Alienação no cenário político brasileiro

27/04/2022 às 09:45

Resumo:


  • A polarização política no Brasil gera um ambiente hostil onde qualquer posição política é criticada, contribuindo para uma alienação generalizada.

  • Os meios de comunicação e redes sociais podem atuar como ferramentas de alienação, influenciando opiniões sem um embasamento crítico adequado.

  • É essencial combater a alienação promovendo o pensamento crítico, com políticas que valorizem a educação e a informação imparcial.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

A absurda polarização do cenário da política brasileira torna o ambiente político em um panorama desagradável, fazendo com que o cidadão jurídico deva optar por um "lado" e, independentemente da sua escolha, será criticado assiduamente, julgado de diversas formas e maneiras apenas por ter um pensamento político diferente do seu crítico. Esse painel de julgamento social exibe de maneira precisa a maneira como boa parte do povo brasileiro detêm uma notória alienação quanto à política.

É imperioso citar que a constante alienação do povo brasileiro, assim como em boa parte do mundo, não se limita apenas ao painel político, haja vista que, como diz a escritora Tatiane da Silva Santos: "a alienação virou modismo no Brasil". Essa alienação ocupa diversas perspectivas, seja no esporte, através de programas televisivos, correntes filosóficas ou dogmas religiosos, afetando bastante o discernimento da população, tornando opiniões que deveriam ser intrínsecas em opiniões moldadas conforme o desejar do "chefe", a figura a ser seguida, o alienador.

Sigmund Freud, médico neurologista e psiquiatra criador da psicanálise, em sua obra "psicologia das massas e análise do eu" exibe que, a fim de fazer parte de uma massa, o indivíduo molda-se ao caráter dessa, tornando-se um alienado à massa em questão. A grosso modo, o painel atual da política que abrange um bom número de cidadãos e cidadãs é o de apegar-se a um determinado partido político a fim de fazer parte de um grupo, uma massa, tornando-se assim um alienado a esse conjunto, relaciona-se bastante com o cenário proposto pelo psiquiatra em sua obra.

Destarte, o ato de alienar-se é bastante prejudicial no âmbito político, não só porque o posicionamento político deve advir da opinião própria do indivíduo, baseado em estudos cujas fontes são imparciais, como também porque ao passo de que o cidadão vá sendo alienado, ele perde seu discernimento. Seus princípios e sua moral são moldados conforme o desejo do seu alienador, e o que for necessário fazer para que essa alienação continue será feito pelos alienadores em questão.

Vale ressaltar que as redes sociais também atuam como objeto de alienação, haja vista que o livre acesso à internet viabiliza a divulgação de pensamentos de indivíduos que procuram divulgar seu pensamento, ainda que infundado, para que diversas pessoas tenham acesso ao mesmo.

Ao viabilizar a divulgação de pensamentos, reportagens e entrevistas, apesar de visar a distribuição da informação, os sites e as redes sociais acabam por funcionar de ferramenta de alienação. Essa alienação ocorre quando determinada pessoa com determinada opinião divulga nas mídias sociais um pensamento que pode, ou não estar correto, com isso, pessoas desinformadas acabam por ter acesso a essa opinião e, a depender do seu posicionamento, pode se tornar alienada a aquela ideia.

É importante citar que diversas pessoas costumam apenas ler a manchete de determinada reportagem e divulgar a informação proposta de maneira rasa, haja vista que essa manchete pode possuir uma informação distorcida do que é de fato real e do que de fato ocorreu em determinada situação. Essa ocasião demonstra como o ato de ser alienado é fácil na sociedade contemporânea, graças a ignorância.

Ademais, é importante citar que: uma prática bem comum dos partidos políticos é a de criticar o seu oponente, buscando denegrir publicamente de maneira direta ou indireta, tanto nas redes sociais como também nas mídias televisivas. Essa tentativa deselegante de obter votos torna o painel da política em uma disputa infantil de homens e mulheres que deveriam exibir grande carga intelectual e sábia. Esse fato supracitado demonstra como os próprios políticos buscam alienar a população, manipulando os eleitores para acreditarem que seu oponente é "mau" e ele é "bom".

