Morte. Morrer faz parte da vida orgânica. Fato. Como morrer? Alguns escolhem, como no caso da eutanásia ativa voluntária. Outros, por desesperos, como morte de familiar, perder todos os bens por crise econômica, ou, recentemente, pela pandemia, suicidam-se.
Ninguém escolhe morrer soterrado, concomitantemente, com a família. Fato.
O problema da habitação no Brasil é secular. Guetos se formaram por causa da ideologia racista. Os ex-escravos, sem qualquer caridade da "boa sociedade" formada "pelos bons cidadãos" em síntese, escravocrata , muito menos a atenção do Estado, um reflexo da cultura (escravocrata), tiveram que improvisar: os cortiços.
"Novos vizinhos" se pensarmos, os escravos sempre foram "vizinhos", pois "residiam" dentro das propriedades dos escravocratas , construindo moradias insalubres, feias, malcheirosas; e por serem "inferiores", não eram "boa vizinhança".
Início do século XX, as reformas das vias públicas. Aplicaram-se as eugenias: positiva, no caso de saúde pública; e negativa, com ideologia racista com base em pseudociência, de Francis Galton.
À questão da propriedade privada, como os povos indígenas não tinham escrituras, não colocaram cercas, os "colonizadores" construíram no "Novo Mundo". Desse "Novo", o desenvolvimento da "nova terra", o trazer da "boa cultura", da "verdadeira religião".
Doenças mataram os povos indígenas, também sucederam truculências da "civilização". As forças de segurança tinham que conter os "subversivos", tanto os povos indígenas quantos os escravos e seus descendentes. Tudo para proteger os "bons cidadãos".
Por que não exterminar os "maus cidadãos"? Porque serviam, serviram e, num pensamento futurista macroeconômica, servirão como mão de obra barata sobreviverem com o mínimo existencial. Os párias sociais, como nordestinos, afrodescendentes, ou quem não tinha "sangue azul", viram-se "agraciados" por não serem sumariamente executados, como faziam os romanos com os primeiros cristãos, como ocorreu no Holocausto de Holonodor, no Holocausto nazista, e outros holocaustos sem "importância" histórica, para quem não foi alvo, claro.
Numa Terra Santa, como o Brasil, a "caridade" foi "deixam viver". Aliou-se com "direito natural" à vida. Desse conjunto ideológico, "não matar, mas usá-los como mão de obra semiescrava".
O crescimento desordenado das metrópoles foi um "fechar dos olhos", para os "indesejados", no entanto, "necessários".
"Necessários" para gerarem riquezas. A concepção de "crescimento econômico para, depois, distribuir", sempre foi regra, para quem acreditava em "Deus assim quis", "Salvou-se por Mão de Deus ". Para os opositores, com olhos materialistas, existia uma horrorosa engrenagem racista.
Crescimento econômico e mais crescimento; pouquíssimos ganham, muitos continuam nas mesmas condições de miserabilidade.
Nos anos de 1960 e 1970, que ainda influência gerações do início do século XXI, os psicólogos comportamentais diziam que autoestima era a máxima regra comportamental para o sucesso pessoal, os religiosos também.
"Em algum momento da década de 1960, desenvolver uma autoestima alta ter uma boa autoimagem e se sentir bem consigo mesmo virou moda na psicologia. Pesquisas concluíram que as pessoas que se consideravam admiráveis tendiam a se sair melhor e ter menos problemas. Muitos estudiosos e legisladores da época acreditaram que aumentar a autoestima da população geraria benefícios sociais tangíveis: redução da criminalidade, melhora no desempenho acadêmico, geração de novos empregos, diminuição de déficits no orçamento. Como resultado, a partir da década seguinte, de 1970, práticas relacionadas à autoestima começaram a ser ensinadas aos pais, reforçadas por terapeutas, políticos e professores, além de serem instituídas na política educacional. Por exemplo, as notas de crianças com baixo desempenho eram elevadas artificialmente, para que não se sentissem tão mal. Prêmios por participação em aula e troféus foram inventados para diversas atividades banais ou obrigatórias.
As crianças recebiam deveres de casa inúteis, como escrever as características que as tornavam especiais ou suas cinco maiores qualidades. Pastores e sacerdotes diziam a suas congregações que cada um ali era especial aos olhos de Deus, que todos estavam destinados a se destacar e a superar a mediocridade. Surgiram seminários empresariais e motivacionais entoando o mesmo mantra paradoxal: cada um de nós pode ser excepcional e extremamente bem-sucedido.
