História da Libéria

12/06/2022 às 16:12

Resumo:


  • A Libéria é um país africano com uma história curiosa, fundada por imigrantes afroamericanos no século XIX.

  • Após a independência em 1847, o país enfrentou conflitos internos, passando por guerras civis e tendo líderes controversos como Samuel Doe e Charles Taylor.

  • Ellen Johnson foi eleita a primeira presidente mulher da Libéria e da África, recebendo um prêmio Nobel da Paz; atualmente, o presidente é George Weah, ex-jogador de futebol.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

A Libéria é um país de história curiosa localizada no oeste africano e que surgiu como um país, nos termos ocidentais, durante o século XIX. Atualmente, seu povo é uma mistura das etnias nativas como Bassa, Kru, Gola e Kissi com os imigrantes, sobretudo afroamericanos de origem nos Estados Unidos. Todavia, caso se retroceda-se um pouco na sua história seria visto que durante a idade média vários desses povos se encontravam sobre a influência do antigo reino do Mali. Até que, por volta dos séculos XV e XVI tal império entrou em um estado contínuo de decadência que culminou em seu colapso. 

Ao mesmo tempo, o período que ficou conhecido na história como as grandes navegações teve início e o europeu a cunhar seu nome como novo descobridor tanto do país vizinho Serra Leoa, como da Libéria foi o navegador português Pedro Sintra. A partir de então os portugueses e posteriormente o restante dos europeus passaram a importar do território sobretudo produtos como madeira e pimenta, este que rendeu inclusive o nome de costa da pimenta a região. Durante esses séculos o país se desenvolveu de modo semelhante às demais nações africanas, com grupos divididos em etnias e com os europeus se limitando a explorar a costa.

Do outro lado do Atlântico o Estados Unidos passava por uma série de movimentos a favor da abolição da escravatura e pró-negros e africanos. Dentre os quais merece destaque um movimento liderado por um nacionalita negro em 1811, chamado Paul Cuffee que fundou a sociedade amiga de Serra Leoa(Friendly Society of Sierra Leone). Tal iniciativa tinha por objetivo incentivar a imigração de escravos libertos para Serra Leoa, com a ideia de que no continente mãe, eles se veriam livres da influência de outros povos e poderiam fundar uma sociedade desenvolvida e igualitária. Tendo como modelo uma iniciativa britânica de mandar a população mais pobre de Londres para Serra Leoa, que na época se confundia territorialmente com a Libéria. Nesse sentido, em 1820, o navio MayFlower partiu do porto de Nova York e rumou para a Libéria com 86 futuros colonos, afroamericanos.

O movimento ganhou força com a fundação da American Colonization Society e passou a mandar para o território da atual Libéria cada vez mais norte-americanos. Em decorrência disso, com o incentivo do governo dos Estados Unidos, a Libéria foi fundada aos moldes republicanos e liberais e declarou sua independência em 1847, marcada sobretudo pelo estabelecimento de uma elite américo-liberiana na costa do novo país. Com isso, se inicia uma fase em que uma série de missões religiosas e colonizadoras entraram rumo ao continente de modo a levar a cultura e a civilização aos povos ditos bárbaros da região. Este período ficou marcado por uma série de conflitos entre os américo-liberianos e as etnias locais.

Neste contexto, a Libéria busca aumentar sua influência na região, mas são barrados pela França que controlava a Costa do Marfim e pelo Reino Unido que mantinha o domínio sobre Serra Leoa. Impérios esses que apenas não conquistaram a Libéria, pois esta tinha os Estados Unidos como um aliado próximo que promovia sua proteção. Essa aliança se manifestou de diversas formas como por exemplo na criação de uma base naval norte-americana no país durante a Segunda Guerra Mundial e com os investimentos americanos na construção do porto de Monróvia e do aeroporto internacional de Roberts. 

Nesta perspectiva, com o fim da Segunda Guerra Mundial e a eleição do presidente William Tubman, a Libéria passa por um período de crescimento econômico impulsionado pela indústria da borracha e do ferro. Além disso, uma curiosidade interessante de se mencionar sobre a economia do país é que a Libéria é um dos países mais baratos para a confecção e registro de bandeiras de navios, o que faz com que navios de vários países possuam bandeiras registradas na Libéria e consequentemente isso torna-se hoje em dia uma fonte de renda importante para o país. 

Em prosseguimento ao tema com a onda de industrialização sobre o país, a desigualdade e a corrupção também cresceram. Esses fatores levaram a crescentes tensões entre o governo e a população, tendo como estopim para a crise um ato das forças de seguranças que atiraram em manifestantes contra o governo em 1979, o que resultou na morte de mais de 70 pessoas. Devido a isso, um sargento das forças armadas, chamado Samuel Doe, lidera um golpe militar no ano seguinte e executa o presidente, bem como todo seu gabinete. O governo de Doe foi marcado pela retórica anticomunista com o apoio de Reagan. Ademais cabe destacar que ele foi o primeiro presidente a ser de um dos grupos nativos do país e não um americo-liberiano, o que fez com que ele perseguisse os grupos étnicos que eram inimigos históricos de sua etnia como os Doal e Giu. Contudo, com os anos o país entra em crise novamente, pelos mesmos motivos que levaram a crise passada, Doe é torturado e morto em praça pública. Os grupos insurgentes que derrubam Doe se dividem em três e o país entra em uma guerra civil. 

Em 1995 um acordo de paz é firmado entre os grupos e Charles Taylor, ex-líder rebelde, é eleito presidente, um fato importante do seu governo é o financiamento à guerra civil em Serra Leoa, o que resultou em um movimento interno para derrubá-lo, o que inicia uma nova guerra civil. Em 2003 há o início de conversas de paz e acusam Taylor de ter cometido crimes contra a humanidade durante seu mandato, no mesmo ano ele renuncia. Em 2005, ocorrem novas eleições e Ellen Johnson é eleita a primeira presidente não só da Libéria como da África, ganhadora de um prêmio Nobel da Paz. Por fim, um destaque de seu governo é a extradição de Taylor para Haia(Holanda), haja vista sua condenação a 50 anos de prisão por crimes contra a humanidade, pelo Tribunal Especial para Serra Leoa.

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No presente, a Libéria é governada pelo presidente George Weah, um dos maiores jogadores africanos de todos os tempos. Por fim, é interessante mencionar que a Libéria foi uma das fundadoras da ONU e da Liga das Nações, isso por que ela nunca foi tecnicamente colonizada, apesar dos avanços dos Estados Unidos sobre a região.


Referências

CASA ÁFRICA. Ellen Johnson-Sirleaf. Disponível em: https://www.casafrica.es/pt/pessoa /ellen-johnson-sirleaf. Acesso em: 03 de jun. 2022.

VEJA. Tribunal mantém sentença de 50 anos de prisão contra Charles Taylor. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/tribunal-mantem-sentenca-de-50-anos-de- prisao-contra-charles-taylor/. Acesso em: 03 de jun. 2022.

WIKIPEDIA George Weah. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/George_Weah. Acesso em: 03 de jun. 2022.

Fronteiras invisíveis do futebol #44 Libéria. FIGUEIREDO, F. N.;  PINTO, M. Central3 Podcasts. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/2hliQ1gbfBExA99uAZ61gM .Acesso em: 03 de jun. 2022.

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