A GUERRA DO AFEGANISTÃO - EUA 2001-2021
A Guerra do Afeganistão teve inicio em 07/10/2001[12] , com a liderança dos Estados Unidos da América, com a contribuição militar da Organização Armada Mulçumana da “Aliança do Norte”, do Afeganistão, adversários dos Talibãs, e de outros países ocidentais como a Grã Bretanha, França e Canadá, contra o Regime do Talibã, que dominava o Afeganistão. Diga-se que, à revelia das Nações Unidas, que não autorizaram uma ação militar no território afegão, no dia 07/10/2001, os EUA invadiram o Afeganistão para uma vingança aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, orquestrados pela Al Qaeda, e o objetivo principal da Operação, era capturar o Líder Osama bin Laden e punir o Talibã, por fornecer abrigo aos líderes do Grupo Terrorista.
A Al-Qaeda (A Base) é uma organização fundamentalista criada no Paquistão, no final da década de 1980, e seu surgimento teve relação com a Guerra do Afeganistão, de 1979, e na luta dos muçulmanos contra os soviéticos, eteve Osama bin Laden como um de seus fundadores.
Mais uma vez, de forma semelhante do que ocorreria no Iraque em 2003, a invasão do Afeganistão, em 07/10/2001, liderada pelos Estados Unidos da América, foi à revelia das Organização das Nações Unidas, que não autorizaram a invasão do país, o que coloca em dúvida a autoridade dessa instituição internacional, bem como, a constatação da ousadia dos EUA e da Grã-Bretanha, como membros integrantes do Conselho de Segurança (CS), de agirem de forma arbitrária, obedecendo apenas aos seus próprios e únicos interesses políticos e econômicos, sem qualquer respeito ao posicionamente dos demais 193 países que compõem a ONU.
A invasão do Afeganistão, pelos Estados Unidos da América - EUA, ocorreu após os ataques de 11 (onze) de setembro de 2001, às Torres Gêmeas em Nova York, apoiado por países aliados próximos. O conflito também foi conhecido como Guerra dos EUA no Afeganistão. Os objetivos públicos para a invasão dos EUA, eram desmantelar a Al-Qaeda e negar-lhes uma base segura de operações no Afeganistão, removendo o Talibã do poder. O Reino Unido foi um aliado fundamental dos EUA, oferecendo suporte para a ação militar desde o início dos preparativos para a invasão. Em dezembro de 2001, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, criou a Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF), para supervisionar as operações militares no país e treinar a Força de Segurança Nacional Afegã.
Em agosto de 2003, a Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN, envolveu-se como uma aliança, que assumiu o comando da International Security Assistance Force - ISAF (Força Internacional de Assistência à Segurança), para ajudar a manter a segurança no Afeganistão e ajudar a administração do Presidente Hamid Karzai, da Administração Transitória do Afeganistão entre 2004 até 2014.
Diga-se que, a Al-Qaeda é uma Organização Fundamentalista Islâmica Internacional, fundada em meados de agosto de 1988, por Osama Bin Laden, Abdullah Azzan e vários outros combatentes da Guerra Soviética-Afegã de 1979-1989, constituída por células colaborativas e independentes, que visam disputar o poder geopolítico no Oriente Médio. Após 10 (de) anos de caçada, a Central Intelligence Agency - CIA[13] localizou em 02/05/2011, o fundador e ex-líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, morando em uma casa, na região da Academia Militar do Paquistão. Em missão secreta, na calada da noite, o Team 6 dos Seals (mariners), uma Força Especial da Marinha dos Estados Unidos, entrou no espaço aéreo paquistanês, violando, inexoravelmente, a soberania do Paquistão, e invadiu o esconderijo e Bin Laden e matou o Líder terrorista. O Governo e as autoridades de Segurança do Paquistão, paradoxalmente, na oportunidade, não se pronunciaram sobre a divulgação do relatório da CIA.
O Talibãs (estudantes), é um grupo religioso fundamentalista da primeira metade da década de 1990, e foi organizado por rebeldes, que haviam recebido apoio dos EUA e do Paquistão, para combater a presença soviética no Afeganistão, que durou de 1979 a 1989, em meio à Guerra Fria.