Hoje, uma geração depois, temos os resultados para avaliar: não somos todos excepcionais. No fim das contas, se sentir bem consigo mesmo não significa nada, a não ser que você tenha um bom motivo para isso. Hoje, sabemos que adversidade e fracasso são muito úteis e até mesmo necessários para o desenvolvimento de adultos determinados e bem-sucedidos."(MANSON, Mark. A Sutil arte de ligar o foda-se).
A recente nomenclatura "Meritocracia" ressalta o valor do esforço individual. Dessa ideologia do "mundo das ideias", quem não consegue ascensão, por si só, é "incompetente". Os defensores da "Meritocracia" agem contra o Estado social, como nos casos das cotas raciais, Bolsa Família, Auxílio Emergencial, Auxílio Brasil etc. A "equidade" é, então, uma desvalorização da capacidade inata de cada ser humano, por ser todos os seres humanos da espécie humana. Se antes existiam desigualdades entre os seres humanos, apropriado aclarar sobre "diferenças entre raças" compreensão científica não mais aceita em decorrência da Segunda Guerra Mundial , hodierno é o princípio da dignidade humana. Ou seja, há diferenças entre seres humanos, diferenças biológicas, como cor da epiderme, compleição corporal etc. No entanto, tais diferenças, naturais, no sentido de não manipulação genética por parte do ser humano, não ensejam diferenças quanto ao valor, intrínseco, da espécie humana. É a espécie humana "um fim em si mesmo"; um valor inato, oponível a qualquer norma, Estado, comunidades e suas ideologias. Conquanto tal valor é inato, há diferenças entre seres humanos, diferenças biológicas, como cor da epiderme, compleição corporal etc., sem que tais diferenças possam relativizar "um fim em si mesmo".
Por exemplo, dois seres humanos. Um nasceu sem os membros inferiores. É possível considerar que este não tenha nenhuma possibilidade de ingressar em cargo público (art. 37, I e II, da CRFB de 1988)? Não! Dependendo da função que exercerá, a condição física não impedirá de exercer atividade no âmbito da administração pública. Um cadeirante pode ser policial, por exemplo, ao exercer atividade administrativa dentro do batalhão. É a inclusão social (art. 3º, da CRFB de 1988) conjuntamente com a salvaguarda da dignidade (arts. 1°, III, 5°, § 1º, 7°, XXXI, 37, VIII, da CRFB de 1988; e art. 4º, da LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015)
Produzi "Justiça. O Lado Moral da Internet". São mais de vinte artigos, cada qual com temas diferentes. Nas redes sociais há vídeos de seres humanos: sem os dois membros superiores; sem os dois membros inferiores etc. Nos vídeos, as superações pessoais. Isto é, por exemplo, "segurar" uma colher, com os dentes, e preparar o próprio alimento. "Viralizou"!
Os leitores podem perguntar:
O que tem a ver com o título?
Digo:
Muito!
Vivenciamos tempos de extrema apatia, extremo racismo, ataques sistêmicos contra o Estado Democrático de Direito. Operadores de Direito, quando exercem suas profissões, são atacados, virtualmente, por defenderem "bandidos", por promoverem o "Estado do bem-estar social dos parasitas".
Pelo estado de animosidade contra os direitos humanos no Brasil, não é difícil compreender que os moradores de tais localidades, com deslizamentos, são os únicos culpados por ali estarem. Não é incomum escutar de gestores públicos que a culpa é exclusiva de quem edificou sem obedecer a "os trâmites legais ", ou seja, sem observância do Código de Obras e Edificações Municipal.
Outros gestores dizem que não há como fiscalizar, eficientemente, por escassez de agentes, de equipamentos como drones. Há municípios, realmente, com orçamentos escassos e pouquíssimas agentes necessários para fiscalizações. Porém, se pensarmos na eficiência administrativa, é possível as Prefeituras fazerem parceiras com moradores regulares para fiscalizarem obras, edificações. A responsabilidade é do Estado e da sociedade quanto ao meio ambiente, à sociedade justa, à segurança etc. recomendo ler PARTICIPAÇÃO POPULAR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, de Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
Pessoas de má-índole vendem terrenos como se fossem seus. Tramoias entre agentes públicos e particulares ocorrem, e construções irregulares erguidas. Fiscalizar é exercício da vida cívica, e não de "intrometido (a)". A virtude do coletivismo se consolida pelo exercício da vida cívica.
