O esgotamento profissional existe? Saiba como identificar a síndrome de Burnout.

20/04/2022 às 21:39
Leia nesta página:

Você já sentiu aquela sensação de que está no seu limite em relação ao seu trabalho? Uma sensação de que a qualquer momento pode explodir uma bomba nuclear em seu cérebro, devido a alta demanda de serviços ou a pressão que sofre? Aquele cansaço excessivo e um estresse prolongado?

Esses sintomas podem ser bem mais do que isso, podem indicar que você está sofrendo com a síndrome de Burnout, também conhecida como a síndrome do Esgotamento Profissional.

Bom, muitas pessoas já ouviram falar no termo, mas você sabe identificar o que é essa síndrome? Quais são os seus sintomas? Como funciona o seu tratamento? Neste artigo, iremos discorrer sobre esse assunto tão comentado, ajudando a promover a prevenção e auxiliar no tratamento de pessoas que estão passando por esse problema.

O que é a Síndrome de Burnout?

Pois bem, a síndrome do esgotamento profissional, ou a síndrome de burnout, está relacionada a um desgaste que prejudica os aspectos físicos e emocionais da pessoa.

A síndrome consiste em um distúrbio psíquico que foi descrito pelo médico americano Freudenberger, em 1974, após relatar sua própria experiência e a de seus colegas de trabalho que estavam enfrentando os sintomas. Em decorrência dessa citação feita pelo médico americano, foram realizados diversos estudos sobre o assunto.

O conceito que mais se enquadra nessa patologia é um estado físico, emocional e mental de extrema exaustão, provocados pelo acúmulo excessivo de trabalho e emocionalmente exigentes e estressantes, geralmente são ambientes profissionais que têm muita competitividade e muita pressão.

Quais são as profissões mais afetadas pela Síndrome?

De acordo com os estudos realizados, é comum que os Workaholics (são aquelas pessoas viciadas em trabalho) sofrem dessa patologia. Porém, há alguns profissionais que são mais predispostos a experimentarem a questão, justamente por suas atividades exercidas em seu ambiente profissional.

Confira abaixo algumas das profissões mais acometidas pela Síndrome de Burnout:

  • Profissionais da saúde em geral, principalmente médicos e enfermeiros;

  • Jornalistas;

  • Advogados;

  • Professores;

  • Psicólogos;

  • Policiais;

  • Bombeiros;

  • Oficiais de Justiça;

  • Assistentes sociais;

  • Atendentes de Telemarketing;

  • Bancários;

  • Executivos.

Esses profissionais se esforçam muito com o trabalho e, várias vezes, acabam se esquecendo dos momentos de descontração e relaxamento. É como se a mente dessas pessoas estivesse em alerta o tempo todo, e com isso, fazem com que se sintam exaustas.

Na maioria das vezes, o Burnout também está interligado ao fato das pessoas laborarem em empregos que exigem bastante delas, isso faz com que se tornem exageradamente perfeccionistas, e com isso, acaba levando a cobrança exacerbada de si mesmo, e pelos seus superiores, trazendo diversos impactos de forma negativa na sua vida pessoal e profissional.

Vale ressaltar que para as mulheres, acabam sendo afetadas em decorrência de uma jornada dupla de trabalho: Em seu trabalho, e nas demais tarefas do lar - as responsabilidade de mãe, esposa, etc.

No Brasil, cerca de 79% dos médicos apresentam sintomas relacionados à síndrome, em sequência, 74% dos enfermeiros e 64% dos técnicos de enfermagem. (Pesquisa disponibilizada pelo G1). Outro estudo realizado pela ISMA-BR (Internacional Stress Management Association) em nove países, o Brasil é o segundo país com o maior números de trabalhadores afetados pelo distúrbio, perdendo apenas para o Japão.

O que causa a Síndrome de Burnout?

Essa patologia se manifesta quando a relação com o trabalho se transforma em estresse, ansiedade e nervosismo intensos, levando a pessoa ao seu limite, físico e/ou emocional, sentindo-se extremamente cansada, desmotivada e esgotada. Em alguns casos, as pessoas que sofrem o distúrbio de burnout, podem também sofrer de depressão, por conta do uso excessivo de medicamentos e insônia, porém tudo isso pode ser contornado ou amenizado com tratamento.

