OLIVEIRA E SILVA, Martim Francisco; SILVA, Jorge Ferreira da; MOTTA, Luiz Felipe Jacques da. A vantagem competitiva das nações e a vantagem competitiva das empresas: o que importa na localização? RAP Rio de Janeiro 46(3):701-20, maio/jun. 2012.
1. Os autores
Martim Francisco de Oliveira e Silva é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Jorge Ferreira da Silva é professor associado e coordenador de Pós-Graduação em Administração de Empresas da PUC-RJ. Luiz Felipe Jacques da Motta é professor de finanças do Departamento de Administração da PUC-RJ.
2. O problema levantado, a contextualização e a amostragem
Os autores buscam a relação entre a riqueza das nações e de suas respectivas empresas: O desempenho de empresas está relacionado ao conceito de vantagem competitiva [...] e a prosperidade dos países se associa ao conceito da vantagem competitiva das nações [...]. Ambos os temas, a vantagem competitiva das empresas e a vantagem competitiva das nações, têm sido amplamente estudados, mas a pesquisa acadêmica associando ambos ainda é escassa, em especial a apoiada em uma ampla base empírica (OLIVEIRA E SILVA et al., 2012, p. 702).
Assim, devido a essa escassez de estudos, resolveram eles investigar melhor o tema, buscando estudar não apenas a importância do país de origem, como efetuado por Brito e Vasconcelos (2005), Chen (2008), Furman (2000), Hawawini e colaboradores (2004) e Makino e colaboradores (2004), mas também indicar quais seriam as variáveis presentes em tais nações, sejam elas de natureza social, política, econômica ou mesmo culturais, que se relacionariam ao desempenho das empresas individuais, com a seguinte pergunta: As variáveis associadas à competitividade das nações influenciam o desempenho das empresas em seus países? (OLIVEIRA E SILVA et al., 2012, pp. 702-703).
Partindo do pressuposto de que quanto mais competitivo é um país, maior a produtividade de seus recursos humanos e do capital e, em decorrência, do retorno dos investimos de suas empresas (OLIVEIRA E SILVA et al., 2012, p. 707), os autores elaboraram a seguinte hipótese: Quanto maior a competitividade dos países, segundo seus indicadores de competitividade, melhor o desempenho sustentável de suas empresas, em termos de seu valor de mercado/valor contábil ajustado por sua volatilidade (OLIVEIRA E SILVA et al., 2012, p. 707).
Para comprovar sua hipótese, os autores tiveram como amostra 49 nações, desenvolvidas e emergentes, segundo a lista anual de competitividade elaborada pela WEF e pela base de dados MSCI (responsável por fornecer informações sobre os mercados financeiros). Os países estudados foram: Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, República Checa, Dinamarca, Egito, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hong Kong, Hungria, Índia, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Coreia do Sul, Malásia, México, Marrocos, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia, Portugal, Rússia, Cingapura, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Taiwan, Tailândia, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e Venezuela.
3. Análise dos dados
Analisando os dados, os autores perceberam entre cada um dos indicadores de competitividade e o desempenho das empresas e nações, atestando que nas nações mais competitivas há uma prática maior de contratações do que de demissões. Chamam a atenção para a associação positiva entre a Intensidade da concorrência local e o desempenho das empresas, que apresentou um valor do coeficiente de determinação ajustado R2 de 34,1%, como indicado na tabela 1:
Para eles, O indicador de competitividade Sofisticação dos compradores associa-se ao construto Condições de demanda do Diamante de Porter (1990), à educação e à cultura exigente da população de uma nação. Como descrito por Porter (1990), ao identificar, se expor e servir a compradores locais experientes que possuam necessidades complexas e pioneiras, as empresas são pressionadas a se orientar para o mercado, descobrir novas soluções, atender a padrões elevados de consumo, melhorar seus produtos e investir, adotando esforços de melhoria contínua permanente como uma estratégia determinante do desempenho no longo prazo. A associação entre a variável Sofisticação dos compradores com o desempenho sustentável das empresas se opõe ao paradigma da Organização Industrial, que preconiza que a empresa deve evitar a concorrência, buscando um ambiente estável, sem compradores que demandem maiores níveis de qualidade e garantias, o que aumentaria os custos para competir sob a forma de investimentos e despesas (OLIVEIRA E SILVA et al., 2012, pp. 712-713).
4. Resultados
Após análise dos dados levantados, os autores confirmaram a hipótese inicial: Os resultados dos testes estatísticos mostraram que os indicadores de competitividade dos países se associaram à medida de desempenho valor de mercado/valor contábil ajustado pela sua volatilidade, corroborando a hipótese H1. O modelo testado chegou a explicar 48,1% da variância do desempenho das empresas com três variáveis independentes: Sofisticação dos compradores, PIB e Compras governamentais de produtos com tecnologia avançada (OLIVEIRA E SILVA et al., 2012, pp. 712).