Políticos e políticas deveriam buscar enaltecer a si e ao seu partido exibindo propostas necessárias para a população, legitimas e que de fato venham a serem postas em prática, haja vista que no Brasil, infelizmente, é comum determinado representante não realizar as propostas que prometeu realizar em tempos de eleição. Em um país no qual a mídia tem grande poder de influência e que a educação não consegue chegar a todos, os candidatos, seja em época de eleição ou não, ao invés de gastarem tanto tempo e dinheiro em propagandas políticas ou buscando afetar a imagem do seu concorrente ao passo de que a sua é enaltecida, deveriam investir em programas que visem aumentar o índice da educação do povo brasileiro.

No Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 11 milhões de pessoas são analfabetas. Ainda que tenha tido uma queda, com o desenvolver da pandemia do novo coronavírus um novo método de ensino foi abruptamente imposto para os jovens, fazendo com que um grande número de crianças e jovens tenham tido seu ritmo de aprendizado interrompido.

Fato é, com uma população alienada, torna-se mais fácil impor pensamentos, pensamentos esses que podem ser ou não moralmente corretos, a exemplo disso temos movimentos como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha, dois movimentos horríveis, errôneos e desprovidos de senso racional.

Portanto, é de suma importância acabar com a alienação brasileira, não só no painel da política, como também em todos os âmbitos sociais, estimulando o pensamento crítico da população, criando políticas voltadas a demonstrar como o candidato vai solucionar os problemas sociais, demonstrando seus feitos benéficos para a sociedade, ao passo de que sejam eliminados os comportamentos de denegrir a imagem do seu oponente, acabando com disputas infantis de ofensas que procuram eliminar o seu semelhante de uma disputa em que ambos deveriam estar disputando para saber qual teria as melhores soluções para a sociedade, não procurando atribuir a um a imagem de "bom" e ao outro de "mau". Assim, haverá melhores campanhas políticas e, quanto à população, é necessário que haja um amadurecimento na ideia de posicionar-se politicamente, haja vista que o voto de determinada pessoa é exercido com base no pensamento e opinião dela, ainda que hajam debates acerca desse posicionamento, caso não haja nenhum crime de ódio ou que sua moral errada, não se deve julgar o seu semelhante, apenas debater para entender seu viés cognitivo, agregando carga intelectual aos dois ou mais envolvidos na discussão.

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Por fim, vale lembrar a música da banda britânica "Pink Floyd" que, em uma de suas músicas chamada "Another brick in the wall, pt 2", música essa que transmite ao ouvinte uma busca por transformar o sistema educacional, sistema esse que ao invés de motivar as crianças em seu processo de aprendizado, as oprime com exigências alienantes. Aqui apresenta-se a música traduzida para o português:

Another brick in the wall (Mais um tijolo na parede) Pt. 2

Nós não precisamos de nenhuma educação

Nós não precisamos de controle em nossas mentes

Sem humor negro na sala de aula

Professores deixem essas crianças em paz

Hey! professores! deixem essas crianças em paz!

Eu resumo isso é apenas mais um tijolo na parede

Eu resumo você é apenas mais um tijolo na parede

Nós não precisamos de nenhuma educação

Nós não precisamos de controle em nossas mentes

Sem humor negro na sala de aula

Professores deixem essas crianças em paz

Hey! professores! deixem essas crianças em paz!

Eu resumo isso é apenas mais um tijolo na parede

Eu resumo você é apenas mais um tijolo na parede

Sobre o autor
Ary Maximus Ferreira Ramos

Bacharelando em Direito pela Universidade Salvador; Monitor da Unidade Curricular (UC) Contratos e negócios jurídicos durante período do semestre 2023.2, mediante supervisão do Professor Doutor Fábio Santos; Estagiário do Escritório de Advocacia "Dirceu Noguera Filho"

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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