É comum ouvir "Quanto ganha?" , quando cidadão exerce sua vida cívica. Transformar-se, quando "só fazer quando ganhar ($)", em sociedade de mercado.
Alguém deixará de socorrer uma criança estuprada se não ganhar algo em troca?
Da fiscalização cívica, evitam-se construções ilegais, desmatamento ilegais etc. A comunidade ganha, conjuntamente com a Prefeitura. Quando ocorre deslizamentos em áreas construídas, ilegalmente, mortes ocorrem, assim como sequelas físicas nos sobreviventes. Os gastos públicos, com os desastres, vão desde medicamentos, hospitalizações, indenizações por omissão do Estado, obras de contenções etc.
A culpa do Estado ocorre pela sua omissão por não fiscalizar, por saber dos riscos e nada fazer.
Com as construções regulares, isto é, em obediência ao Código de Obras, há segurança para os moradores, o turismo não é afetado pelo medo dos turistas quanto às suas vidas.
É verdade, pela ciência, e não pelos "achismos", ou por cientistas pró-lobby, que o clima não é mais o mesmo. Não adianta falar culpa do ser humano ou causas naturais, a dignidade humana tem prioridade e urgência. Gestores públicos devem, com os seus assessores, pensarem, preventivamente, sobre áreas de riscos. Ocorre, infelizmente, interesses voltados para áreas com IPTUs elevados. Os moradores querem qualidade por pagarem caro. Temos, então, uma gestão de mercado, não uma gestão pela dignidade humana. Entre a probabilidade maior de desabamento e necessidade de construir ciclofaixa, qual é urgente?
O Código de Trânsito Brasileiro ( CTB), no Capítulo III, elenca regras de trânsito. Será necessário regra, criada pelo Estado, para manter distância, mínima, do condutor motorizado para o não motorizado ciclista? O bom senso, da vida cívica, faz com que o motorista, de automotor, não tire um "fino" do ciclista para este não cair, não perder o controle.
Se a pista de rolamento é larga, suficiente, para o distanciamento entre os motoristas, a ciclofaixa, que exigem gastos, com pessoal, maquinário etc., não tem tanta urgência. Tem urgência o deslocamento de moradores de áreas de riscos, as contenções de encostas etc.
No entanto, infelizmente, numa sociedade desigual, por motivos racistas Meritocracia também possui o viés racista, não de brancos contra negros, mas, simplesmente, entre seres humanos , imperam interesses voltados para os ganhos pessoais. Para alguns gestores, o governar de certa região necessita de votos de moradores de áreas nobres, de lobistas.
Ora, o gestor público necessita de tributos, e estes são angariados por meio de recolhimentos de áreas com maiores arrecadações (maior valor). Por pagarem, os cidadãos exigem mais. Nada mais justo o exigir. Não obstante, como exemplificado, entre faixa para ciclistas e segurança dos moradores de áreas de risco, tanto o gestor quanto os moradores do município devem participar da gestão pública.
Pensar em "cada um cuida de seu problema" fomenta e perpétua a "virtude do egoísmo", em desconexão com os objetivos da Constituição Federal do Brasil de 1988 ( CRFB de 1988).
Do caos da habitação no Brasil, por diversos fatores, desde racismo, milicianos e vendas irregulares, corrupção passiva, pessoalidade dos gestores, "virtude do egoísmo", mortes ocorrerão. Manchetes serão produzidas, quais os efeitos emocionais e psíquicos? Para as vítimas, os piores possíveis. Para os ouvintes e telespectadores, também os piores possíveis. Não obstante, o cérebro humano criar mecanismos para negar a dor. A normose é gerada. Mortes e sequelas por desastres, desde desabamentos, acidentes de trânsito etc., não provocam impactos negativos, no sentido de revolta, perplexidade, raiva, tanto nas vítimas quanto nos ouvintes e telespectadores. "É a vida, nada se pode fazer!", e a única solução é se adaptar, emocional e psiquicamente, para a vida como ela é. Essa adaptação faz com que os brasileiros pensem e se comportem pela virtude do egoísmo. Simples, o instinto de conservação. Cada brasileiro cuidará de si, cada família brasileira somente visará a si mesma, sem qualquer importância com outras famílias no território brasileiro. É "letra morta" a redação da norma do art. 3° da CRFB de 1988.
Indico leitura, da publicação, no site da Organização das Nações Unidas (ONU), de Estratégias nacionais e locais para redução do risco de desastres são tema de dia internacional.