Entretanto, após de 20 anos de ocupação no Afeganistão, os EUA, deixaram o país em 30/08/2021, conforme afirmado pelo Presidente norte-americano Joe Badin[14] .Neste período (2001-20021), prevaleceu a República Islâmica do Afeganistão. Mas, antes mesmo da operação de retirada ser concluída, os Talibãs já assumiram o controle da capital, Cabul. O Talibã, é um grupo religioso fundamentalista da primeira metade da década de 1990, e foi organizado por rebeldes que haviam recebido apoio dos Estados Unidos e do Paquistão, para combater a presença soviética no Afeganistão, que durou de 1979 a 1989, em meio à Guerra Fria. A chegada ao poder pelos Talibãs, se consolida em 1996, com a tomada da cidade de Cabul, capital do Afeganistão e lá permaneceram, instituindo-se o Emirados Islâmico do Afeganistão, até a invasão dos EUA em 2001.
Como a República Afegã dependia imensamente da ajuda econômica, militar e humanitária dos norte-americanos, e, quando os EUA começaram a se retirar do pais, em 2020, o Exército Afegão, entrou em colapso, e o Governo central começou a ruir. O Presidente Ashraf Ghani que governou o pais desde 2014, abandonou o Afeganistão em 15 de agosto de 2021, após o Talibã capturar a capital, Cabul.
Assim, não obstante todos os esforços empreendidos pelos norte-americanos, para vencer o conflito, tal intento, não se consolidou na sua plenitude, embora, em 02 de maio de 2011, os EUA, anunciavam a morte do terrorista Osama Bin Laden, ex-líder da Al Quaeda, um dos objetivos da invasão ao Afeganistão. O outro objetivo, era destituir o Grupo Talibã do poder, que foi conseguido, por um período (2001-2021), mas que, retornaram em 30/08/2021. Essa invasão teve elevados custos.
Conforme estudos da Universidade Brown, instituição de ensino superior privada norte-americana, localizada em Providence, Rhode Island, EUA, entre custos diretos e indiretos, a Guerra dos EUA no Afeganistão representou o montante de US$ 2,2 trilhões. Do outro lado, o custo foi bem mais alto, pois, mais de 47 (quarenta e sete) mil civis e 66 (sessenta e seis) mil militares afegãos morreram nesses 20 (vinte) anos de guerra. O custo da Guerra, se consolida com 2.461 militares norte-americanos, e mais de 20.000 feridos. Mais de 450 britânicos foram mortos, assim como, centenas de soldados de outras nacionalidades.
3.1 A SAÍDA DOS EUA DE SAIGON (HOJE, HO CHI MINH) EM 30/04/1975
A Guerra do Vietnã[15] . A Guerra do Vietnã foi um conflito armado que começou no ano de 1959 e terminou em 1975. As batalhas ocorreram nos territórios do Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Laos e Camboja. Esta guerra pode ser enquadrada no contexto histórico da Guerra Fria. A Guerra do Vietnã foi um dos maiores confrontos militares envolvendo capitalistas e socialistas no período da Guerra Fria. Opôs o Vietnã do Norte e os guerilheiros pró-comunistas do Vietnã do Sul, conhecidos como vietcongs (sul vietnamitas comunistas), com o apoio da URSS, contra o Governo pró-capitalista do Vietnã do Sul e seu aliado, os Estados Unidos da América.
Estima-se que aproximadamente 3 (três) milhões e meio a 4 (quatro) milhões de vietnamitas dos dois lados morreram, além, de outros 2 (dois) milhões de cambojanos e laoscianos, arrastados para a guerra com a propagação do conflito, além dos cerca de 58 mil soldados dos Estados Unidos. A derrota dos EUA evidenciou o fracasso da política norte-americana na Ásia e acarretou a reformulação, no Governo Nixon ( 1969-1974), da política externa no Oriente. Com isso, os norte-americanos buscaram uma maior flexibilidade e novos parceiros, destacando a aproximação com a China comunista.
Os EUA gastaram cerca de US$ 200 bilhões com o movimento bélico e lançaram 1(um) milhão de toneladas de bombas por ano. Em agosto de 1995, 20 (vinte) anos após o fim da guerra, os EUA, reataram relações comerciais com o Vietnã, ainda hoje um dos países socialistas, mais pobres do mundo.
Relembre-se que em 30/04/1975, enquanto tropas do Vietnã do Norte invadiam Saigon, o pânico reinava na embaixada dos EUA na cidade. A saída dos EUA, do Vietnã, denominada Operation Frequent Wind (Operação Vento Constante), ocorreu de forma apressada, sendo que os helicópteros dos EUA, realizavam voos ininterruptos, entre o Porta-aviões USS Midway (CVB/CVA/CV-41)[16] , da Classe Midway, de 64.000 toneladas e 296m de cumprimento, e a capital Saigon (hoje, Ho Chi Minh), para evacuar militares norte-americanos, cidadãos estrangeiros e sul vietamitas. Além dos cidadãos dos Estados Unidos, foram poucos os que tiveram acesso ao heliporto sobre o prédio da Embaixada norte-americana, última chance para fugir de Saigon naquele dia 30 de abril. Portanto, o pânico reinava na embaixada dos EUA e o conflito representou a maior derrota militar da história dos EUA.