É importante ressaltar que a doença não está relacionada somente ao trabalho, mas muitas vezes podem estar ligadas à tarefas de faculdade ou até mesmo aos afazeres do lar.

A realidade é que o Burnout está ligado com o excessivo esforço físico, mental ou emocional, seguido de pouquíssimos momentos de descanso ou descontração. Tudo que ocupa muito tempo e acaba sugando sua energia, pode ser motivo para que o distúrbio apareça.

Além disso, há estudos que mostraram que as pessoas que são muito empáticas são mais propensas ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout, pois, elas absorvem toda a carga emocional de terceiros para si mesmas, o que é uma prática muito ruim.

Há também outros fatores que acabam influenciando no desenvolvimento de Burnout, como problemas com o chefe, com familiares, relacionamento, etc. Tudo isso em conjunto cria um desequilíbrio interno, impactando de forma negativa no seu psicológico.

Quais são os sintomas do Burnout?

Os sintomas mais comuns são:

  • Distúrbio do sono;

  • Agressividade;

  • Isolamento;

  • Falta de apetite;

  • Depressão;

  • Sentimento de apatia e desesperança - este é um dos sintomas que mais leva aos diagnósticos errados da doença;

  • Mudanças bruscas de humor;

  • Irritabilidade;

  • Dificuldade de concentração;

  • Lapsos de memória;

  • Ansiedade;

  • Perda de prazer - Inicia-se como algo simples, mas gradativamente torna-se evidente - como a perda de prazer por comidas ou atividades que antes gostava de praticar, momentos com a família, etc;

  • Pessimismo;

  • Maior suscetibilidade à doenças - Como o burnout mexe com o físico e também com o psicológico, acaba baixando a imunidade da pessoa, sendo mais suscetível ao aparecimento de outras doenças;

  • Baixa autoestima.

Vale a pena ressaltar que, há manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome, como dores de cabeças, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbio gastrintestinais.

Como identificar?

O Burnout muitas vezes acaba sendo confundido com outros problemas emocionais, isso porque os seus sintomas estão presentes em outras patologias mentais. Sendo assim, é necessário prestar muita atenção nos detalhes, o diagnóstico só deve ser feito por um profissional. Saber identificar a síndrome em determinada pessoa, é importante para ajudá-la e para tornar o seu convívio com a sociedade o melhor possível.

As empresas também têm um importante papel: por meio de avaliações de desempenho, exemplo: os gestores podem verificar mudanças bruscas no comportamento do funcionário e queda em seu rendimento, possibilitando o oferecimento de ajuda e um acompanhamento mais próximo. Em alguns casos, as empresas disponibilizam períodos de descanso ao colaborador, podendo assim se afastar por determinado tempo de seu emprego.

Há alguns países, como Islândia e Espanha, estão realizando testes para reduzir suas jornadas de trabalho para 4 dias semanais, sem alteração em seus salários. De acordo com os resultados obtidos, houve um aumento significativo na produtividade das empresas envolvidas, fora a melhora na vida pessoal do profissional, pois a grande maioria dos funcionários disseram que estão mais felizes e menos estressados durante o período de testes. (Matéria disponibilizada pela Veja)

Como prevenir a Síndrome de Burnout?

A prevenção se dá através de práticas simples e prazerosas, que não acabam exigindo tanto, como por exemplo:

  • Exercícios físicos:

Parte do distúrbio leva a alguns problemas físicos, como por exemplo, a tensão muscular que muitas vezes impede a pessoa de realizar determinada coisa ou atividade. Os exercícios físicos ajudam a liberar toda essa tensão dos músculos, como também, abre a porta para criar uma rotina mais saudável, o exercício físico é um momento de relaxamento e de autocuidado.

  • Ter uma alimentação adequada:

Quando a pessoa tem uma alimentação correta e balanceada, permite que haja uma ingestão maior de nutrientes e vitaminas para o seu dia a dia, com isso, os nutrientes retirados de uma boa refeição ajudarão a repor as energias e, assim, ela acabará se sentindo mais preparada para a rotina.

