pensamento e realidade;
III Ética e Moral: Aceitabilidade e correção da conduta humana;
IV Estética e Arte: Estuda a natureza do que é belo e os fundamentos da Arte;
V Lógica e Linguagem: Ocupa-se de estudar a estrutura e direção do pensamento.
São também diversos os ramos estudados pela Filosofia, dos quais podemos destacar:
I - A Filosofia Política, que se ocupa de estudar as relações e condutas humanas um contexto coletivo.
II - A Filosofia da Educação, que visa o deslinde das coisas individuais e gerais num contexto existencial de construção do conhecimento.
III - A Filosofia da Mente, cuja finalidade é o desvendar da natureza do pensamento e da consciência, se são autônomos ou não.
A Filosofia revela que a necessidade de conhecer a realidade das coisas é intrínseca aos seres humanos, já que seu conhecimento, em regra, possui três características que o afastam do mundo dos fatos, do mundo daquilo que é. São elas: o convencimento, a incerteza e a contradição.
Se nosso conhecimento é originado em práticas de convencimento, que apresentam incertezas e, não raro, contradições, não há dúvida, a Filosofia é necessária para que se conheçam as coisas como são, e não como se nos apresentam.
Nesse contexto, o homem, o universo e a sociedade serão os objetos de uma preocupação filosófica, com a busca do conhecimento desses temas e, quando cabível, de uma autocrítica sobre o que se deveria ser e conhecer, mas não se foi ou não se é, nem se conheceu ou não se conhece.
Referência Bibliográfica:
EDITORA PROMINAS E ORGANIZADORES. Filosofia & Sociologia. In: Tópicos de Filosofia, 2020.