Saigon (hoje, Ho Chi Minh), capital do então, Vietnã do Sul, em 30 de abril de 1975: um helicóptero dos EUA, tenta retirar civis da cobertura do prédio da Embaixada dos EUA. Credito Imagem: Getty Imagens[17]
3.2.A SAÍDA DOS EUA DE CABUL, EM 30/08/2021.
“Estou aqui para anunciar o término de nossa missão no Afeganistão, disse o General Kenneth McKenzie, comandante da Operação”. No dia 30/08/2021, às pressas, o último Boeing C-17 Globemaster III, um avião de transporte militar, desenvolvido para a Força Aérea dos EUA, pela McDonnell Douglas, decolou às 15h29”, do aeroporto da cidade Cabul, no Afeganistão, lotado com militares norte-americanos e cidadãos estrangeiros e afegãos, com destino ao Catar.
Boeing C-17 Globemaster III preparando para decolagem em Cabul, Afeganistão, com destino à Base Aérea de Al Udeid, no Catar - Oriente Médio, lotado com militares norte-americanos e cidadãos estrangeiros e afegãos. Credito Imagem- BBC News[18] .
Mais de 600 civis subiram a rampa de carregamento semiaberta do avião, em pânico; eles desembarcaram com segurança no Catar (Foto: US AIR MOBILITY COMMAND via BBC) - Credito Imagem BBC News[19] .
O Talibã, que é um movimento fundamentalista islâmico nacionalista, que, efetivamente, governou o Afeganistão entre 1996 a 2001, apesar de seu governo ter sido reconhecido, na oportunidade, por apenas três países, os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita e o Paquistão, no dia 30/08/2021, novamente, tomou o poder, na cidade de Cabul e de todo Afeganistão, hasteando a nova bandeira do Emirado Islâmico do Afeganistão. A liderança do grupo Talibã, é de Mawlawi Hibatullah Akhundzada, que está na liderança até hoje. Apesar de Akhundzada ser Líder Geral do Talibã, quem mais aparece, publicamente, é Mullah Abdul Ghani Baradar, um dos fundadores do grupo e seu Chefe Político.
Bandeira do atual Emirado Islâmico do Afeganistão - 2021. Crédito de Imagem: Dreamstime [20] .
Na oportunidade, o Ministério das Relações Exteriores (MRE)[21] na oportunidade informou que no dia 30/08/2021, que conseguiu retirar mais um brasileiro do Afeganistão, por meio de gestões diplomáticas. Este é o segundo cidadão brasileiro a deixar o país na Ásia Central, após a queda do Governo apoiado por Forças Ocidentais e a volta do Taleban ao poder. Segundo o Itamaraty, ele deixou o Afeganistão no domingo, dia 29, por terra, em direção ao Paquistão, país de fronteira. A operação foi coordenada entre a Embaixada brasileira em Islamabad e o Governo Paquistanês. O Brasil não tem representação diplomática em Cabul, a capital afegã, apenas um Consulado Honorário em Cabul. A Embaixada de Islamabad é cumulativa com a de Cabul. O governo estudava como atender pedidos de nacionais afegãos que tenham visto de residência no Brasil, para deixar Cabul.
Diga-se que, no dia 21/08/2021, o Deputado e Presidente da Comissão de Relações Exteriores, Aécio Neves, encaminhou ofício ao Ministérios da Justiça e Segurança Pública e ao Itamaraty solicitando a concessão de vistos humanitários a afegãos. A ideia é que as Embaixadas brasileiras em Islamabad e Teerã, localizadas nos dois países que mais recebem refugiados afegãos, processem e emitam os vistos. De acordo com dados do Comitê Nacional para os Refugiados - CONARE, o país já reconheceu 162 refugiados afegãos. Desde 2016, foram 88, com recorde registrado em 2020, quando 30 pedidos foram aceitos. Neste ano, 2 (dois) afegãos foram reconhecidos. Ainda de acordo com o CONARE, nenhum pedido foi registrado desde 30/08/2021, quando o Talebã tomou o poder.
Segundo as autoridades dos EUA, mais de 123 mil pessoas, foram retiradas do Afeganistão nas últimas semanas, até 30/08/2021, incluindo cidadãos norte-americanos, afegãos e outro estrangeiros, que trabalharam para as Forças Estrangeiras, nas últimas duas décadas.