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  • Usufruir dos momentos de lazer:

Os momentos de lazer e de relaxamento são importantes para a pessoa poder descansar a mente e o corpo. Esses momentos são fundamentais tanto para a prevenção quanto para o tratamento do distúrbio.

  • Menos cobrança:

Um dos maiores motivos que levam ao Burnout é a existência de uma cobrança excessiva de si mesmo. Por isso, não se cobre tanto e entenda que todas as pessoas podem cometer erros, até mesmo você, e tá tudo bem. Errar é totalmente humano e aceitável, você pode aprender com os seus erros, mas não deixe eles mandarem em você! Supere e siga em frente :)

  • Reorganização:

Comece com uma pequena atitude simples de reorganizar os seus dias, suas tarefas do trabalho, suas tarefas de casa, essa organização podem ajudar no momento de pegar mais leve com o trabalho e então manter a calma, pois assim evita que você venha a se sobrecarregar.

  • Aproveite os seus dias de folgas e férias:

As férias existem para que você possa usufruir de momentos de descanso, se desligar do trabalho, conseguir relaxar a mente e o corpo, então aproveite! Todo mundo precisa descansar e acredite, o mundo não vai acabar se você precisa descansar um pouco.

  • Meditação ou YOGA:

Ambos ajudam a controlar o nível de estresse e também faz com que a pessoa reaprenda a respirar, isso tem um poder significativo, pois ajuda a ter o controle dos seus estados emocionais de volta e ficar um pouco longe das exigências externas e internas de imediatismo.

Como lidar com pessoas que sofrem com o Burnout?

O primeiro passo é evitar falar sobre trabalho quando não for necessário, pois a pessoa já está totalmente sobrecarregada com isso, por isso deve-se evitar perguntar sobre o emprego, tarefas ou assuntos relacionados a isso.

Converse sobre assuntos leves e descontraídos, isso ajuda a pessoa a manter o pensamento distante de todos os assuntos e irritações que fazem com que ela se sinta frustrada ou estressada.

Você também pode ajudar convidando-a para passeios, dar uma volta no shopping, ir ao parque, assistir a um filme de comédia, pois assim a pessoa irá ter momentos de lazer e não pensará tanto nas chateações que causam seu distúrbio.

Como tratar a Síndrome de Burnout?

A pessoa precisa ter um acompanhamento adequado para identificar em qual nível está sua síndrome, para assim, poder ter o melhor tratamento e colocar em prática formas que auxiliem no combate do problema.

O Psicólogo indicará formas que ajudem a distrair o paciente, deixando-o mais calmo e aliviando o estresse e toda a tensão que está sentindo, além disso, também seguirá

realizando sessões de forma periódicas de psicoterapia, que são normalmente uma vez por semana. Em casos mais graves, o médico poderá indicar tratamentos baseados em remédios.

Vale ressaltar também, que o diagnóstico do Burnout pode tornar o empregado elegível para o afastamento pelo INSS. Em casos assim, o trabalhador tem direito a uma estabilidade de, pelo menos, 12 meses no seu emprego. Sendo assim, não deixe de se cuidar por medo de demissão!

Os efeitos e duração do tratamento variam de acordo com cada caso e paciente, mas com o acompanhamento psicológico correto, pode ajudar a controlar, minimizar e reverter os efeitos da síndrome de Burnout.

Instagram modelo sobre o assunto: @vencendoburnout

Bibliografias utilizadas:

<https://veja.abril.com.br/mundo/islandia-aumenta-produtividade-com-jornada-de-quatro-dias-por-semana/>

<https://patrocinados.estadao.com.br/medialab/releaseonline/releasegeral-releasegeral/segundo-esquisa-brasil-ocupa-2o-lugar-no-ranking-de-trabalhadores-com-burnout/#:~:text=Segundo%20pesquisa%2C%20Brasil%20ocupa%202%C2%BA%20lugar%20no%20ranking%20de%20trabalhadores%20com%20burnout,-por&text=S%C3%A3o%20Paulo%20%E2%80%93%20SP%20%E2%80%93(DINO,de%20sa%C3%BAde%20logo%20foram%20afetados.>

<https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/sindrome-de-burnout-esgotamento-profissional/>

<https://www.tuasaude.com/sintomas-da-sindrome-de-burnout/>

<https://www.danonenutricia.com.br/adultos/bem-estar/sindrome-de-burnout--sintomas--diag nostico-tratamento>

<https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2022/01/11/sindrome-de-burn out-e-reconhecida-como-doenca-ocupacional-veja-o-que-muda-para-o-trabalhador.ghtml>

Sobre os autores
Gleibe Pretti

Pós Doutorado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina- nota 6 na CAPES -2023) Link de acesso: https://ppgd.ufsc.br/colegiado-delegado/atas-delegado-2022/ Doutor no Programa de pós-graduação em Direito da Universidade de Marília (UNIMAR- CAPES-nota 5), área de concentração Empreendimentos Econômicos, Desenvolvimento e Mudança Social, com a tese: APLICAÇÃO DA ARBITRAGEM NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS, COMO UMA FORMA DE EFETIVIDADE DA JUSTIÇA (Concluído em 09/06/2022, aprovado com nota máxima). Segue o link de acesso a tese: https://portal.unimar.br/site/public/pdf/dissertacoes/53082B5076D221F668102851209A6BBA.pdf ; Mestre em Análise Geoambiental na Univeritas (UnG). (2017) Pós-graduado em Direito Constitucional e Direito e Processo do Trabalho na UNIFIA-UNISEPE (2015). Bacharel em Direito na Universidade São Francisco (2002), Licenciatura em Sociologia na Faculdade Paulista São José (2014), Licenciatura em história (2021) e Licenciatura em Pedagogia (2023) pela FAUSP. Perícia Judicial pelo CONPEJ em 2011 e ABCAD (360h) formação complementar em perícia grafotécnica. Coordenador do programa de mestrado em direito da MUST University. Coordenador da pós graduação lato sensu em Direito do CEJU (SP). Atualmente é Professor Universitário na Graduação nas seguintes faculdades: Faculdades Campos Salles (FICS) e UniDrummond. UNITAU (Universidade de Taubaté), como professor da pós graduação em direito do trabalho, assim como arbitragem, Professor da Jus Expert, em perícia grafotécnica, documentoscopia, perícia, avaliador de bens móveis e investigador de usucapião. Professor do SEBRAE- para empreendedores. Membro e pesquisador do Grupo de pesquisa em Epistemologia da prática arbitral nacional e internacional, da Universidade de Marília (UNIMAR) com o endereço: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2781165061648836 em que o líder é o Prof. Dr. Elias Marques de Medeiros Neto. Avaliador de artigos da Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Editor Chefe Revista educação B1 (Ung) de 2017 até 2019. Colaborador científico da RFT. Atua como Advogado, Árbitro na Câmara de Mediação e Arbitragem Especializada de São Paulo S.S. Ltda. Cames/SP e na Secretaria Nacional dos Direitos Autorais e Propriedade Intelectual (SNDAPI), da Secretaria Especial de Cultura (Secult), desde 2015. Mediador, conciliador e árbitro formado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Especialista nas áreas de Direito e Processo do Trabalho, assim como em Arbitragem e sistema multiportas. Focado em novidades da área como: LGPD nas empresas, Empreendedorismo em face do desemprego, Direito do Trabalho Pós Pandemia, Marketing Jurídico, Direito do Trabalho e métodos de solução de conflito (Arbitragem), Meio ambiente do Trabalho e Sustentabilidade, Mindset 4.0 nas relações trabalhistas, Compliance Trabalhista, Direito do Trabalho numa sociedade líquida, dentre outros). Autor de mais de 100 livros na área trabalhista e perícia, dentre outros com mais de 430 artigos jurídicos (período de 2021 a 2024), em revistas e sites jurídicos, realizados individualmente ou em conjunto. Autor com mais produções no Centro Universitário Estácio, anos 2021 e 2022. Tel: 11 982073053 Email: [email protected] Redes sociais: @professorgleibepretti Publicações no ResearchGate- pesquisadores (https://www.researchgate.net/search?q=gleibe20pretti) 21 publicações/ 472 leituras / 239 citações (atualizado julho de 2024)

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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